CAPÍTULO 60 - Medo

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CATERINE NATALIE CHERNYY.

LITERALMENTE PISEI EM MERDA. BOM, NA VERDADE, TROPECEI EM UM SEGUNDO TITÃ, MAS para mim era o mesmo que bosta, até porque era um velho conhecido. Depois de entrarmos na tempestade de sombras sinistra, avançamos pela escuridão com dificuldade que mais pareciam horas, contando apenas com a iluminação natural do bronze celestial de Perseu e com Bob, que brilhava levemente no escuro na sua cor prateada, me lembrando uma estrela que brilhava timidamente no céu noturno.

Rochas gigantescas surgiram do nada. Poços apareciam de repente diante dos meus pés e por pouco não cai. Rugidos monstruosos ecoavam nas trevas mais adiante, mas não sei de onde vinham. Só o que tenho certeza era que o terreno continuava em declive, indo para baixo. Essa era a única direção do Tártaro. E também só consigo ver um pouco mais do que um metro à minha frente, o que me deixava bem puta e frustrada — o que caralhos tinha de diferente na escuridão aqui?! Mas antes de eu ter tropeçado na merda, Perseu e eu trocámos um papo super amigável sobre morte e seus vários aspectos.

— Meu sonho foi meio diferente... — Sussurrei para meu namorado.

Sirius ainda estava com Bob, encolhido nos cabelos prateados do titã no alto de sua cabeça. O filho de Poseidon não tinha saído do meu lado, Contracorrente em punho à sua frente, esperando qualquer tipo de ameaça. E sua outra mão em meu pulso, bem em cima de minhas veias que pulsavam com meu batimento cardíaco — parecia que o garoto tinha criado um hábito inconsciente disso, de sentir minha pulsação. Perseu fez a mesma coisa quando acordei a poucos minutos e quando nós comemos rosbife e meio cachorro-quente lado a lado. Fico atenta a esse novo hábito dele...

— Diferente como? — perguntou Perseu, quase sem voz, virando o rosto bonito e exausto para me encarar.

Torço meu nariz em aborrecimento, lançando um olhar mal-humorado para meu namorado.

— Você está exausto. — Apontei, crítica. — Por que não me acordou, Perseu? Não é de ferro, nesse lugar precisa estar descansado para sobreviver, não vou conseguir defender nós dois com você roncando em cima de mim.

Perseu deu de ombros, aumentando seus dedos sobre meu pulso.

— Você estava tão linda dormindo encolhida, não quis te acordar. E estou bem, Caterine, posso cuidar de mim mesmo...

— Mas não devia. — Interrompi-o, desfazendo seu aperto sobre meu pulso e entrelaçando nossas mãos. Perseu mordeu os lábios, fazendo círculos com seu dedo sobre minha cicatriz. — Estamos juntos, Perseu, um cuida do outro. É assim que funciona. E outra, estou parecendo uma mendiga.

O filho dos mares sorriu de canto, uma mistura de sorriso bondoso e amoroso expressava seu semblante cansado. O garoto se inclinou, beijando meus cabelos com carinho e apertando minha mão — seus dedos longos cobriam quase toda o torso da minha cicatriz.

— Eu sei, amor, cuidamos um do outro. — Sussurrou ele. — E você é a mendiga mais bonita que existe. Então... o sonho diferente?

Faço uma careta, tomando cuidado com uma bolha translúcida que tinha uma dracaenae se regenerando. Me voltei para Perseu, mordendo meus lábios e começo a contar meu sonho — minhas piores lembranças, a forma como perambulei no reino de Morfeu, como fui parar no Argo II e presenciei uma briga feia entre meu irmão e Jason. Mas não lhe falo da escuridão que me engolia no final do sonho... Talvez não seja nada, mas... quando não era? Porém, se eu contar sobre essa escuridão que estava me apavorando...

Perseu franziu a testa, perdido.

— Como foi que Nico e Hazel te viram?

— Hum... o que sabe sobre projeção astral? — perguntei. Perseu ficou ainda mais confuso e revirei meus olhos, dando um peteleco em sua testa. — Quando sairmos daqui vou te falar tanta informação sobre o que sei, que ficará mais nerd do que eu, Perseu...

BRILLIANT DEATH • Percy Jackson •Onde histórias criam vida. Descubra agora