CAPÍTULO 62 - Sonho

125 15 60
                                    

______________________________

CATERINE NATALIE CHERNYY.

ACONCHEGANTE. NUNCA PENSEI QUE DESCREVERIA UM LUGAR DO GRANDE ABISMO DO TÁRTARO ASSIM, MAS ERA A VERDADE. O lar improvisado de Damásen era do tamanho de um planetário feito de ossos, lama e pele de drakon, e ainda assim era aconchegante. No centro queimava uma fogueira feita de ossos e piche; apesar disso, a fumaça era branca e sem cheiro, e saía através da abertura no meio do teto. O chão estava coberto com grama seca do pântano e uns trapos de lã cinza. De um lado havia uma cama enorme feitas de pele de carneiro e couro de drakon. Do outro, penduradas em prateleiras e ganchos havia plantas secando, couro curtido e o que pareciam tiras de carne seca de drakon. Todo o lugar cheirava a ensopado, fumaça, manjericão e tomilho. Havia um rebanho de carneiros amontoados em um curral nos fundos da cabana — eles deviam estar sentindo meu cheiro da morte, pois se mantinham os mais afastados que conseguiam e baliam apavorados.

— Eu... hum, desculpe por assustar seus carneiros. — Murmurei para Damásen, caminhando atrás de Bob que colocava Perseu na cama gigante, ele praticamente desaparecia no meio da lã e do couro. — Os animais não gostam de mim, meu cheiro de morte os afasta...

Mas o gigante estava ocupado preparando algo. Sirius saltou para a cama, deitando-se em cima do peito do filho de Poseidon. Bob Pequeno saltou também, se enfiando nos cobertores, ronronando com tamanha força que a cama passou a tremer e os cabelos azeviche do meu namorado acompanhavam o som estrondoso. Andei até Perseu, invocando sombras para subir na cama alta — me sentei na cama, erguendo delicadamente a cabeça dele e colocando em meu colo, passando meus dedos por seus cabelos embaraçados e observando o gigante anti-Ares. Damásen foi até a fogueira, jogou carne de drakon em uma panela pendurada que parecia ser feito com crânio do velho monstro, então pegou uma concha e começou a mexer.

— Hum, isso não é um desafio para você, é? — perguntei, analisando como o gigante era delicado para alguém tão grande. — Sei que é muito bom com venenos. Fazia e os vendia para os mortais quando estava lá em cima, vivendo...

Dámasen me encarou, franzindo a testa e as grossas sobrancelhas. Conheci muitos humanoides assustadores e assassinos, mas sei que com Dámasen era diferente. Não sou alheia aos mitos, principalmente ao dele. Mas não posso ignorar que o gigante irradiava amargura e pesar, como se estivesse afogado na própria infelicidade que se ressentia até ser tirado por minha causa, por estar fazendo-o dar atenção a outra coisa senão a própria desgraça.

— Meu namorado está morrendo. — Insisti, nervosa. — Posso sentir a alma dele abandonando o corpo, está mais perto do Mundo Inferior a cada segundo. Sei que pode fazer uma curar para o sangue de górgona. Acho que não há veneno que seja fora dos seus talentos curativos. Li tudo sobre você e...

Damásen me olhou curioso.

— Leu sobre mim? — perguntou ele.

Engoli a seco, puxando sem querer os cabelos de Perseu e fazendo-o resmungar em seu delírio.

— Você é meu mito preferido. — Admiti, tímida para o gigante. — Sua história... gosto dela. Admiro ela.

O gigante, porém, fechou a cara, olhando-me feio.

— Admira minha história? Você, uma humana pequeninha que é a única razão desse garoto ainda estar vivo, pois é óbvio que ele ainda resiste ao veneno por você, chegou arrastando seu humano quase morto em meu pântano. Sabe minha história e ainda assim me admira? — perguntou ele, zombeteiro. — Deveria procurar outros pelo qual tiver algum tipo de admiração. Coloque sua atenção neles, merecem mais do que eu.

BRILLIANT DEATH • Percy Jackson •Onde histórias criam vida. Descubra agora