CAPÍTULO 13 - Verde cristalino

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CATERINE NATALIE CHERNYY

A BATALHA DO LABIRINTO.

ABRIL DE DOIS MIL E NOVE. ALGUM LUGAR DE PHOENIX, NO ARIZONA.

SINTO AS VOZES DOS MORTOS fazerem cócegas em meus ouvidos enquanto caminho pelas sombras. O frio familiar desse tipo de viagem abraça meu corpo, e me sinto confortável. Uma mão agarrava meu braço com firmeza, não se sentido confortável como eu. Posso sentir as sombras grudando em minha pele como verdadeiros parasitas e, sei que se usar este tipo de magia demais em um só dia, irei desmoronar molecularmente e me unir as sombras dos mortos. Literalmente. Minha companheira de viagem aperta ainda mais fortemente meu braço quando finalmente saímos das trevas. O sol de Phoenix me cega por um momento.

Nós havíamos saído na sombra de uma árvore. Respirei fundo, tentando afastar a fadiga da viagem das sombras e me sentei de qualquer jeito no banco público da capital.

— Eu odeio sol. — Resmunguei. — E odeio mais ainda que me aperte assim, Annabeth.

— E eu odeio esse tipo de viagem, Cate. — Reclamou Annabeth, sentando-se ao meu lado.

Sorri irônica e lhe dei o dedo do meio. Ganhei um tapa na nuca e um pedido de "Seja comportada". Minha cara devia estar emburrada porque a garota loura riu de mim. Annabeth Chase e eu sermos amigas é algo que não entendo até hoje. Em umas das minhas visitas ao acampamento para conversar com Quíron a respeito das fofocas dos mortos no Mundo Inferior sobre Cronos, me encontrei com a filha de Atena na sala de recriação. Annabeth Chase estava com sua típica postura exemplar e mandona, me encarando como se eu fosse um burrito de três dias. Por algum motivo, a conversa sobre os planos diabólicos do titã louco se tornou sobre livros que gostamos e, quando critiquei o livro de Crepúsculo, Annabeth enlouqueceu e pulou em cima de mim (a provoquei além do limite, então em parte a culpa era minha). E logo nos duas estávamos rolando pela Casa Grande, mas não nos machucamos de verdade. Só arrancamos o cabelo uma da outra. Quíron ficou desesperado e o Sr. D. ficou rindo. Voltei mais vezes e, em todas Annabeth tinha sido muito crítica e dura comigo e não recuei. Devolvi na mesma intensidade. Até o dia em que Quíron pediu que nos déssemos aulas de luta greco-romana para os campistas de ano inteiro e, acabamos lutamos fisicamente. Deixamos nossa competição vencer sobre nós e brigamos arduamente, uma querendo derrubar a outra. Annabeth era uma lutadora exemplar e fiquei incrivelmente roxa e dolorida, mas consegui, e com MUITO esforço, vencer a filha de Atena. Quando nos levantamos, a Chase me deu um sorriso satisfeito como se finalmente me aprovasse.

Mais tarde ao anoitecer daquele mesmo dia, antes de ir embora, a filha de Atena me empurrou o livro de Crepúsculo e exigiu que lê-se novamente. Quando lhe falei: "Eu prefiro ser morta por forças malignas de um Hotel que devora a iluminação de pessoas do que ler esse cu novamente", me referindo ao livro "O Iluminado", surgiu a amizade mais estranha que tive. Naquela noite, Annabeth prendeu-me ao acampamento enquanto falava animadamente de seus livros favoritos, falando que iria morar com o pai em São Francisco e exigia que eu fosse lhe visitar. E visitei-a. Fui tantas vezes na casa de Annabeth que Frederick Chase já me reservou um lugar a mesa de jantar. Me surpreendi que em tão pouco tempo nos tornamos inseparáveis.

Então Quíron decidiu nos mandar juntas para ajudar Clarisse em uma missão de inverno dela. E quando Clarisse relatou a Quíron sobre a real intenção de Luke Castellan, o centauro pediu que Annabeth e eu retornássemos a Phoenix e ajudasse a filha de Ares com um problema, que se não fosse resolvido, teríamos uma baita dor de cabeça.

Encarei a filha de Atena. Annabeth tinha a pele bronzeada e um corpo esguio e atlético. Era alguns centímetros mais alta do que eu. Annabeth tinha por volta de cento e setenta e sete centímetros, enquanto tenho meus humildes cento e sessenta e três centímetros. Os cabelos louros encaracolados lembravam os de uma princesa, presos em um rabo de cavalo. Tinham uma mecha cinza na franja, combinando com a minha, me lembrando que carregamos o fardo de Atlas. Vestia a camiseta laranja do acampamento Meio-Sangue com um shorts azul-escuro. Um cinto marrom estava em sua cintura, a garota loura usava para prender sua fiel adaga de bronze celestial e seu boné de beisebol dos Yankees. Um All-Star amarelo jazia em seus pés. Parecia uma garota americana típica da Califórnia, se não fosse pelos familiares olhos intensos cinzas tempestade que arruinavam a imagem. Eram familiares porque me lembravam de Yellena.

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