Sedução e segredos

Capítulo 48

No escritório luxuoso da Harrington Enterprises, Dominic estava sentado em sua ampla mesa de mogno, quando sua secretária de longa data, Betty Henderson, entrou na sala com uma pilha de documentos. A senhora Henderson era uma mulher na casa dos sessenta anos, com cabelos grisalhos elegantemente presos em um coque e óculos de leitura que pendiam na ponta do nariz. Ela era a personificação da eficiência e da discrição, tendo trabalhado para a família Harrington por mais de três décadas. Dominic confiava nela implicitamente, mas havia certos aspectos de sua vida que ele preferia manter em segredo, mesmo de alguém tão confiável quanto Betty.

— Bom dia, senhor Harrington. — Disse Betty, colocando os documentos sobre a mesa. — Aqui estão os relatórios financeiros que o senhor pediu. E também a lista de propriedades disponíveis na área que o senhor mencionou.

Dominic olhou para os papéis, mas sua mente estava em outro lugar. Ele sabia que precisava resolver a questão da lojinha de flores o mais rápido possível. A mentira que ele havia contado a Sophia sobre possuir uma loja de flores estava começando a pesar em sua consciência, e ele precisava transformar essa mentira em realidade.

— Obrigado, Betty. — Disse Dominic, pegando a lista de propriedades. — Preciso que você entre em contato com o corretor e agende uma visita a este estabelecimento. — Ele apontou para uma pequena loja localizada a poucos quarteirões de sua cobertura. — Vamos montar uma pequena loja de flores nesse lugar.

Betty franziu a testa, claramente confusa.

— Uma loja de flores, senhor? — Perguntou ela, tentando esconder sua surpresa. — O senhor tem certeza?

Dominic sorriu, tentando parecer despreocupado.

— Sim, Betty. Tenho certeza. — Respondeu ele. — É um projeto pessoal. Algo que quero fazer para... diversificar meus interesses.

Betty assentiu, embora ainda parecesse desconfiada. Ela conhecia Dominic bem o suficiente para saber que ele não era do tipo que se interessava por pequenas empresas, especialmente algo tão mundano quanto uma loja de flores.

— Muito bem, senhor Harrington. — Disse ela, anotando a instrução em seu bloco de notas. — Entrarei em contato com o corretor imediatamente e agendarei a visita para o mais breve possível.

Dominic observou enquanto Betty saía da sala, sentindo um peso se levantar de seus ombros. Ele sabia que estava complicando sua vida com essa mentira, mas também sabia que precisava fazer isso para manter Sophia próxima e conseguir cumprir as exigências do testamento de seu avô.

Afinal, o que a jovem pensaria ao descobrir que o motivo da ida de Dominic a Skaneateles era uma mentira? Que ele não tinha loja de flores nenhuma?

Enquanto Betty fazia as ligações necessárias, Dominic se permitiu um momento de reflexão. Ele pensou em Sophia, em sua simplicidade e beleza, e em como ela havia começado a mexer com seus sentimentos de uma maneira que ele não esperava. Ele sabia que estava jogando um jogo perigoso, mas não podia negar a atração que começava a sentir por ela.

Pouco tempo depois, Betty retornou à sala, interrompendo seus pensamentos.

— Senhor Harrington, consegui agendar a visita para esta tarde. — Disse ela, com um sorriso profissional. — O corretor estará esperando por você às 15h.

Dominic assentiu, satisfeito.

— Excelente, Betty. — Disse ele. — Obrigado por cuidar disso tão rapidamente.

Betty sorriu, mas sua curiosidade ainda era evidente.

— Senhor Harrington, se me permite a pergunta... — Disse ela, hesitante. — Por que uma loja de flores? Não é exatamente o tipo de investimento que estamos acostumados a fazer.

Dominic riu, tentando aliviar a tensão.

— Às vezes, Betty, precisamos de algo diferente para nos lembrar das coisas simples e belas da vida. — Respondeu ele, evasivamente. — E quem sabe? Talvez eu descubra um novo talento para a jardinagem.

Betty riu junto com ele, embora ainda parecesse intrigada.

— Muito bem, senhor. — Disse ela, voltando ao seu trabalho. — Se precisar de mais alguma coisa, estarei na minha mesa.

Dominic observou enquanto Betty saía da sala novamente, sentindo-se um pouco mais aliviado. Ele sabia que estava dando um passo importante para manter sua mentira, mas também sabia que estava se aproximando cada vez mais de um ponto sem retorno. A loja de flores era apenas o começo, e ele precisava estar preparado para o que viesse a seguir.

Enquanto se preparava para a visita à loja, Dominic não podia deixar de pensar em Sophia e no impacto que ela estava tendo em sua vida. Ele sabia que precisava ser cuidadoso, mas também sabia que estava disposto a fazer o que fosse necessário para mantê-la por perto, mesmo que isso significasse transformar uma mentira em realidade.