No final daquele domingo, Sophia voltou para fazenda um pouco decepcionada. Tinha ficado o dia todo na cidade, na esperança de encontrar Dominic novamente, mas nenhum sinal dele. A essa hora, ele já tinha voltado para Manhattan.
— Tia, alguém ligou para mim? — Ela perguntou assim que entrou em casa, pouco preocupada em disfarçar sua ansiedade.
— Não, querida. Quem poderia ligar? — Indagou Mary achando o comportamento de Sophia bastante suspeito. Ela não costumava receber ligações. — Você está muito estranha.
— Não sei... — Ela respondeu dando de ombros. — Talvez o cliente que pagou as 300 rosas e ainda não recebeu o pedido.
— Eu não acho que ele ligaria dia domingo, Sophia. — Mary respondeu intrigada.
— Tudo bem, eu vou para o meu quarto. Boa noite, tia.
Agora, Sophia sentia-se mais desanimada, seguindo para seu quarto com passos ecoando no silêncio da casa pequena e antiga. A decepção pesava em seus ombros, e enquanto caminhava, seus pensamentos voavam para Dominic. Ela não era experiente em assuntos do coração. Crescendo na fazenda, longe da agitação da cidade grande e dos jogos de sedução que lá ocorriam, Sophia mantinha uma visão romântica e, de certa forma, ingênua sobre o amor. Acreditava no amor à primeira vista, nos gestos grandiosos e nas promessas eternas, ideias alimentadas pelas histórias que Mary lhe contava ao pé do fogo nas noites frias de inverno.
Era essa inexperiência que a fazia esperar, contra toda lógica, que Dominic a procurasse imediatamente após o primeiro encontro. Na sua mente, se havia uma conexão, um olhar que se cruzava, então isso deveria ser suficiente para que ele sentisse a mesma urgência, a mesma necessidade de se reencontrarem. Ela não compreendia ainda que as relações humanas, especialmente as amorosas, eram complexas, repletas de nuances e, muitas vezes, regidas por convenções sociais e expectativas não ditas que ela mal começava a entender.
Deitando-se, ela olhou para o teto, as sombras dançando com a luz da lua que se infiltrava pela janela. A fazenda, com suas rosas e sua tranquilidade, parecia agora um mundo à parte, um refúgio seguro. Depois de muito refletir, Sophia resolveu que não iria ficar pensando em Dominic. Uma pessoa que surgiu do nada em sua vida, não tinha o direito de perturbar sua rotina. Enquanto a noite avançava, Sophia adormeceu com a promessa silenciosa de proteger seu coração, mesmo ansiando, secretamente, por aquele telefonema que mudaria tudo novamente.
Já em Manhattan, naquela noite de domingo, Dominic afundou-se no seu sofá de couro, perdido em reflexões sobre os eventos do fim de semana. A ideia de seduzir Sophia não parecia um sacrifício, afinal, ela era lindíssima e terrivelmente ingênua.
Isabella, percebendo o silêncio incomum de Dominic desde seu retorno de Skaneateles, aproximou-se com um ar de preocupação fabricado, tocando os ombros dele com uma suavidade estudada.
— Desde que você voltou, você está tão calado, meu amor. — Disse ela, sua voz destilando uma doçura forçada enquanto iniciava uma massagem nos ombros dele sem esperar consentimento. — Quer uma massagem?
Dominic, sentindo a pressão de suas mãos, respondeu com uma impaciência mal disfarçada.
— Eu estou com muita coisa na cabeça, Isabella. Por isso, prefiro ficar quieto.
Ele não esperava encontrar com sua namorada, em seu apartamento, ao voltar de Skaneateles. Além de ter que revisar documentos importantes da empresa, sua mente estava enredada na complexidade de se casar rapidamente com Sophia para garantir sua herança, sem parecer desesperado.
Isabella, incapaz de conter sua curiosidade maliciosa, mudou de posição para ficar de frente para ele, interrompendo a massagem.
— Você ainda não me contou nada sobre a camponesa. — Ela falou, inclinando-se para frente, seus olhos brilhando com um interesse venenoso. — Como ela é?
— Como esperávamos. Jovem e ingênua. — Dominic, tentando se manter reservado, respondeu secamente.
— Mas e fisicamente? — Isabella insistiu, sua voz adquirindo um tom mais aguçado enquanto ela tentava capturar o olhar de Dominic. — Ela é bonita? Loira, morena?
— Ruiva. — Dominic revelou, surpreendendo Isabella.
— Ruiva? Que exótico. — Isabella zombou, seu sorriso carregado de sarcasmo. — Ela é alta, baixa? Magra, gorda? Qual a cor dos olhos? E a pele?
Dominic sentiu-se exasperado com o interrogatório sem fim.
— Por Deus, Isabella. Quantas perguntas desnecessárias. Vou ter que me casar com ela de todo jeito. — Ele retrucou, levantando-se abruptamente, caminhando até o aparador para servir-se de uma bebida, tentando escapar da inquisição dela. — Por sinal, eu preciso mandar comprar um celular para Sophia.
— Uau! Você mal conheceu a caipira e ela já conseguiu descolar um celular? — Isabella riu, sua risada soando falsa e calculada. — Estou impressionada. As santinhas são as piores.
— Não é nada disso, Isabella! — Dominic exclamou, perdendo a paciência com a provocação dela. — Ela simplesmente não tem um celular. Não posso depender do telefone da fazenda para falar com ela, especialmente se pretendo seduzi-la rapidamente e resolver toda essa situação.
— Humm... Você tem razão. — Isabella concordou, sua expressão mudando para uma de falsa compreensão. — Posso comprar um celular para ela amanhã.
— Minha secretária cuidará disso. Não se preocupe. — Respondeu Dominic, sua voz fria, enquanto ele tentava manter distância da manipulação óbvia de Isabella.
— E quando você pretende vê-la de novo?
— Nesse próximo final de semana. Eu fiz uma compra grande de 300 rosas que ela não tinha pronta entrega e preciso voltar lá. — Explicou Dominic vencido pela insistência de Isabella. Sabia que ela não ia desistir, enquanto não soubesse de tudo. — Acabei inventando que ia abrir uma floricultura aqui e por isso precisa das rosas e de um fornecedor.
— Achei bem criativo da sua parte. — Elogiou Isabella sorrindo. — Posso ir com você?! — Ela indagou com um brilho de maldade em seu olhar. — Vamos dizer que sou sua assistente! — Isabella bateu palmas animada. — Acho que vai dar mais credibilidade a sua história.
— Não. Definitivamente não, Isabella.
— Eu quero conhecer pessoalmente essa moça, Dominic. Não me negue isso, quando estou abrindo mão de você, por favor. — Ela falou com a voz manhosa, tentando convencer Dominic.
— Não vão faltar oportunidades para isso. Por enquanto, está tudo muito no começo e não quero ninguém interferindo em nada.
Com isso, Dominic deixou o copo de bebida em cima do aparador e seguiu para sua suíte, chamando Isabella em seguida. Um boa noite de sexo com sua namorada faria ele esquecer, ao menos temporariamente, aqueles olhos verdes brilhantes e inocentes.
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Sedução e segredos
RomanceDominic Harrington, um magnata implacável, vê seu mundo virar de cabeça para baixo quando o último desejo do seu avô o obriga a casar-se com Sophia, uma desconhecida de beleza única. O plano de Dominic parece simples: Casar, herdar e abandonar. Con...