Capítulo 66

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Mesmo contrariado, pois Dominic não tinha nenhuma intenção de ir para a boate de Felip naquela noite, ele pensou que ainda teria algum tempo a sós com Sophia lá dentro, que isso poderia ajudá-los a resolver as tensões entre eles. Contudo, não foi isso o que aconteceu e ele ficou ainda mais aborrecido, sabendo que teria que dividir a atenção de Sophia com Felip e Abby.

Ao se aproximarem da boate, ainda dentro do carro, Sophia e Dominic observaram a fila enorme de pessoas aguardando para entrar, indicando que o empreendimento de Felip era um verdadeiro sucesso.

— Quanta gente. — Sophia comentou impressionada, pois na inauguração não estava assim. Obviamente, aquele evento de abertura tinha sido somente para convidados.

— Essa boate é a mais famosa de Manhattan atualmente, Sophia. Por isso, vive lotada todo final de semana. É super concorrido para entrar.

— E você costuma vir aqui? — Ela indagou curiosa.

— Você sabe que desde que a boate abriu, eu tenho passado todos os finais de semana em Skaneateles com você. — Dominic virou o rosto para encarar Sophia, aproveitando um momento no trânsito parado.

— Sim, mas você poderia vir durante a semana... — Sugeriu Sophia, tentando manter uma conversa tranquila com Dominic.

— Durante a semana, eu trabalho bastante, Sophia. — O tom de Dominic parecia querer repreender Sophia por conta daquela sugestão. — E eu nunca gostei desse tipo de lugar. Muita gente, bebida, homem caçando mulher... Desde que sai da universidade, eu sempre namorei, então prefiro lugares mais tranquilos.

Totalmente distraído por conta da pequena fila de carros na frente da boate para acesso ao manobrista, do passa passa de gente por entre os veículos e da conversa com Sophia, Dominic falou aquilo sem querer e ela não deixou passar batido.

— Você tinha namorada de antes de me conhecer?

— Sim. — Dominic respondeu de forma monossilábica, querendo evitar mais mentiras para Sophia, pois ele ainda mantinha aquela relação com Isabella.

— Qual era o nome dela? — Ela indagou num tom calmo.

— O que isso importa, Sophia? — Dominic respondeu irritado. Tudo o que ele queria era evitar outra discussão com ela e parecia que Sophia queria provocar ele para conseguir outra briga.

— Só estou tentando manter uma conversa com você, Dominic. — Sophia respondeu magoada. — Mas parece que isso está impossível hoje. Tudo que eu falo irrita você.

Sem responder mais nada e aliviado por chegar sua vez de entregar o carro ao manobrista, Dominic desceu do veículo, contornando o mesmo para abrir a porta de Sophia do outro lado. Assim que saíram do carro, ambos foram rapidamente abordados por um segurança de Felip, que reconheceu Dominic, os conduzindo diretamente para o camarote particular de seu amigo, acabando com a expectativa de Dominic de ficar um tempo sozinho com Sophia.

Com Dominic na frente, eles atravessavam a multidão, que ia se abrindo à medida que ambos caminhavam, junto com segurança de Felip. Sophia sentia os olhares das pessoas ao seu redor. Era impossível Dominic passar despercebido, as mulheres olhavam para ele com admiração, como se fosse um astro de cinema, e para ela com desdém, analisando-a dos pês a cabeça. Ainda mais insegura, Sophia apertou a mão de Dominic com mais força, buscando algum conforto na presença dele, apesar das emoções conflitantes que sentia. Por sua vez, Dominic mantinha uma expressão impassível, como se o resto do mundo fosse insignificante e somente ele e Sophia importassem.

— O que aconteceu Sophia? — Dominic parou de súbito e virou de frente para ela, ao sentir o aperto da mão dela na sua.

— As pessoas não param de olhar para nós... — Sophia, que não estava acostumada com esse tipo de atenção, falou para ele incomodada.

— É por conta do segurança. Devem estar achando que você é alguma modelo famosa. — Ele brincou para que Sophia relaxasse um pouco. — Fique tranquila que assim que chegarmos lá em cima, esse assédio vai desaparecer.

Assentindo, Sophia continuou andando com Dominic. Ela queria dizer que os olhares não eram de admiração, mas preferiu manter aquilo só para ela. Falar em voz alta era constrangedor demais.

Quando finalmente chegarem ao camarote, Felip e Abby já estavam lá aguardando por ambos. Imediatamente, ao ver Felip se aproximar de Sophia para cumprimentá-la, Dominic passou um braço ao redor da cintura dela, trazendo ela o mais próxima possível dele, numa clara demonstração de posse.

Notando o gesto de Dominic, Felip, com um olhar cínico, se aproximou para cumprimentá-los.

— Sophia, que bom te ver! — Felip puxou Sophia dos braços de Dominic de proposito para abraçá-la de forma amigável, mas com uma intensidade que não passou despercebida. — Você está linda como sempre.

— Obrigada, Felip. — Sophia respondeu, tentando esconder seu desconforto, pois sabia que não se comparava as mulheres que frequentavam aquele lugar bem mais vestidas e produzidas que ela.

Obviamente que Felip tinha notado que, novamente, Sophia usava roupas simples e inadequada para aquele luar, mas sua beleza natural era tão incrível que ofuscava toda aquela produção fútil das outras mulheres. Sophia era incomparável.

Dominic observava a interação com um olhar atento, mas manteve-se educado, embora seus olhos traíssem um lampejo de ciúmes. Já tinha conversado com Felip sobre suas intenções com Sophia, aquele idiota sabia que ele pretendia se casar com ela e ainda insistia em se aproximar de Sophia.

— Dominic, é bom ver você também. — Felip cumprimentou, estendendo a mão com um sorriso que não chegava aos olhos.

— Igualmente, Felip. — Dominic respondeu, apertando a mão dele com firmeza, como se quisesse marcar território.

Abby, percebendo a tensão no ar, tentou aliviar o clima.

— Vamos nos sentar? Pedi para trazerem algumas bebidas. — Ela sugeriu, indicando os sofás confortáveis do camarote, tentando dissipar a eletricidade que pairava no ar. — Vocês querem algo especial? — Abby perguntou diretamente a Sophia e Dominic.

— Eu queria um suco de laranja, Abby, por favor. — Sophia pediu na intenção de enrolar a fome, pois não tinha jantado.

— Claro.

Enquanto se acomodavam, Sophia não pôde deixar de notar a vista privilegiada do camarote, que oferecia uma visão panorâmica da pista de dança e do DJ. As luzes pulsantes e a música alta criavam uma atmosfera vibrante, mas ela se sentia deslocada naquele ambiente, especialmente com o clima ruim entre ela e Dominic. 

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