Mal a semana tinha começado e Dominic estava bastante irritado naquela segunda-feira. Antes da revelação surpreendente do testamento de seu avô, a vida de Dominic fluía em um ritmo estável e previsível. Como CEO do conglomerado Harrington, ele estava acostumado a lidar com desafios empresariais complexos, mas sempre dentro de um contexto familiar e controlável. Seu namoro com Isabella era semelhante em muitos aspectos, confortável, sem grandes surpresas e perfeitamente alinhado com o estilo de vida que ele havia escolhido.
No entanto, a exigência inesperada de seu avô no testamento, de que ele se casasse com Sophia para herdar toda fortuna da família, lançou sua vida em um estado de caos. Dominic se via agora preso em uma corrida contra o tempo, pois precisava se casar com Sophia em menos de 1 ano. A ideia de seduzir ela com mentiras, de criar uma farsa apenas para satisfazer as condições do testamento, ia contra seus princípios. No entanto, a possibilidade de perder o controle sobre o conglomerado Harrington o pressionava a agir contra sua consciência.
Dominic se ressentia da maneira como essa exigência o forçava a manipular Sophia, uma mulher que ele mal conhecia e que sua única culpa era ser neta de John Sinclair, o melhor amigo que seu avô havia traído. Cada encontro planejado, cada sorriso calculado e cada palavra medida para ganhar a confiança de Sophia pesavam em sua consciência como uma dívida que ele sabia que eventualmente teria que pagar.
O telefone da sua sala começou a tocar, tirando Dominic daquele turbilhão de pensamentos. Com um suspiro pesado, ele esticou a mão para atender, esperando que fosse mais um dos inúmeros problemas diários que precisava resolver.
— Bom dia, senhor Dominic. — Falou a secretária de forma educada, assim que Dominic atendeu a ligação. — O advogado está aqui para vê-lo, mas ele não tem hora marcada.
Esfregando a testa, Dominic sentiu a tensão se acumular. Alexander Sterling não era um homem que aparecia sem motivo, especialmente sem agendamento prévio. Sua presença só poderia significar que as coisas estavam prestes a se complicar ainda mais.
— Está bem, mande-o entrar. — Respondeu Dominic, resignado.
Poucos minutos depois, o advogado entrou na sala com uma pasta sob o braço, sua expressão séria e direta. Sem perder tempo com formalidades, Alexander foi direto ao ponto.
— Dominic, preciso saber como está a situação com a senhorita Sinclair. O prazo estipulado no testamento é claro, e cada dia que passamos sem ação é um dia a menos que temos para cumprir as condições estabelecidas por seu avô. — Disse Alexander.
Dominic ouviu, sentindo a pressão crescer. Ele sabia que Alexander tinha razão, mas cada parte do plano que envolvia Sophia o fazia sentir-se ainda pior.
— Eu entendo, Alexander. Já conheci Sophia, mas não posso pedir ela em casamento do dia para a noite.
— Concordo. Bem complicado fazer isso se você ainda mantem seu relacionamento com Isabella Van der Woodsen. Soube que vocês estiveram juntos no jantar na casa dos Rockefeller, nesse final de semana e foi isso que motivou minha vinda aqui. — Confessou, deixando claro que estava de olho na situação.
— Isabella está ciente de tudo e eu tenho um plano... mais ou menos. Vou tentar acelerar as coisas. — Dominic tentou soar mais confiante do que realmente se sentia.
— "Mais ou menos" não vai funcionar, Dominic. Você precisa de um plano sólido e de ação rápida. Lembre-se, se não cumprir essa condição, todo o conglomerado Harrington poderá ser comprometido. Não é apenas sobre você ou a senhorita Sinclair. É sobre o legado de sua família e os empregos de centenas de pessoas. — Alexander enfatizou, olhando diretamente nos olhos de Dominic. — Ou você acha que os diretores da Fundação Edward Harrington de Apoio à Educação e Pesquisa vão saber administrar tudo isso? Eles vão arruinar o patrimônio da sua família rapidamente.
— Você esquece que tudo isso está acontecendo por culpa do meu avô! — Exclamou Dominic sem paciência. — Se ele não tivesse alterado o testamento por conta de um simples capricho, um remorso tardio, eu não teria que mudar toda minha vida em função de uma desconhecida!
— Não vamos perder tempo dando voltas nesse assunto, Dominic. O fato já foi consumado e precisa ser resolvido. — Alexander falou, sua voz carregada de seriedade e precisão que vinham de anos de experiência na prática do direito. — Qualquer coisa, além da solução disso, é tempo perdido.
Respirando fundo para se acalmar, Dominic assentiu, plenamente ciente das ramificações. Assim que Alexander saiu, ele se viu ponderando sobre o próximo passo. Foi então que se lembrou de algo crucial que havia negligenciado: tia Mary, a guardiã de Sophia. Precisava ligar para ela sobre a vinda de Sophia para Manhattan, no final de semana. Tinha trocado algumas mensagens com Sophia mais cedo e sabia que a tia dela tinha deixado nas mãos da própria Sophia a decisão de passar o final de semana com ele, mas Sophia tinha muito respeito pela tia e ainda queria que Dominic falasse diretamente com ela.
Pegando o telefone, Dominic discou o número da fazenda de rosas, seu coração batendo um pouco mais rápido do que o habitual. Tia Mary atendeu após alguns toques.
— Boa tarde, senhora Mary. Aqui é Dominic. Sophia me disse que a senhora já está ciente do assunto, mas eu... — Ele hesitou, procurando as palavras certas. — Eu gostaria de pedir sua permissão para que Sophia passasse o fim de semana em Manhattan comigo. Isso pode parecer um pouco prematuro, mas quero que Sophia conheça um pouco do meu mundo.
Houve uma pausa do outro lado da linha, e Dominic podia imaginar tia Mary avaliando a proposta com seu discernimento característico.
— Dominic, eu aprecio sua ligação e a cortesia de pedir minha permissão. Sophia é uma jovem adulta, claro, e pode tomar suas próprias decisões, mas... — A voz de tia Mary era calma, mas firme. — Eu espero que suas intenções para com ela sejam honrosas.
Dominic sentiu o peso de suas palavras, um lembrete do compromisso moral que ele estava prestes a quebrar.
— Eu asseguro a você, senhora Mary, que tratarei Sophia com o maior respeito. — Suas palavras soaram vazias até para ele, mas Dominic sabia que tinha que seguir em frente com seu plano, por mais que odiasse admitir.
Tia Mary concordou relutantemente, e a conversa terminou com Dominic prometendo que Sophia estaria segura e voltaria para casa após o fim de semana.
Desligando o telefone, Dominic se viu confrontado com a realidade de suas ações. Ele estava prestes a aprofundar seu jogo de sedução baseado em mentiras, tudo por causa de um testamento. A pressão de Alexander, a preocupação de tia Mary, e sua própria consciência estavam começando a pesar sobre ele, fazendo-o questionar se o legado da família Harrington valia realmente o preço que ele estava prestes a pagar.
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Sedução e segredos
RomanceDominic Harrington, um magnata implacável, vê seu mundo virar de cabeça para baixo quando o último desejo do seu avô o obriga a casar-se com Sophia, uma desconhecida de beleza única. O plano de Dominic parece simples: Casar, herdar e abandonar. Con...