Capítulo 94

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Ao chegarem na cobertura, depois da festa, cada um foi para sua suíte. Sophia já não se sentia mais à vontade para procurar Dominic com receio de ser rejeitada por ele. Aparentemente, ele estava muito assoberbado com assuntos de trabalho, sempre chegando muito tarde em casa, cansado. Nas Maldivas, eles estavam em lua de mel e agora, Dominic tinha se desligado completamente do trabalho, mas agora ela estava conhecendo o dia a dia da vida dele de verdade.

Como esposa, ela tentaria ser compreensiva, pois não tinha motivo nenhum para acreditar que a mudança de Dominic tivesse outra razão que não fosse o excesso de trabalho. Por sua vez, Dominic, agora que começava a reconhecer seus sentimentos por Sophia, se impunha aquela distância por não se achar digno da afeição dela, depois de tantas mentiras. Ele queria resolver aquela situação, mas se encontrar em um beco sem saída.

— O nome dela é Evelyn Kensington, Sophia. — Comentou Abby animada por Sophia ter aceitado aquela sugestão. — Ela é conhecida aqui em Manhattan como senhora Kensington e costuma dar aulas de etiqueta para várias jovens da sociedade.

— Eu queria ter oportunidade de ter feito isso mais jovem para não me sentir tão deslocada. — Comentou Sophia com um sorriso sem graça.

— Mas você só tem 19 anos! — Exclamou Abby dando uma gargalhada. — Normalmente, as meninas têm aula com a senhora Kensington a parti dos 10 ou 12 anos. Sem falar que acho que você se casou muito nova...

— Também estou começando a achar que isso pode ter sido muito precipitado da minha parte. — Sophia falou com um tom de voz triste. — Não conhecia muito bem o dia a dia de Dominic aqui em Manhattan.

— Mas você fisgou o maior partido da cidade. — Abby quis mudar o tom da conversa ao sentir que Sophia não estava feliz. — Logo, logo, você vai se adaptar. O início de um casamento é assim mesmo.

A primeira aula de Sophia com a senhora Kensington foi um marco. Evelyn Kensington, uma mulher de porte altivo e elegância natural, observou Sophia com um olhar crítico, mas gentil. Ela imediatamente percebeu algo especial na jovem: uma elegância inata, uma simplicidade que não se via com frequência nas jovens da alta sociedade.

— Sophia, você tem uma graça natural que é rara. — Comentou a senhora Kensington, enquanto ajustava a postura de Sophia. — A verdadeira elegância não está apenas nas roupas ou na maquiagem, mas na maneira como você se comporta e se apresenta ao mundo.

— Obrigada.

Timidamente, Sophia sorriu, sentindo-se um pouco mais confiante com o elogio. Evelyn começou a orientá-la sobre como escolher roupas que realçassem sua beleza natural sem parecer ostentosa. Com apenas algumas dicas sobre como arrumar o cabelo e aplicar uma maquiagem leve, Sophia começou a se transformar.

— Veja, Sophia, menos é mais. — Disse Evelyn, enquanto mostrava como um simples coque baixo e um batom suave podiam fazer maravilhas. — Sua beleza está na sua simplicidade e na sua autenticidade. Não precisamos esconder isso com excessos.

— Eu acho que esse penteado fica muito sério. — Respondeu Sophia se encarando no espelho da penteadeira do seu closet.

— Sim. Não é para qualquer ocasião, mas quero que você observe que com pouca coisa, nós podemos mudar seu visual, exprimindo uma mensagem. No caso do coque: seriedade. Um rabo de cavalo alto: despojamento. O cabelo solto, penteado com gel: sofisticação...

A cada aula, Sophia se sentia mais segura. Evelyn ensinou-lhe a andar com graça, a sentar-se com postura e a falar com confiança. Sophia absorvia cada lição com dedicação, determinada a se tornar a esposa perfeita para Dominic, não por imposição, mas porque queria se sentir à altura do homem que amava.

— Estou impressionada com sua evolução, Sophia. — Disse Evelyn após algumas semanas de aulas. — Você não é apenas elegante, mas também humilde e genuína. Essas são qualidades que não se podem ensinar, e você as possui em abundância.

Sophia agradeceu, contente. Ela sabia que ainda tinha um longo caminho pela frente, mas cada passo a fazia sentir-se mais preparada para enfrentar os desafios de sua nova vida. Evelyn Kensington não apenas a ensinava etiqueta, mas também a ajudava a descobrir e valorizar sua própria identidade.

As aulas de Sophia sempre aconteciam após o trabalho na loja de flores. Como Dominic chegava tarde em casa, elas serviam para preencher um pouco da solidão de Sophia e ele parecia não se importar com aquilo. Assim ela pensava.

Era por volta das onze horas da noite, quando Dominic bateu na porta da suíte de Sophia. A senhora Kensington tinha ido embora há uma hora, pois hoje, a convite da própria Sophia, ambas jantaram juntas na cobertura.

— Pode entrar. — Sophia, que estava sentada em sua penteadeira, fazendo algumas notações, respondeu achando que era uma das empregadas, mas achando tarde o horário.

— Eu preciso falar com você. — Dominic entrou, falando com tom de voz estranho, meio embolado, que fez Sophia virar imediatamente, para encarar ele de frente.

— Boa noite, Dominic. — Ela respondeu de maneira tranquila. — Eu achei que era uma das empregadas. Você precisa de alguma coisa?

Depois de quase dois meses de casado, Sophia não fazia do que Dominic queria aquela hora em seu quarto. A convivência deles se resumia a conversas tranquilas no café da manhã, com Sophia relatando como iam as vendas na loja de flores e o que ela aprendia com a senhora Kensington. Apesar de sentir falta das noites nos braços de Dominic, depois de ter sido rejeitada uma vez, Sophia nunca mais teve coragem de tentar algo com seu marido.

— Eu queria sua companhia para jantar. — Ele respondeu se aproximando dela que ainda estava sentada.

— Não tem nenhuma empregada para servir você? — Perguntou Sophia observando o olhar meio turvo e vermelho de Dominic.

— Eu jamais viria a seu quarto para pedir que me servisse o jantar, Sophia. — Dominic respondeu magoado. — Só quero sua companhia.

— Tudo bem. — Sophia concordou de levantando-se da cadeira.

De repente, antes que ela pudesse passar completamente por Dominic, para seguir para sala de jantar, ele a puxou para seus braços, envolvendo sua cintura com firmeza, colocando seus lábios nos dela com paixão. Sophia não se opôs, correspondendo o beijo de Dominic, colando seu corpo ao dele. Por conta da fina camisola de seda que ela usava, Dominic sentia cada curva do seu corpo.

Aprofundando o beijo ainda mais, ele invadiu o interior da boca de Sophia com a língua e ela sentiu um sabor estranho nos seus lábios. Não era um gosto ruim, pelo contrário. Era forte e inebriante. Somente mais alguns segundos foi o suficiente para Sophia perceber que Dominic estava bêbado.

— Você bebeu? — Ela indagou se afastando dele bruscamente.

— Um pouco. — Dominic confessou com um sorriso cínico nos lábios, tentando puxar ela de volta para seus braços. — Eu sinto sua falta, Sophia.

— E você precisa beber para conseguir passar a noite comigo. É isso? — Sophia estava furiosa.

Como não sabia os verdadeiros motivos de Dominic, ela interpretava tudo errado.

— Claro que não. Eu não tenho esse costume, mas a bebida me ajudar a esquecer. — Dominic continuou com a voz embolada. — Por que você está se afastando de mim? Nós somos casados. — Ele indagou à medida que Sophia recuava.

— Pelo visto não, a bebida fez você lembrar que tem uma esposa. Porque normalmente você esquece disso. — Ela respondeu confusa. — O que a bebida ajuda a você esquecer, Dominic?

— Remorso, eu sinto muito remorso, Sophia.

Por conta da tontura, Dominic se sentou na cama de Sophia e acabou adormecendo ali mesmo, sem dizer mais nada. Sophia queria acordá-lo para que ele tomasse um banho para se sentir melhor, mas não conseguiu. Durante a madrugada, Dominic acordou confuso, sem conseguir identificar onde estava e com muta dor de cabeça. Só depois de algum tempo, ele percebeu que Sophia dormia ao seu lado e que estava na suíte dele. Lentamente, ele se levantou com cuidado para não acordar ele e seguiu para sua própria suíte. 

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