Capítulo 24

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Era por volta das 9 horas da manhã, quando o celular de Dominic começou a tocar sem parar. Ele não tinha dormido muito bem naquele hotel e ainda sonolento, atendeu seu celular sem ver quem era no identificador de chamadas.

— Por favor, me diga que você está em Manhattan, dormindo na sua cobertura. — Indagou Isabella irritada no outro lado da linha.

— Você sabe muito bem onde estou. — Dominic respondeu incomodado por ter sido acordado tão cedo em pleno sábado.

— Meu Deus, Dom... — Ela falou com uma voz dengosa. — Hoje, nós temos um jantar na casa dos Rockefeller. Eu te falei que isso era importante para mim.

Revirando os olhos, Dominic passou a mão pelos cabelos desalinhados por conta da noite de sono inquieta. Sabia que sua namorada amava comparecer a esses jantares da alta sociedade.

— Isabella, a única coisa importante para mim, nesse momento, é resolver a situação da minha herança o quanto antes. — Dominic respondeu num tom firme. — Você pode ir sozinha nesse jantar.

— Jamais! — Exclamou Isabella, sendo pega de surpresa com a resposta dele. Ela sabia que quando estava ao lado de Dominic as pessoas a paparicavam e lutavam por migalhas de sua atenção. — Eu não posso chegar sozinha nesse jantar.

— Então não vá. — Dominic disse de forma simples e direta. — Nós também não podemos mais ser vistos em publico como um casal. Se tudo der certo, em breve, estarei casado com Sophia, mas por enquanto, nós devemos ser cautelosos.

A vontade de Isabella era atirar aquele celular na parede e mandar Dominic para merda, mas tinha que se controlar. Ela já tinha avisado a ele daquele compromisso há semanas, ainda nem existia testamento e Sophia na vida deles, quando Isabella disse que queria ir naquele jantar.

— Dominic, por favor. — Ela tentou manter a voz controlada, num tom doce e tranquilo, querendo comover ele. — Você não imagina como está sendo difícil para mim essa situação de ter que dividir você com outra mulher. Volte para me acompanhar nesse jantar. Caso alguma revista ou site, nos fotografe juntos e isso chegue até essa camponesa, você pode fizer que sou sua assistente. Por favor... — Ela choramingou mais uma vez insistindo.

— Eu vou ver o que posso fazer Isabella. —Por fim, Dominic acabou cedendo. Não suportava aquela pequena cidade e se tinha um motivo para escapar dali mais cedo, ele se agarraria a isso.

Em breve, Sophia estaria indo para Manhattan e ele não precisaria mais colocar um pé naquele fim de mundo monótono e sem graça.

— Obrigada, meu amor. — Isabella respondeu, terminando a ligação em seguida, sorrindo satisfeita.

Contudo, depois do que tinha acontecido ontem entre e Sophia, Dominic sabia que não podia simplesmente chamar seu motorista e ir embora de Skaneateles sem falar com ela. Por conta disso, ele resolveu mandar uma mensagem.

"Vamos almoçar juntos? Esqueci de um compromisso que tenho em Manhattan, logo mais, à noite. Eu vou precisar ir embora no final da tarde.

Dominic."

Enquanto aguardava a resposta de Sophia, Dominic mandou que Charles fosse até a floricultura de Tiffany para informar que levaria as rosas hoje, após o almoço.

Ansiosa, Sophia havia passado a manhã cuidando das rosas na fazenda e refletindo sobre a noite anterior, sem saber se mandava uma mensagem para Dominic ou se esperava ele dar sinal de vida, quando sentiu o celular vibrar no bolso do avental. Ao ler a mensagem de Dominic, um misto de surpresa e apreensão tomou conta dela. A proposta para almoçar juntos soava como uma oportunidade de se mostrar mais ousada, como Tiffany tinha dito.

Depois de hesitar por alguns instantes, sem saber o que podia fazer para tornar aquele encontro mais interessante, Sophia digitou sua resposta, tentando manter a calma.

"Ok, mas eu escolho onde será o almoço.

Sophia."

Não existiam muitos restaurantes em Skaneateles e Sophia teve a ideia de fazer uma surpresa para Dominic. Geralmente, aos sábados, sua tia saia cedo da fazenda para fazer entregas das encomendas de rosas e nesse dia não tinha sido diferente. Por conta disso, Sophia estava sozinha e rapidamente, ela começou a preparar uma cesta com frutas e alguns sanduiches.

Por volta das doze horas e trinta minutos, Dominic chegou na fazenda. Assim que Sophia escutou o som do motor do carro se aproximando, ela apareceu no portão da entrada. Dominic ficou aguardando que ela entrasse em seu carro, mas ela contornou o veículo se aproximando da porta dele.

— Você não está pronta? — Indagou Dominic, baixando o vidro da janela do carro, sem entender por que ela não entrou no veículo.

— Eu estou pronta. — Sophia respondeu contente por ele estar ali, cumprimentando Dominic com um beijo inocente em sua bochecha. — Mas eu avisei que eu ia escolher onde vamos almoçar. — Pode descer o carro. — Ela falou fazendo mistério.

Desligando o motor, Dominic fez o que Sophia pediu. Ele usava uma calça jeans e uma camisa de algodão cinza. Por mais simples que fosse sua aparência, as marcas de roupas caras e de corte perfeito transmitiam uma sofisticação que não combinava com aquele lugar simples por mais que Dominic tentasse se inserir ali.

— Sua tia não está em casa? — Dominic indagou ao entrar, percebendo como tudo estava silencioso.

— Não. — Confirmou Sophia, seguindo para cozinha. — Mas nós não vamos almoçar aqui e espero que você goste da programação.

Em cima da mesa havia uma cesta que Sophia pegou e continuou seu caminho até a porta dos fundos que dava para o jardim de rosas. Um pouco entediado, Dominic imaginou que eles iriam almoçar no jardim.

— Quanto mistério. — Ele brincou querendo disfarçar o tédio e se adiantou para abrir a porta para ela. — Deixe que eu levo isso para você. — Ele já foi pegando a cesta das mãos de Sophia sem esperar que ela concordasse.

— Cuidado, nosso almoço está todo aí dentro.

Depois de uma caminha de quinze minutos, Dominic começou a ouvir um barulho forte de água. À medida que se aproximavam, o som da água se tornava mais claro e envolvente, um convite silencioso que despertava uma curiosidade crescente nele. A trilha estreita serpenteava através de uma vegetação densa, que aos poucos dava espaço a uma clareira iluminada pela luz do sol, filtrada pelas copas das árvores altas. E então, diante deles, revelava-se a cachoeira, uma visão de beleza natural tão serena quanto impressionante.

Não era uma cachoeira muito grande, mas o que lhe faltava em tamanho, compensava em charme e magia. A água caía de uma altura modesta, cerca de oito metros, formando uma cortina líquida que capturava os raios do sol, criando prismas de luz que dançavam na superfície da pequena lagoa abaixo. O lago, de águas cristalinas, refletia o azul do céu e as cores vibrantes da vegetação ao redor, um espelho natural enquadrado por pedras musgosas e flores silvestres.

Dominic ficou paralisado por um momento, surpreso, admirando a beleza diante dele. A sofisticação e o luxo de sua vida em Manhattan pareciam mundos distantes comparados à pureza e à paz que essa cachoeira emanava. Sophia, observando a reação de Dominic, sorriu com satisfação. Ela conhecia esse lugar desde a infância, um refúgio secreto onde sempre encontrava tranquilidade e conexão com a natureza.

— Bem-vindo ao meu lugar favorito na terra. — Sophia quebrou o silêncio, sua voz suave misturando-se ao som hipnotizante da água caindo.

Dominic se voltou para ela, um brilho de admiração nos olhos.

— É incrível. — Ele confessou, sinceramente impressionado. — Eu jamais imaginei que pudesse existir esse local aqui.

— Faz parte da fazenda de rosas de tia Mary e ela não permite e entrada de estranhos. Por conta disso, não é um lugar muito conhecido nem pelos moradores de Skaneateles. — Explicou Sophia, animada por Dominic ter ficado encantado com o lugar.

Eles se acomodaram em uma área plana de grama ao lado do lago, onde Sophia começou a desembalar a cesta de piquenique. Havia sanduíches de vegetais frescos da horta, frutas da estação, e uma garrafa com suco de laranja. Tudo simples, mas feito com cuidado e atenção aos detalhes.


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