Alguns dias se passaram e para alívio de Dominic, Isabella tinha sumido. A situação entre ele e Sophia continuava na mesma. Ele não se aproximava dela por remorso e culpa e ela mantinha a distância por orgulho. Contudo, depois daquela ida dela ao escritório de Dominic, até durante o café da manhã, Dominic não encontrava mais Sophia. Ela fazia questão de descer para sair para a loja de flores antes ou depois dele. Os dois estavam se tornando estranhos que compartilhavam o mesmo apartamento.
A cada dia, sem saber o que fazer, Sophia sentia-se cada vez mais isolada e sozinha naquela luxuosa cobertura, um espaço opulento que, apesar de sua beleza, parecia mais uma prisão dourada. A governanta, Sra. Davies, tratava-a com uma cortesia distante, mantendo sempre uma barreira invisível que a fazia sentir-se ainda mais deslocada. Dominic, por sua vez, estava constantemente absorto em seus negócios, raramente levando Sophia para sair com seus amigos, o que a deixava excluída do círculo social dele.
A rotina de trabalho de Sophia na loja de flores, embora gratificante, não preenchia o vazio emocional que ela sentia ao retornar para um lar onde a presença de Dominic era mais uma ausência constante. Até as aulas com a senhora tinham perdido um pouco da graça. A solidão era sua única companhia, e o brilho dos lustres e o luxo dos móveis não conseguiam aquecer a frieza que dominava seu coração.
— Meu Deus, eu pensei que não chegaríamos nunca nessa cidade. — Resmungou tia Mary assim que desceu do poderoso carro de Dominic, na garagem do subsolo, esticando as costas com um suspiro de alívio.
— Com você reclamando o caminho inteiro, essa viagem realmente foi um martírio. — Tiffany respondeu, revirando os olhos e cruzando os braços, claramente exasperada.
Ansiosa, Sophia não conseguiu esperar que as duas subissem para a cobertura e aguardava por ambas na própria garagem, andando de um lado para o outro e mordendo levemente o lábio inferior.
— Tia Mary! Que saudade. — Sophia exclamou, correndo para abraçar sua tia, seus olhos brilhando de alegria. Ela envolveu a tia em um abraço apertado, sentindo o conforto familiar que tanto ansiava. — Tiffany! — Em seguida, ela também abraçou a amiga com força, sentindo-se finalmente em casa.
— Estão entregues. — Brincou Charles, que tinha ido pegar ambas em Skaneateles, dando um leve aceno com a cabeça e um sorriso satisfeito.
— Muito obrigada Charles. — Sophia agradeceu ao motorista, mesmo sabendo que ele cumpria ordens de Dominic.
— Menina, por que você não nos esperou lá em cima? Não precisava descer. — Tia Mary falou, puxando a orelha de Sophia de forma carinhosa. — Está muito frio nessa garagem. — Ela esfregou os braços, tentando se aquecer.
— Eu estava com tanta saudade que não aguentava mais esperar. — Sophia respondeu, sentindo-se feliz como há muito tempo não se sentia. Seus olhos brilhavam e ela não conseguia conter o sorriso. — Vamos subir!
— Preciso pegar minha mala. — Comentou tia Mary, olhando ao redor em busca de suas bagagens.
— Pode deixar aí, tia Mary. Charles vai levar tudo lá para cima. — Sophia disse, acenando para Charles, que já se preparava para pegar as malas.
— Mas eu tenho mãos! Posso fazer isso. — Tia Mary insistiu, colocando as mãos na cintura em um gesto teimoso.
— É meu trabalho, senhora Mary, ou quer que eu fique desempregado? — Ele indagou de forma simpática, piscando um olho para ela.
— De jeito nenhum! Preciso de alguém para me levar de volta para Skaneateles. — Tia Mary respondeu, rindo e dando um tapinha amigável no ombro de Charles.
Todos deram risadas e em seguida, Sophia, tia Mary e Tiffany, foram para o elevador particular que levava diretamente para cobertura de Dominic. Enquanto subiam, Tia Mary não conseguia esconder sua curiosidade. Seus olhos desconfiados, brilhavam com a expectativa de ver a cobertura de Dominic, um lugar que ela só conhecia através das descrições de Sophia. Quando as portas do elevador se abriram, revelando o luxuoso hall de entrada, Tia Mary ficou boquiaberta.
— Meu Deus, Sophia, isso aqui é um palácio! — Exclamou Tia Mary, seus olhos percorrendo cada detalhe do ambiente. Ela passou a mão pelo corrimão de mármore, admirando a suavidade e o brilho da pedra. — Isso deve dar o maior trabalho para limpar.
— Nós temos algumas pessoas que nos ajudam com isso. — Sophia respondeu, sorrindo ao ver a reação da tia.
Tiffany, que já havia visitado a cobertura antes, observava com um sorriso divertido enquanto Tia Mary explorava o espaço com um olhar de maravilhamento.
— Olha só essa vista! — Tia Mary disse, caminhando até as enormes janelas que ofereciam uma vista panorâmica de Manhattan. — Nunca vi nada assim na minha vida. — Ela colocou as mãos no vidro, como se quisesse tocar a cidade que se estendia abaixo.
— E isso é só o começo, tia Mary. — Sophia comentou, pegando a mão da tia e guiando-a pelo apartamento. — Venha ver a sala de estar.
Ao entrar na sala de estar, Tia Mary ficou ainda mais impressionada. O espaço era decorado com móveis de design moderno e elegante, com peças de arte cuidadosamente selecionadas adornando as paredes.
— Isso é incrível, Sophia. — Tia Mary disse, girando lentamente para absorver cada detalhe. — Eu nunca imaginei que você estaria vivendo em um lugar assim.
— É tudo muito bonito, mas às vezes pode ser um pouco solitário. — Sophia admitiu, sua voz suavizando. — Mas estou tão feliz que vocês estão aqui agora.
— E nós também, querida. — Tia Mary respondeu, abraçando Sophia novamente. — Vamos aproveitar cada momento.
Charles entrou na sala carregando as malas, colocando-as cuidadosamente ao lado da escada que levava ao segundo andar da cobertura.
— Aqui estão suas malas, senhora Mary. — Ele disse com um sorriso.
— Muito obrigada, Charles. — Tia Mary respondeu, ainda maravilhada com o ambiente ao seu redor.
— Por nada, senhora. — Charles respondeu, piscando para Sophia. — E agora, se me dão licença, vou me retirar.
Enquanto Charles se afastava, Tia Mary continuou a explorar a cobertura, maravilhada com cada novo detalhe que descobria. Sophia e Tiffany a seguiam, rindo e compartilhando histórias, enquanto a sensação de isolamento que Sophia sentia começava a se dissipar com a presença calorosa de sua tia e amiga.
— Onde está seu marido, minha querida? — Tia Mary perguntou, notando a ausência de Dominic.
— Trabalhando, tia. Dominic trabalha demais.
— Deve mesmo, para sustentar todo esse luxo.
A pedido de Sophia, tia Mary e Tiffany tinham vindo passa o final de semana com ela. Sophia já tinha planejado várias programações e estava superanimada em ter companhia. Sua única amiga em Manhattan era Abby, mas como ela trabalhava na boate, durante toda a noite e madrugada, era difícil encontrar com ela durante o dia com frequência.
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Sedução e segredos
Roman d'amourDominic Harrington, um magnata implacável, vê seu mundo virar de cabeça para baixo quando o último desejo do seu avô o obriga a casar-se com Sophia, uma desconhecida de beleza única. O plano de Dominic parece simples: Casar, herdar e abandonar. Con...