Capítulo 9

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Pouco depois. Rua.


O Banco de Dados de Dínamo é basicamente o que disse Jayden. Um grande servidor, com enormes prateleiras correndo de um lado a outro e cabos, pelo menos dessa vez, subterrâneos. Tudo é muito organizado, com consoles por todos os lados e separação por seções. Tudo feito de maneira automatizada.

Os computadores do servidor são de vidro transparente, mostrando todos os componentes que piscam e são arrefecidos no interior. A área central, com mosaicos de cores discretas em forma de hexágonos no chão, tem mesas coletivas de pesquisa. Essas têm cadeiras individuais e áreas delimitadas de toque para cada usuário, embora a maior parte delas esteja vazia.

Entro e imediatamente me escoro em uma das colunas de sustentação do teto, tentando desaparecer no ambiente. Leon e Kali estão completamente absortos no que estão fazendo na tela de uma das mesas coletivas mais escondidas, em um dos cantos. Uma luz difusa entra pelas janelas de vidro translúcido e ilumina todo o lugar. Sento a uma distância considerável deles, com uma mulher de, pelo menos, trinta anos no meio do caminho entre eu e os dois. Ainda assim, consigo ouvir o que estão falando, mesmo que só conseguiria ver o que estão fazendo na mesa se estivesse olhando por cima de seus ombros.

É fácil descobrir o que fazem aqui.

Os dois conversam durante toda a manhã sobre três principais assuntos: armas, estratégia e anatomia. Aparentemente trata-se de uma espécie de "aula" que o fatalista mais velho dá a Kali, explicando como cada um desses elementos pode ser extremamente importante no momento de fechar um arco na prática.

— O canhão de Gauss — diz o homem, cheio do que poderia ser chamado de orgulho. — Trilhos de metal não-ferromagnético que servem como caminho para as balas. Funciona única e exclusivamente com a magnetização, que empurra cada uma das esferas dos trilhos para frente, sempre aumentando a força, até lançar o projétil para fora, na direção do alvo.

A garota parece genuinamente interessada.

— Mas esse modelo é grande demais. Como é que conseguiram miniaturizar tudo isso pra funcionar em uma pistola? — Pergunta. Isso porque todas as armas funcionam dessa mesma maneira.

— Bem, a tecnologia evoluiu muito desde que surgiu a primeira arma de pulsos eletromagnéticos — responde o homem, tocando na tela e abrindo alguma outra coisa. — Veja bem, tem armas antigas incrivelmente primárias. Veja essa.

— O que é?

— Arco e flecha. Funcionava meramente com o impulso dado por essa corda, que era presa nas duas pontas de um pedaço flexível de madeira. A flecha era um segundo pedaço de madeira, fino e comprido, que servia como os projéteis de hoje. Alcançava uma distância pequena e era muito difícil de mirar, já que era preciso considerar o vento, a distância, a força, a curva do movimento.

Kali concorda com a cabeça.

— Hoje, as coisas são muito mais fáceis. É só uma questão de mirar e atirar.

— Mas as armas e conhecimentos antigos têm que ser valorizados, e é por isso que nós estamos aqui — ele diz, sério. Então sorri, olhando para a tela. — Olha só: algumas tribos de guerreiras tiravam um dos seios para usar arco e flecha.

— O quê? Porque faziam isso?

— Como era preciso puxar a corda até a orelha, a fricção do braço com o seio dificultava o manejo rápido.

— Então elas simplesmente tiravam?

— É.

— Acho que fico com a minha pistola.

Deuses e FerasOnde histórias criam vida. Descubra agora