Capítulo 12

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Pouco depois do culto e cerimônia de inserção. Feira de mercadores.


Meu display se ilumina.

Kali Assange está dez passos à minha frente.

Seus olhos escuros atravessam cada uma das barracas da feira, como que procurando por algo. Ela anda a passos lentos, e eu a acompanho enquanto procuro por um local bom o bastante para roubá-la. Pode até ser que ainda seja dia, mas a luz do Sol é alaranjada enquanto o astro desce por trás das montanhas de Dínamo. Seus raios passam pelas lonas das barracas, formando mosaicos nas paredes dos prédios.

A garota passa pelos corredores formados pelas barracas. Os mercadores tentam, a todo custo, vender os produtos expostos – uma boa parte é de produtos roubados, Classe 2. Poucos salteadores mantém para si o que roubam, principalmente porque, em geral, uma coisa que era valiosa para uma pessoa pode não ter muita utilidade para outra.

Será que a Kali comprou o colar?

A quantidade de pessoas que transita é bastante grande, todas provenientes da cerimônia de inserção semanal. Os mercadores costumam montar suas bancas pouco antes da cerimônia terminar, obrigando todos a passar por dentro dela, na saída.

Há algumas áreas mais vazias, ideais para meu objetivo. No meio da confusão do mercado ao ar livre, será mais difícil acontecer algo fora do esperado.

Encontro um beco formado pela parte de trás de algumas barracas, escondido atrás das lonas e repleto de caixas de papelão com todo tipo de coisa dentro. Dou uma olhada ao redor para encontrar meu alvo e, tendo o localizado, entro no beco e aguardo.

Encaro meu display.

Quando ele se ilumina outra vez com a proximidade do alvo, estendo a mão para fora do espaço entre as lonas.

Por um instante, ela apenas dardeja o ar em vão, até encontrar cabelo. Então eu o agarro e puxo com força.

A garota cai sobre mim, e ambos vamos ao chão.

Ela chuta, soca, arranha.

Levanto os braços na frente de meu rosto, tentando me proteger. Subitamente, agarro seus pulsos, mas eles escapam de minhas mãos com facilidade, e ela soca meu rosto. Minha visão fica preta e eu luto às escuras.

Ao mesmo tempo em que tento segurar seus braços e pará-la, ela acerta uma joelhada nas minhas costelas.

Perco o ar.

Seu puto! — Ela rosna.

Kali tenta prender minhas mãos embaixo de seus joelhos, mas para no meio do caminho, ao ver meu rosto.

Ela me examina.

— Harlan.

Por um instante apenas, ela se esforça menos para me prender.

Solto minha mão do aperto dela e meu punho encontra o lado de sua cabeça, sua orelha, sua têmpora.

Enquanto ela está tonta, eu a empurro e ponho-a contra o chão, ficando por cima dela, os joelhos dos dois lados de seu corpo. Agarro suas mãos com uma das minhas e as prendo acima de sua cabeça. Ela se contorce, e suas pernas continuam tentando me acertar.

— Eu quero o colar.

— Que colar? — Ela pergunta. Um sorriso desafiador aparecendo no canto de sua boca.

Ela para um pouco de tentar se soltar.

Ignoro a pergunta dela. Com a mão livre vasculho a gola de sua blusa azul-claro. Minha mão se enrosca no tecido e eu o puxo e rasgo; a fenda que aparece desce até o vale entre seus seios.

Deuses e FerasOnde histórias criam vida. Descubra agora