HELENA: Mãe, você ainda não me disse como conheceu a Cassidy.
MÃE: Eu não a conhecia pessoalmente... apenas por fotos.
HELENA: Fotos?
MÃE: Bem, acho que é melhor ri directa ao ponto.
Estou preocupada, no fundo, acho que sei o que ela vai me dizer.
MÃE: Ela... a Cassidy... é sua meia irmã!
HELENA: O quê?!
MÃE: E sim, seu pai é um canalha!
HELENA: Mãe, por favor, não o insulte.
MÃE: Desculpe, mas é que, ao vê-la... toda a minha raiva veio à tona.
HELENA: Você pode me contar toda a historia desde o inicio?
MÃE: Quando você era criança, eu abri uma carta que chegou para o seu pai. Nela, havia uma foto de uma garotinha, mais ou menos com a sua idade. Eu procurei nas coisas do seu pai e acabei achando outra carta, onde uma mulher dizia que estava gravida e teria uma filha.
HELENA: O pai tinha uma amante?
MÃE: Aparentemente, foi apenas uma noite, coisa do momento...
HELENA: Ah... você não precisa entrar em detalhes.
MÃE: Foi no Resort 68 Bridges, até entendo...
HELENA: Mas como você reconheceu a Cassidy?
MÃE: Sua mãe manda uma foto todos os anos, desde que ela nasceu. Recebi uma há poucos anos, acho que ela não sabe sobre a morte do seu pai.
HELENA: Ah... isso é... triste!
MÃE: Um pouco... Preciso escrever para ela qualquer dia, não quero continuar recebendo essas fotos a vida toda!
HELENA: Você quer que eu tente achá-la? Quer que eu converse com ela?
MÃE: Eu não sei se quero contacto com essas pessoas, Helena, entende o que eu digo?
HELENA: Claro, por isso você vai esquecer tudo e deixar por minha conta!
MÃE: Isso é muito gentil da sua parte, vou pensar.
HELENA: Você acha que a Cassidy... sabe?
MÃE: Acho que não, a menos que ela seja uma óptima actriz.
HELENA: Devo contar a ela?
MÃE: Se ela é sua amiga, é o melhor a fazer.
HELENA: Ela não é bem uma amiga... Mas acho que vamos nos ver regularmente.
Me sinto perdida, mal consigo engolir o meu jantar.
MÃE: Estou exausta Helena, acho que quero voltar ao hotel, o fuso horário está me matando!
HELENA: Sim, claro, eu pago a conta.
MÃE: Ora, não seja boba, eu já pedi a eles para colocarem na minha conta do hotel. Fique aqui, coma a sobremesa, vejo você amanhã.
Ela me dá um beijo na testa e sai do restaurante. Estou prestes a sair também, quando o telefone toca.
GABRIEL: Oi, Helena, entre, por favor! Tem a certeza de que eu não a incomodei quando liguei?
HELENA: Não, eu estava com a minha mãe, mas já havia terminado de jantar.
GABRIEL: Sua mãe está na cidade? Isso é legal!
HELENA: Sim, é bom vê-la novamente.
GABRIEL: Ela deve estar feliz por vê-la também!
HELENA: Um pouco feliz demais, na minha opinião. Na verdade, é um pouco estranho. Ela quer saber de tudo o que se passa comigo, com quem eu estou saindo, e sempre tem algum palpite sobre tudo...
GABRIEL: Mas mães são assim mesmo...
Evitei falar sobre os problemas familiares mais graves...
HELENA: Então, você queria me ver?
GABRIEL: Sim, na verdade, é a Flavia. Ela está ao telefone, logo se juntará a nós.
HELENA: Tem algo a ver com o Colin?
GABRIEL: Não, de forma alguma.
