[03] Inebriante

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Kwon Sook's P.O.V.

O vapor da água quente se espalha pelo banheiro e embaça os espelhos quando abro o box. Corro até o quarto enrolada na toalha e minha pele se arrepia com a mudança brusca do calor do banheiro para o quarto gélido. Agacho-me diante de uma das malas que ainda estão no chão e escolho uma lingerie. Pego um vestido preto curto e justo, com ombros nus e mangas longas. Visto-me rápido, calçando botas de canos curtos.

Prendo o cabelo em um coque alto, sem tempo para arrumá-lo. Minha maquiagem é simples. Um batom escuro e algumas camadas de rímel. Visto meu casaco verde escuro de lã e fecho os botões. Borrifo um pouco de perfume, coloco meus anéis e saio do quarto com celular e batom na mão.

Apresso-me e salto pelos degraus da escada, chegando ao vestíbulo. A casa está silenciosa e poucos lustres iluminam o andar inferior. Olho ao meu redor e praguejo. Não há sinal de Jungkook, o que me faz suspeitar que ele me pregou uma peça e saiu sem mim. Confiro a hora no celular. Não estou atrasada. Passaram-se exatamente 15 minutos.

Cruzo os braços, furiosa. Quando pegar aquele dentuço desgraçado, vou cortar a franja ridícula que ele usa.

— Tenho certeza de que não tomou banho. Como se arrumou em tão pouco tempo? — O tom debochado e melodioso soa às minhas costas e eu me viro. — Ah, é porque não se arrumou mesmo. — Ele ironiza e eu reviro os olhos. Jungkook desce, pulando alguns degraus, o que faz seus cabelos se agitarem. Ele veste outra roupa. Uma calça preta, justa e rasgada nos joelhos, camisa também preta e uma jaqueta de couro. — Achei que não quisesse ir.

— Mudei de ideia. — Descruzo os braços, apertando o celular e o batom entre meus dedos.

— Sei. — Ele termina de descer, dedilhando a fivela do cinto. — Vai a uma festa, ou pra igreja? — Aponta para meus joelhos cobertos pelo casaco.

— Cala a boca. — Esmurro seu ombro sem força e o sigo. Jungkook ri e abre a porta. Descemos as escadas de acesso à varanda.

— Tenho alguns avisos pra você. — Ele olha para mim por cima do ombro. Lufadas de seu hálito saem condensadas como fumaça de sua boca, por causa do frio. — Você é filha do Sr. Kwon, todo mundo lá te conhece. Não precisa ficar mostrando o quanto é rica e esnobe. — Franzo a testa, pronta para revidar o ataque. — E somos irmãos, mas não precisa ficar no meu pé. —  Encaminhamo-nos para a garagem. — Não seja minha empata foda.

Perfuro suas costas com o olhar estreitado quando ele me chama de "empata foda".

— Tem mais alguma recomendação, Sr. "não seja minha empata foda"?

Ele abre a porta da garagem e nós entramos.

— Na verdade, sim. Não fique bêbada.

— Quem é você pra me dizer se eu devo beber ou não?

— Se eu te entregar bêbada em casa, o Sr. Kwon arranca minha cabeça.

— Até que não seria má ideia. — Bato o dedo indicador no queixo, caminhando atrás dele. Esbarro em suas costas, porque ele para de andar e se vira para mim. Jungkook segura meu antebraço e inclina a cabeça um pouco para o lado. Um odor fraco e inebriante contamina o ar denso, me atraindo.

— Estou falando sério. Se seu pai quis que eu te levasse, é porque ele quer que eu seja sua babá, lá. Se me der trabalho, vai se arrepender. — Há um brilho intimidador, profundo e magnético em seus olhos escuros.

— Não precisa se irritar, maninho. — Enfrento-o. Seus lábios traçam uma linha fina. A essência que me atrai emana ainda mais perto. — Que perfume está usando? — As narinas de Jungkook tremem e ele me solta, voltando ao seu caminho.

Girl Meets EvilOnde histórias criam vida. Descubra agora