Kwon Sook's P.O.V.
Sinto o vento frio soprar em meu ombro e entendo.
O suor e o movimento intenso da corrida descolaram o esparadrapo do curativo. Fui exposta. O sol queima a linha do horizonte, clareando o rosto pálido e chocado da Srta. Jeon. Ela sabe exatamente o que é a ferida descoberta em meu ombro, e se adianta. Me puxa pela mão para dentro de casa, apressada e sorrateira.
Poucos minutos depois estou enclausurada na sala de estar. Srta. Jeon me pede para sentar no sofá e esperar. E sai. Meu estômago se revira em ansiedade e eu espremo os dedos dos pés dentro dos tênis. Fito uma pintura que jaz na parede, parte da decoração antiquada e restaurada dos Wang que moraram aqui antes de nós. O silêncio do cômodo me oprime e desperta pensamentos ruins.
Se Srta. Jeon sabe o que é a Marca, sabe que seu filho é um Alfa Lúpus e como a Marca foi feita. Ou seja, sabe que eu e Jungkook tivemos um contato íntimo. E agora danou-se. Meu Deus, que vergonha. Ela é uma mulher liberal, mas é minha futura madrasta e Jungkook será meu "meio-irmão". Isso é um forte argumento contra nós.
Srta. Jeon volta à sala com uma maleta de primeiros-socorros quase igual a que Jungkook usou na noite anterior. Mesmo envergonhada, contemplo seu rosto. A ponta de seu nariz está rosada, os olhos molhados. Ela se senta ao meu lado no sofá e eu me ajeito de costas. Srta. Jeon retira o resto do curativo caído e o refaz.
A sensação de silêncio e vazio se espalha por mim. Sinto-me sozinha. Não quero ser obrigada a me afastar de Jungkook. Ele é meu companheiro, a pessoa mais próxima de mim. Muito antes de ser meu namorado, ele era meu melhor amigo. Mesmo sendo uma amizade meio torta, Jungkook e eu estamos juntos desde que me lembro.
Todas as lembranças que guardo são de brigas que nunca foram reais. Nossas implicâncias sempre terminaram com sorrisos, nossas discussões sempre terminavam com sorvetes. Mesmo em nossos momentos mais insuportáveis, era com Jungkook que eu queria ir à escola, às festas ou a qualquer lugar. Era em sua companhia que eu gostava de ler, comer um lanche ou compartilhar algo que aconteceu comigo.
Era para Jungkook que eu entregava meu batom, para ele guardar.
E esse companheirismo nos fortaleceu. Não há segredos entre nós, nem pudores que nos impedem de falar o que pensamos. Conhecemos um ao outro até em nossas piadas internas sobre Tzuyu e Yugyeom. E, mesmo nas vezes em que machucamos um ao outro, de verdade, só me lembro dos pedidos desajeitados de perdão, toscos e nossos. Porque é o que somos.
Jungkook não é apenas um namorado. Ele tem sido meu melhor amigo há tantos anos... Não me imagino longe dele.
Lágrimas embaçam minha visão, mas não caem.
Ouço um fungar às minhas costas e meu coração se aperta. Não sei porque Srta. Jeon está chorando e isso me atordoa. Estou confusa, perdida e envergonhada. Triste e com a voz embargada na garganta. Não sei nem ao menos mentir para ela, para dizer que ela viu errado e isso de Marca e Jungkook não tem nada a ver.
Ela termina o curativo, se levanta e anda de um lado para o outro da sala. Passa as mãos pelo rosto, limpando-o.
Preciso dizer alguma coisa.
— Srta. Jeon, não sei o que é isso de Marca não. — Falo rápida, desajeitada. Pigarreio para afinar a voz trêmula, numa tentativa patética de mentir. Porque não sou tão boa atriz quanto Jungkook. é um ator. — Isso aqui foi a mordida de uma amiga doida na escola e...
Credo. Não sei que desculpa é pior. Essa, ou a de que eu danço K-pop.
— Eu sei o que é uma Marca. Você não estava com ela ontem, quando escolhemos uma roupa no seu closet. E o único Alfa que entrou nessa casa ontem à noite foi o Jungkook. — Ela vem até mim e se senta no centro de mesa de mogno da sala. De frente para mim. — Eu sei.

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Girl Meets Evil
Storie d'amore[Não aceito adaptações desta obra] Nasci em Juggi, uma cidadezinha perdida na Coreia do Sul, mas a deixei por não suportar a dor da perda da minha mãe e da minha irmã mais velha. Appa e eu nos mudamos para Seul, que me acolheu e me reergueu como um...