Kwon Sook's P.O.V.
Fito as grades que limitam o estacionamento, as folhas das árvores que balançam com a brisa leve, o asfalto escuro e quente por causa do sol. Acompanho os movimentos dos veículos que passam e me lembro da discussão que tive na sala restrita. Ouvi toda sorte de ofensas. Fui chamada de arrogante, coitada, fingida e dissimulada. Aquilo me surpreendeu tanto que, na hora, não soube revidar.
Tentei argumentar para provar que as acusações eram infundadas, mas Tzuyu distorceu cada palavra e se mostrou incapaz de se colocar em meu lugar para entender que o que ela fez foi covarde. Ele não é sincera, autêntica ou impulsiva. É cruel, desumana. Aproveitou-se da minha fragilidade para crescer sobre mim. No fim das contas, duvido que ela consiga fechar os olhos à noite e descansar em paz.
Por isso, não devo dar-lhe o valor que ela não tem. Já tenho problemas demais com que me preocupar. Merda, o assassino da minha família está solto por aí e me ameaça, não tenho tempo para brigar com uma garota descontrolada. Se ela é incapaz de sentir o mínimo de empatia por mim, não sentirei por ela. E se ela achar isso ruim, não é meu problema.
Foi ela que me machucou primeiro.
E, talvez eu me torne a vilã de sua história, mas pouco me importo.
Porque essa não é a história de Tzúcifer.
É a minha.
Assim, sigo meu caminho.
E Jungkook rouba meus pensamentos.
Seus dedos longos se entrelaçam aos meus. O toque firme e quente afasta minhas inseguranças e mágoas. Encaro seus olhos serenos. Ele sorri com os dentinhos protuberantes à mostra, faz um leve aceno e me ajuda a levantar. De mãos dadas, atravessamos a calçada até a livraria, e a dor que sinto se esvai. Sinto-me perto de um amigo, um companheiro, alguém que amo.
— Tzuyu viu a gente de mãos dadas. — Jungkook sussurra e eu ergo a cabeça.
Meus olhos se esbugalham.
— Quê?
— Relaxa. Se ela criar alguma fofoca, a gente ri.
— Ah, Claro. Se nossa resposta for uma risada, todo mundo vai pensar que a ideia de a gente ficar é absurda. — Ele assente sem hesitar. — Você é um mestre da enrolação mesmo. Nem sei porque me surpreendo.
— Eu tento. E a gente não está ficando. — Jungkook franze o cenho. — Você é minha namorada.
— Ah, é. Você me pediu em namoro enquanto se declarava pro Justin Bieber. — Emendo, com descaso.
— Aish! — Jungkook ri e ergue o rosto para o céu. — Você nunca vai esquecer isso.
— Como esquecer? "Cara, eu amo o Justin Bieber". — Imito seu tom de voz e Jungkook me olha de lado.
— Is it too late now to say sorry? — Ele canta Sorry, do próprio Justin Bieber, para tirar minha paciência, mas falha na tentativa, porque sua voz é macia, leve, melodiosa. Tão bonita que me distrai. — Yeah, I know that I let you down, is it too late to say I'm sorry now?
"Sim, eu sei que te desapontei, é tarde demais para pedir desculpa?"
— Como você consegue ser tão irritante e fofo ao mesmo tempo? — Não consigo esconder a satisfação em minha expressão.
— Não sou fofo. — Jungkook franze o cenho e eu rio.
— E, aigoo... Você nunca tinha cantado pra mim, antes. — Murmuro baixinho, sem tirar o sorriso dos lábios. — Eu gostei. Sua voz é tão bonita... — Desvio o olhar e evito encará-lo. — Aish, eu não devia dizer isso, porque você vai ficar insuportável, mas podia cantar mais vezes pra mim... Eu não ia me incomodar. — Faço um bico pensativo e ele ri.

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Girl Meets Evil
Romance[Não aceito adaptações desta obra] Nasci em Juggi, uma cidadezinha perdida na Coreia do Sul, mas a deixei por não suportar a dor da perda da minha mãe e da minha irmã mais velha. Appa e eu nos mudamos para Seul, que me acolheu e me reergueu como um...