Jeon Jungkook's P.O.V.
— Relaxa, Jungkook. — Yugyeom vinca a testa.
— Não consigo.
Atravesso o corredor vazio pela quinta vez e inalo o ar infestado pelos odores de papel e impressão. Minha cabeça dói. Memórias frescas me atormentam. Ainda consigo sentir o frio em seu corpo inerte como um cadáver em meus braços. Os lábios roxos, os olhos opacos e mortos. As pupilas que não se dilatavam. A pele pálida demais. Ela parou de respirar e o pulso se foi. Eu corri. Avancei com minha vida para dentro da livraria e gritei por Jin Hyung até que minha garganta doesse. Nunca senti tanto desespero.
Àquela hora eu não admiti, não podia. Mas, a verdade é que sabia que ela estava morta em meus braços e eu não podia fazer nada além de assisti-la escapar definitivamente das minhas mãos. E, a cada segundo de espera, de exame, de urgência, a morte arrancava mais um pedacinho do meu coração. Eu estava impotente, indefeso, desarmado. Foi Yugyeom que me conteve e me segurou pelos braços quando Jin a levou até o laboratório de Namjoon Hyung.
E é ele que está comigo agora.
Repete o que Namjoon veio me dizer há poucos minutos.
— Foi só o efeito de um feitiço e Seokjin já está dando o antídoto. Ela vai ficar bem.
— Ela estava morta, Yugyeom. — Retruco.
— Aish, Jungkook, deixa de ser burro. O Namjoon disse que esse era o efeito do feitiço. "Prope Mortem é um feitiço que simula a morte e deve ser desfeito antes de 24 horas da feitura, ou se tornará permanente e matará a vítima". Foi isso que ele disse.
— Você não entende.
Ele nunca será capaz de entender. A sensação de ver a vida escapar do corpo da mulher que eu amo ainda me causa calafrios intensos e atormenta minha cabeça. Um gosto acre se espalha por minha boca e pigarreio para limpar a garganta seca e dolorida. Se fecho os olhos, ainda vejo seu rosto com uma expressão mortiça e inanimada. Isso me corrói. Ela não pode morrer antes de mim, nunca. Não. Eu seria incapaz de viver sem ela. Não conseguiria seguir sem a Monstrinha. Passo as mãos pela cabeça e esfrego os dedos nos cabelos.
— Eu vou lá. — Digo.
— Você só vai atrapalhar se for lá agoniado desse jeito. — Yugyeom revira os olhos. — Ela vai ficar bem.
— Bem, o caralho. Eu preciso vê-la. — Ando até a escada em espiral e Yugyeom segura meu braço.
— Para de ser impaciente, porra. Deus me livre de ficar numa sala com você esperando seu filho nascer.
— Vai tomar no cu. — Rosno e ele me puxa pelo braço.
— Se quiser me xingar, ótimo, mas aqui embaixo. Deixa o Jin cuidar da Sook.
Trocamos um olhar acirrado e eu bufo. Desvencilho-me de sua mão e ele suspira, cansado. Volto a caminhar de um lado para o outro do corredor, cansado. A dor física e a exaustão mental me esgotam por completo e a última meia hora tem sido a mais tensa e cansativa da minha vida. Em alguns momentos eu quase chorei. Ouço passos na escada em espiral e viro a cabeça em um movimento ágil, mas quem vem até nós é Yoongi Hyung. Seu rosto não tem mais quase nenhuma marca do nosso confronto.
Ele desce devagar, degrau por degrau. Não há o habitual desprezo pelos mortais em sua expressão. Sua postura é de alerta, e os olhos negros encontram os meus, claros e compreensivos. Ele sabe exatamente que tipo de angústia me afligiu há poucos minutos. E vem até mim. Quieto, paciente, frio. Estende uma toalha úmida e um moletom cinza.
— Limpe o sangue das suas mãos e vista isso aqui. — Ordena. Assinto em silêncio e caminho até o balcão da loja. Afrouxo e tiro a gravata, puxo a camisa e a desabotoo. Também a retiro e pego a toalha úmida. Esfrego-a pelo abdome, pelos braços, pelas mãos. — Ela vai ficar bem, sabe? Jin já deu o antídoto. O coração dela voltou a bater e ela está respirando. Ainda não acordou, mas ele disse que é normal.
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Girl Meets Evil
Roman d'amour[Não aceito adaptações desta obra] Nasci em Juggi, uma cidadezinha perdida na Coreia do Sul, mas a deixei por não suportar a dor da perda da minha mãe e da minha irmã mais velha. Appa e eu nos mudamos para Seul, que me acolheu e me reergueu como um...