Kwon Sook's P.O.V.
— Por que estava chorando?
A carícia se concentra em minha coxa e sobe até a barra do moletom. Seus dedos brincam com o tecido, alheios aos efeitos que provocam em mim. Esforço-me para manter o raciocínio e respondê-lo, mas o rubor preenche minhas bochechas, leves arrepios irrompem em minha pele. Fito seus olhos com pupilas dilatadas e insondáveis. É como se ele pudesse enxergar minha alma. Arrasto a colher pelos lábios e sugo o canto da boca. Cavo o pote de sorvete e baixo o olhar, com um sorriso desconcertado.
— Longa história. — rumorejo, comendo mais um bocado. — Quer mesmo ouvir?
— Quero.
— Estou com medo. Tudo isso está acabando comigo.
— Eu entendo. Namjoon me ligou mais cedo. Disse que te entregou os resultados dos exames depois da aula, que você não saiu de lá bem. — Jungkook afasta umas mechas de cabelo desgrenhadas do meu pescoço e inclina a cabeça para fitar meu rosto. Exibe uma aura tranquila e enrola o dedo indicador na barra do meu moletom.
— É que... Portadores do 'gene O' têm tendência a desenvolver doenças no sangue. Desde uma simples anemia a, pelo que entendi, câncer. — Minha testa se enruga e eu sorvo um pouco de sorvete, mas a vontade de comer cessa. — Posso adoecer. — Encho a colher e coloco na boca de Jungkook.
— Namjoon me disse que você é tão saudável quanto eu. — Ele retruca de boca cheia. Toma a colher da minha mão e come mais sorvete. — Você não vai adoecer, nem morrer.
— E se, de repente eu... — Ele larga a colher dentro do pote de sorvete e o coloca no chão, aos nossos pés. Olha-me com as bochechas cheias e a boca suja.
— Não vai. Não vai e pronto. — Suas pernas se mexem desconfortáveis. Tento me levantar, por achar que meu peso incomoda, mas Jungkook me puxa de volta ao seu colo. — Fica aqui. — Não tem tom de ordem, mas de consentimento. — Namjoon me disse que você precisa comer direito. O que almoçou? — Rio com suas palavras e ergo as mãos, limpando os respingos de sorvete nos cantos de sua boca e bochechas. — Não comeu, né? — Não respondo. — Você não tem jeito.
— Eu vou jantar, tá?
— Jantar o quê? Aquelas frutinhas que você guarda num potinho? Tem que comer de verdade. — Jungkook cinge minha cintura e espalma minha coxa em um toque mais sólido, generoso, quase atrevido. Meu ventre se contrai em um calafrio. — Vou trazer Jin Hyung pra te dar comida. Aquela vez no restaurante com ele foi a única vez que te vi comer um prato de comida inteiro.
— Aish.
— Você tem que comer, e eu vou cobrar.
— Certo, certo. — Suspiro com um sorriso enviesado. — Namjoon fez mais alguma recomendação, te falou do meu teste hormonal?
— Falou.
— E o que ele disse?
— Algo sobre puberdade e peitos maiores, não com essas palavras. Nada que eu já não tivesse percebido. — Vejo seu descaramento típico no sorriso. Jungkook desce um olhar por meu corpo até o colo coberto pelo moletom. Suas íris escuras faíscam carmesins. Há um desejo visível nas pupilas dilatadas, que ele não ousa mencionar em voz alta, mas não parece se importar em transparecer. — Está sem sutiã?
— E ainda reclama quando eu te chamo de Taradokook. — Cruzo os braços e ele pestaneja.
— Aish, vai ser difícil me concentrar agora.
— Namjoon te falou sobre os cios? — Tento mudar de assunto com o rosto corado e uma expressão raivosa. Percebo minha asneira imediatamente. Se quero mudar de assunto, falar sobre sexo selvagem não é a melhor opção.
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Girl Meets Evil
Romance[Não aceito adaptações desta obra] Nasci em Juggi, uma cidadezinha perdida na Coreia do Sul, mas a deixei por não suportar a dor da perda da minha mãe e da minha irmã mais velha. Appa e eu nos mudamos para Seul, que me acolheu e me reergueu como um...