[17] Esconde-esconde.

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Kwon Sook's P.O.V.

Eu deveria sentir medo de Jungkook.

Seria a reação mais plausível, uma aversão natural ao desconhecido. Um instinto de auto-preservação. Afinal, tenho provas de que sua espécie é perigosa. Minhas memórias não o defendem. Ele próprio vive em um conflito sobre ser ou não um monstro. Entretanto, o que sinto é curiosidade. Jungkook despertam meu interesse, sinto-me atraída por conhecer mais das lendas que o cercam, quem ele é.

Desde aquela noite, analiso sua rotina. Ele vai à escola, ao estágio, estuda e jogar vídeo-game no quarto. As saídas noturnas diminuíram, mas ainda o ouço combinar encontros com garotas e escapar na surdina. A maneira como age com os amigos e a família é igual, contudo há uma leve mudança comigo. Quase sempre é o mesmo palhaço convencido cujo esporte preferido é me tirar do sério, mas às vezes uma sombra mancha seu sarcasmo e ele me evita, como se sentisse vergonha.

Quando acontece, sinto falta do velho Jungkook.

Por outro lado, durmo bem. Sem sonhos ruins. Nada de suor frio, palpitação, alucinações e tonturas. Sinto-me disposta, concentrada, até mais contente. Estou bem e posso me ocupar com uma atividade importante. Leio todo o livro que peguei emprestado na livraria de Seokjin e encontro um capítulo inteiro sobre híbridos. Ele sabia o que fazia quando me deu esse volume de sua enciclopédia.

E isso me leva a desconfiar dele.

Será que Seokjin é um híbrido ou alfa, ou sei lá o quê?

Vejo algo com a visão periférica e acordo dos devaneios. À sombra da minha mesinha aos pés da piscina -meu novo lugar favorito nessa casa velha e mal-assombrada-, vejo Taehyung, Jimin e Jungkook correrem até pular de uma só vez. A água se espalha para todos os lados, transbordando nas margens. Faço uma careta e os meninos emergem do mergulho. E percebem minha presença.

Encolho um pouco as pernas que repousam no encosto à frente da minha poltrona, bebo um gole do suco de morango e baixo o olhar para o diário de Wang Juran, que eu lia antes de me perder em minhas especulações sobrenaturais. Meu plano, apesar do combinado com Jungkook, é ler durante o dia para não sentir tanto medo e não depender dos poucos horários disponíveis dele".

Noto que não conseguirei ler, porque Jimin nada até a margem mais próxima de mim e se debruça no mármore, apoiando o queixo nos braços cruzados. Ele franze a testa e sorri.

— Estudando em pleno domingo, Sook?

— Não, estou lendo... É só lazer.

— Por que não vem nadar com a gente? — Uma gota de água pende no lóbulo de sua orelha.

— Não posso, estou lendo. — Mostro o diário.

— Ah... Mas, está fazendo tanto calor e a água está tão boa. — Jimin insiste. — Não quer mesmo?

— Não... Obrigada. — Sorrio para ele, que faz um bico. — Não gosto muito de piscinas.

— O que estão conversando? — Taehyung para ao lado de Jimin, sem encostar na borda. — Ei, Sook, vem nadar com a gente?

— Era sobre isso que falávamos, Tae... Não curto piscinas.

Uma forma mais escura se aproxima por baixo da água e chama minha atenção. A superfície ondula e Jungkook emerge atrás de Taehyung, se apoia nos ombros do amigo e o afunda na água. Joga a cabeça para o lado, afastando os cabelos ensopados da testa, e as gotas se acumulam em seu rosto. Descem por suas bochechas e afagam seus lábios avermelhados, que se abrem em um sorriso mordaz.

Os olhos escuros percorrem meu corpo e se fixam em meu colo, onde descansa o diário da Srta. Wang.

— Está lendo sem mim, Monstrinha? — Seu semblante se contrai, teatralmente ofendido. — Estou me sentindo traído.

Girl Meets EvilOnde histórias criam vida. Descubra agora