[14] Presente.

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Kwon Sook's P.O.V.

Achei que conseguiria encarar meu futuro-meio-irmão sentada à mesa no jantar, só que não. Estou zonza com minha descoberta. Por isso, retorno ao meu quarto com uma pontada de curiosidade e raiva por ter sido enganada, examinando meu celular. Por que Jungkook compraria um presente desses para mim? Não parece plausível.

Contemplo o céu noturno através das portas abertas. Encolho-me, abraçando os joelhos, sentada na cama. Distraio-me. Volto à tona ao ouvir as dobradiças da porta rangerem. Olho por cima do ombro para Jungkook, que tenta um sorriso. Encaramos um ao outro à meia luz. Por que ele mente tanto para mim? O que ele realmente pensa de mim?

— Quem te deu permissão pra entrar?

— Queria expli...

— Mentira. Se quisesse, teria feito no dia que me deu o celular. — Digo, cansada.

Jungkook franze o cenho.

— Você está com raiva porque eu te dei um celular?!

— Aqui, eu agradeço pelo presente, mas não pedi pra me dar nada. Não pode passar isso na minha cara, não vou permitir.

— Aish. Você é a única pessoa que eu conheço que ficaria com raiva por receber um presente. Por isso não disse que fui eu.

Não, Jungkook. Você mentiu.

— Você disse que queria explicar, não disse? Estou esperando. — Ergo o queixo e Jungkook arfa.

— Por que não agradece nada que eu faço por você? Eu quis fazer uma genti...

— Não quero suas gentilezas, quero sua sinceridade, Jungkook. Se tivesse me dito a verdade desde o começo, eu não estaria irritada. E não estou com raiva de ter me dado um presente, mas porque mentiu. Pior, eu te perguntei se tinha sido você e me manipulou e me fez entender que tinha sido Appa. E eu já te vi mentindo outras vezes. — Respiro fundo. — Quer me fazer uma gentileza? Fale a verdade.

Um momento de silêncio frio nos ocupa, e eu escuto seus lábios se mexerem, entreabertos.

— Você aponta o dedo e me julga como se fosse evoluída, melhor ou mais madura, sem se importar com o que eu fiz, de fato. Tudo o que eu fiz até agora foi pra tentar melhorar nossa convivência e...

— Você me xinga, grita comigo, me expulsa, me manda ficar longe de você e dos seus amigos, me faz passar vergonha na frente do cara que eu gosto e não cumpre nosso único combinado de trégua, e está tentando melhorar nossa convivência?!

— Eu tento me desculpar todas as vezes, mesmo quando não tenho culpa, como agora!

— Ah, não! Porque eu sempre jogo a culpa em você! — Ironizo. — Eu que sou a patricinha mimada que nunca olha além do meu umbigo, né?! Me poupe!

— É isso que você é! E quer saber do que mais, pra mim, chega! Cansei de tentar! Você é mesmo uma mimada que vive numa bolha e não consegue se colocar no lugar dos outros!

— Como se você fizesse isso!

Ele ruge de raiva.

— Eu te dei essa merda de celular porque me senti culpado por ter te deixado sozinha no dia em que caiu no buraco! Eu agi de forma errada e fiquei com remorso! Não sabia que estava se sentindo tão sozinha, ok?! Não sou obrigado a saber, e me senti mal, quis me desculpar! Só que fui te entregar, e vi a cara que você fez, quando perguntou se tinha sido eu. Não quis começar outra discussão! — Ele ofega. — Mas eu já entendi. A gente nunca vai se entender e você vai continuar sozinha.

Girl Meets EvilOnde histórias criam vida. Descubra agora