[31] Epifania.

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Jeon Jungkook's P.O.V.

Percorro o vestíbulo de um lado para o outro com impaciência. A fúria se alastra como o grito de uma multidão de vozes, cada vez mais inflamada, pulsante, vívida. À cada segundo cadenciado por meus passos, martelo o perigo ao qual ela foi exposta pela explosão. Se um daqueles fios incendiados carregasse o fogo até o casarão, talvez estivéssemos feridos ou mortos.

Eu preciso saber o que aconteceu para evitar que se repita.

Soco o punho na palma da outra mão e estalo o pescoço. Ergo os olhos pelo pé direito dos andares do casarão e fito o lustre que pende no centro do teto e divide o interior em duas metades iguais. Cravo as unhas do pulso cerrado na palma. O ódio se manifesta em meus músculos retesados, nas mãos trêmulas, no rugido animalesco e hostil que se prende na garganta. Eu preciso esmurrar alguém.

Retraio-me para tentar buscar minha racionalidade, perdida na ira profusa e vermelha de Alfa Lúpus.

A porta se abre lentamente e revela o hóspede da família. Apesar de ser um Beta comum, eu sei identificar o cheiro de seu perfume. Seu semblante é imperturbável, os olhos estreitados em uma inocência quase respeitável. O sorriso descontraído de Jackson se molda nos lábios finos e ele me cumprimenta cordial, como se nada estivesse acontecendo, quase como um cúmplice meu.

— Ya, Jungkook. O que está fazendo sozinho aqui? Cadê a Sook?

Minha suspeita vacila por um segundo.

— Estou te esperando.

— Pra quê? — Sua sobrancelha se arqueia em desconfiança e a postura se enrijece. Ele sabe que eu quero confrontá-lo. — Eu acho melhor você se acalmar, porque seus olhos estão mais vermelhos do que o tapete do Oscar. — Jackson não move nem um músculo. — Olha, eu sei que você não me curte, mas a Sook gosta muito de você e acho que a gente devia, pelo menos, se tratar com educação. Por ela.

— Até você me explicar o que houve lá fora, foda-se a sua educação.

Jackson inclina a cabeça para o lado, sem se amedrontar por meu timbre ameaçador. Há um brilho indistinto em seu sorriso ácido.

— Não use esse tom pra falar comigo.

— Não tenho medo de você. Vai me explicar, ou não?

— Explicar o quê?! — Jackson retorque com rispidez.

— A explosão no poste do jardim. Houve um incêndio. Por pouco não atingiu a casa, podia ter machucado a Sook. E há alguns indícios de que foi proposital. Um incêndio criminoso.

— Explosão? Incêndio criminoso? A Sook tá bem? — Seus olhos se arregalam em uma surpresa com nuances preocupadas e Jackson, até então imóvel, fita as escadas, irrequieto. — Cadê ela?

— No quarto, disse que ia tomar banho. Você vai me dizer que não sabe de nada?

— Como eu vou saber?! Eu tenho cara de eletricista ou Sherlock Holmes, por acaso?

— Eletricista, não. Sherlock Holmes, nunca. Mas, de culpado? Talvez.

A paciência de Jackson acaba.

Seus punhos se fecham e ele avança até mim. O rosto endurece, a linha rígida do maxilar travado forma sulcos em suas bochechas, que se encovam de forma sutil. Ele para bem perto e me encara sem demonstrar qualquer hesitação. Nossos rostos estão a centímetros um do outro. A expressão ultrajada com minha insinuação inflama as maçãs de seu rosto e sua testa, que ganham tons rosados.

— O que quer dizer com isso?

— Você sabe o que eu quero dizer com isso. — Estamos a ponto de nos engalfinhar em uma luta.

Girl Meets EvilOnde histórias criam vida. Descubra agora