Jeon Jungkook's P.O.V.
Abrir a porta do quarto de Jisoo é impossível.
Mas, eu tento. Travo o maxilar, deixo os dentes à mostra e franzo o nariz. Faço força. Minhas mãos ardem na alça da furadeira contra a fechadura, mas ela nem se arranha. As veias saltam em meus antebraços, os músculos queimam com o esforço. As gotas de suor formam caminhos sinuosos na minha pele e resfriam o dorso nu e quente. Minhas têmporas latejam em frustração e fúria.
Desligo a furadeira, rosno e esmurro a porta com uma força desnecessária e inútil. Ela nem se mexe. É como se fosse feita de aço, e não de madeira. Deixo a furadeira no chão e pego a marreta outra vez. Aperto os dedos na ferramenta e a giro no ar. Bato-a contra a porta, com força, repetidas vezes. Além dos baques pesados e ensurdecedores, nada acontece.
— Caralho! — Coloco a marreta no chão. — Me dá o pé de cabra de novo.
— Não vai adiantar, Jungkook.
— Caralho... — Viro-me para ela, que assiste meu serviço sentada no chão, encostada na parede oposta. — A furadeira nem arranhou essa bosta. — Aponto para trás. Sinto sua inquietação, e descubro que não é por causa do nosso fracasso. Reflexos azuis brilham em suas íris e seu foco está em meu corpo. Sua atenção recai sobre os músculos suados e enrijecidos pelo esforço. — Que foi...?
— Hm? Quê? — Ela ergue as sobrancelhas. Sinto o cheiro da excitação entre suas pernas. É denso, alucinógeno, satisfatório e atrai meus instintos mais baixos. Já contive a ereção outras vezes hoje, mas o cheiro dela me envenena. Pressiona meus nervos e me desperta para mais do que a frustração de não conseguir abrir a porta. É a proximidade do cio. Do dela e do meu. — Ah! A porta. Então... Era pra ser fácil, mas o que é fácil na nossa vida, não é verdade? — Ela murmura com um riso amarelo.
Tenta disfarçar o que está sentindo.
E, se ela quer disfarçar, vou entrar no jogo.
— Merda. — Resmungo e faço uma lista mental do que usei. Pé de cabra, marreta, furadeira e serra. — Vou buscar o machado.
Esfrego a testa suada com as costas da mão. Endireito-me para atravessar o corredor, me afastar de sua excitação e controlar a minha. A verdade é que estamos sedentos, mas há tantos problemas a resolver, que não sobra nada para nós. Só que Sook me surpreende. Levanta-se em um sobressalto e vem até mim. Ela segura meu pulso, me obriga a olhá-la.
As diversas palavras que não trocamos durante o olhar ecoam em meus ouvidos. Em meio a imensidão castanha de seus olhos, enervada pelo azul sobrenatural e Ômega, vejo o que é certo. Preciso parar de agir pelo impulso e raciocinar. Se uma marreta não amassou a maçaneta, se uma furadeira não furou a madeira ou arranhou a fechadura, um machado também não servirá.
Minha força é inofensiva, perto da magia que tranca o quarto de Jisoo.
Respiro fundo, com cuidado.
— Qual é nossa melhor opção? — Pergunto.
Ela engole em seco. Suas narinas tremem e eu sei que ela se controla como eu.
Então, como se não estivéssemos condenados, ela sorri.
— Namjoon ou Jin podem vir aqui pra dar uma olhada. — Sook solta meu pulso e passa as mãos pelo vestido de moletom. Desvia o olhar do meu, mas seu suor frio ainda respira na minha pele. — Isso é... Obra de uma magia que não conheço. Vou procurar no diário da Jisoo, ou da Juran, mas isso vai demorar. Não podemos continuar aqui, dando murro em ponta de faca. Já passa das oito da noite... Você deve estar com fome e eu estou... Exausta. Vamos jantar e descansar. Depois, a gente continua.
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Girl Meets Evil
Romance[Não aceito adaptações desta obra] Nasci em Juggi, uma cidadezinha perdida na Coreia do Sul, mas a deixei por não suportar a dor da perda da minha mãe e da minha irmã mais velha. Appa e eu nos mudamos para Seul, que me acolheu e me reergueu como um...