Kwon Sook's P.O.V.
Meus passos ecoam como batidas lentas no piso da sala restrita da biblioteca.
Paro diante de Tzuyu, com os olhos fixos nos seus. Medo e aflição tremeluzem em suas íris castanhas, nas pupilas dilatadas. Ela tem plena consciência de que eu ouvi tudo o que ela realmente acha sobre mim. A máscara de amiga que ela pensava sustentar acabou de se despedaçar debaixo de seus pés. A pergunta que fica é: Ela realmente achou que algum dia eu acreditei em sua amizade?
— Oi... Tzuyu.
Seus lábios tremem, mas ela fica em silêncio.
— Sook, vamos...
— É melhor não se meter. — Não interrompo Jungkook de forma brusca, apenas me imponho. Ele assente de imediato e dá um passo para trás. Encosta-se em uma parede e coça o nariz repetidas vezes. Tenta fungar, mas espirra. Suas narinas estão vermelhas e irritadas. Alergia. Deve ser por isso que não sentiu minha presença antes, como eu senti a dele. Seu respeito por minha decisão faz meu coração pulsar mais rápido. Volto-me para Tzuyu e me sinto mais forte para enfrentá-la. — Não vai falar nada?
— Não sabia que você estava aqui...
— E esse é um ótimo motivo pra me xingar de pobre menina rica, não é?
— Eu não sabia que estava aqui. — Tzuyu repete entredentes.
— E na educação física? Quando ri de mim, acha que eu também não estou lá? — Não altero a voz, fria. Minhas mãos pendem próximas ao corpo e eu respiro lentamente. — E na sala de aula, quando zomba das minhas notas? Acha que eu não estou lá? E quando me trata como se eu fosse uma pessoa com problema de retardo mental? Acha que eu não estou lá? Ou quando zomba de eu ser órfã, ter um motorista e poucos amigos? Acha que não ouço? Quando ri da minha depressão na sala de aula, acha que eu não vejo?
— Sook... — Ignoro o pedido de Jungkook e prossigo.
— Você só tem coragem de me enfrentar pelas costas, Tzuyu?
Ao ouvir minha provocação, ela sai da inércia.
— Você nunca se incomodou com minhas brincadeiras. Nunca reclamou. E eu nunca fiz nada demais, só falo o que penso. Às vezes sou meio impulsiva, mas sou sincera. Esse é o meu jeito e todos me aceitam assim. Você sempre aceitou. Aí, do nada, está sentida... Se é assim, por que não me disse antes?! Pra fazer a coitadinha? Sua dissimulada. Deve ser muito ruim, né? Ser bajulada o tempo todo e de repente ouvir a verdade de alguém que é muito melhor que você.
Demoro a acompanhar sua linha de raciocínio e medito sobre a distorção que ela faz da situação.
— Quer dizer que acha mesmo que não me machucou em todas as vezes que zombou, fingiu, riu e falou mal de mim?
— Ah! Não se faça de vítima! — Tzuyu dispara. Ergo as sobrancelhas, espantada com seu descontrole. — Quem mandou estar aqui logo agora?! Se escutou, a culpa não é minha! E não faça cara de coitada! Não cola comigo, nem com Jungkook! Nós sabemos que você é só uma filha da puta arrogante e mimadinha, que não suporta ser contrariada! — Solto um riso de desespero e ela se inflama. — Do que está rindo? Por acaso falei algo engraçado?
— Quer que eu seja sincera? — Retruco, incrédula.
— Ah, mas você é mesmo uma arrogante de merda! Olha pra todo mundo de cima só porque é rica. — Ela esbraveja, como se estivesse certa. — E ainda fica com esse sorrisinho idiota no rosto! Garota, você é uma dissimulada!
— Tzuyu, você já procurou um psicólogo? Sei lá... O que...
— NÃO ME INTERROMPA! — Tzuyu cospe as palavras.
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Girl Meets Evil
Romance[Não aceito adaptações desta obra] Nasci em Juggi, uma cidadezinha perdida na Coreia do Sul, mas a deixei por não suportar a dor da perda da minha mãe e da minha irmã mais velha. Appa e eu nos mudamos para Seul, que me acolheu e me reergueu como um...