Jeon Jungkook's P.O.V.
A caixa transformadora de um dos postes da rede elétrica incendeia.
O fogo espirala em bolhas alaranjadas que expelem erupções de fumaça negra no ar. O calor dissolve os cabos da fiação em pequenas explosões, com zumbidos de corrente desperdiçada e fagulhas que aumentam o crepitar das chamas. Os fios esgarçados e parcialmente derretidos ainda emitem corrente, por isso serpenteiam e faíscam no pavimento próximo ao jardim lateral. Fito o concreto chamuscado do poste com as mãos enfiadas nos bolsos da bermuda de moletom, para esconder o volume que se destaca no tecido.
Contemplo o fogo, incrédulo.
— Que porra é essa?! — Indago, impaciente.
— Não faço a mínima ideia. — A Monstrinha murmura ao meu lado. Seus olhos arregalados admiram as chamas. — Já chamou a segurança? — A brisa joga seus cabelos lisos e escuros sobre o rosto e ela acomoda algumas mechas atrás da orelha. Respondo com um aceno afirmativo e me lembro do momento da explosão que deixou o casarão sem energia e nos atrapalhou na biblioteca.
Maldito estrondo.
— Que merda. — Com uma das mãos enfiadas no bolso, tento ajeitar o volume na roupa íntima, para disfarçar e acomodar melhor a ereção. — Caralho. — Praguejo, furioso. — Caralho, mano. Vai se foder. — Murmuro e estico o dedo do meio na direção do poste.
— Calma, Jungkook. — Ela me censura.
— Calma o cacete. Esse poste não podia esperar vinte minutos pra pegar fogo? Eu queria passar mais um tempinho no paraíso, pode ser? — Ouço uma risada divertida da Monstrinha. — Alguma coisa sempre acontece e atrapalha a gente. E você ainda ri da minha desgraça. Seu objetivo é acabar com a minha vida sexual. — Sook gargalha e encosta a testa em meu ombro. — Já saquei seu plano. Você não quer um taradokook, quer um santokook.
— QUÊ?! — Ela ri tanto, que seu resfolegar se transforma em tosse. Sorrio jocoso e espero que ela se recomponha. Demora um pouco, mas ela esbofeteia meu braço e é minha vez de rir. — Seu imoral.
— Sou mesmo. — Confirmo com um aceno e ela continua a rir mais debochada. — E, vem cá, nosso acordo não era sobre beijos?
Minha pergunta tem efeito imediato sobre ela.
Ela se acanha e ela evita meu olhar. Os cílios longos e volumosos cobrem as íris ambaradas e os lábios pequenos transparecem inflamados, em tom carmesim. Ainda é uma consequência do beijo que trocamos há poucos minutos. E ela é tão bonita... Tão bonita. Então, me lembro de que não foi isso despertou meu interesse. À primeira vista, Sook parece uma garota rica e mimada, que vive protegida em uma bolha criada por um pai super-protetor e por todo o dinheiro que o ser humano pode acumular.
Mas, ao conhecê-la mais de perto... Ela é interessante. Tem um humor inteligente e ácido, é corajosa e resiliente. Mesmo diante das situações mais desesperadoras, já a vi se erguer, bater a poeira da saia e continuar seu caminho. É isso que me faz gostar tanto dela. Afundo-me em seu universo poético e sombrio, encontro um mundo em que amor, sonhos e escuridão colidem.
Quero beijá-la, agora.
— Nosso acordo foi sobre beijar, mas você adora pegar em mim, não é mesmo? — Ela revida com valentia e eu rio.
— Sou um Alfa carente, você é uma Ômega gostosa e a gente está se pegando. Fazer o quê se eu fico assim? — Aponto para baixo.
— Jungkook! Você não tem jeito. — Ela resmunga, com a expressão falsamente aborrecida. A Monstrinha cruza os braços abaixo do colo e seus seios saltam sob a camiseta que ela veste. Sua sobrancelha se arqueia. — É muito estranho.
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Girl Meets Evil
Romance[Não aceito adaptações desta obra] Nasci em Juggi, uma cidadezinha perdida na Coreia do Sul, mas a deixei por não suportar a dor da perda da minha mãe e da minha irmã mais velha. Appa e eu nos mudamos para Seul, que me acolheu e me reergueu como um...