[18] Confusa.

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Kwon Sook's P.O.V.

Meu conflito é real.

Jeon Jungkook é meu irmão mais velho irritante. Brigas e provocações fazem parte da nossa rotina e já pensei odiá-lo, já sofri por não querer sua companhia e já desejei nunca tê-lo conhecido. Mas, ele também já me fez sorrir nos momentos em que estive mais vulnerável e não me desamparou quando precisei de uma mão e estava sozinha. Ele sempre me atende sem pedir nada em troca.

Como um irmão faria, ainda que não o seja.

É que sua mãe me chama de filha, meu pai o chama de filho.

Deveríamos ser irmãos?

Não sei. Só sei que me envergonho por desejá-lo. Ele é o dono de uma essência que me fascina, me enfeitiça e sacode até os ossos. Ele é dono desse toque que me arrepia, desperta instintos que eu não conhecia, mas me leva a uma sensação tóxica. É como se não fosse eu, ou eu fosse apenas uma metade de mim. Não me sinto inteira e isso me maltrata. Não posso estar em pedaços. Estou assim por causa dele? Se for, não posso deixá-lo me controlar como se eu fosse uma marionete.

Mas, gostei de beijá-lo.

Mas, ele é meu irmão postiço.

Mas...

Mas...

São tantos "mas", que eu me confundo. E estou tão confusa.

— Não...

— Espera, Sook. — A voz de Jungkook é apenas o um sopro sedutor.

— Abra... Abra a porta... preciso ir.

— Não, espera... Eu...

— Por favor, Jungkook.

Ouço a tranca da porta do armário estalar e me mexo. A luz que invade o espaço apertado me cega. Jungkook me ajuda a passar pela portinhola e eu saio. Meu corpo banhado em suor dói, mas a dor que se instala em meu interior é mais incômoda. Fito o armário e acompanho uma gota de suor que escorre em seu pescoço. Seus olhos encontram os meus, escuros e sem brilho.

A porta se fecha antes que eu me despeça.

Minhas pálpebras tremem.

Corro para fora da estufa e avanço pelo jardim. Passo a língua pelos lábios, seu gosto ainda está lá. Esfrego o antebraço em meus olhos e sinto seu cheiro em minha pele. Sua presença me persegue. Zonzeio até a escadaria, e sinto uma mão em minhas costas. Viro-me transtornada e o sorriso de Jimin se desfaz. Ele ergue as sobrancelhas e dá um passo para trás, baixando a mão.

— Desculpa te encontrar, mas é que você não estava exatamente... Aish... escondida.

— Não vou mais brincar.

— Desistiu na primeira rodada? — Confirmo com um aceno. — Aigoo... não gostou do esconde-esconde?

— Gostei, eu só... Não estou me sentindo bem.

— Está passando mal?

— Não, eu... Quero ficar sozinha. — Confesso. Ele me observa atentamente e seu semblante se comove. — Que foi?

— Está com a carinha que fica quando briga com Jungkook.

Engulo em seco.

— Aish. — Passo as mãos pelo rosto, que esquenta. Marcho pelos degraus sem olhar mais para trás.

— Ei, espera. — Ouço os passos de Jimin pela escada e ele para em um degrau abaixo do meu. Nossos rostos quase se nivelam. — Jungkook é um encrenqueiro, mas ele não faz por mal... E se existe uma pessoa de quem ele gosta de verdade, é você.

Girl Meets EvilOnde histórias criam vida. Descubra agora