[68] Flagra.

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Kwon Sook's P.O.V.

O sentimento que floresce em mim é incompreensível.

É puro. Antigo como uma lembrança amarelada e quase despedaçada pelo tempo, que o amor e a saudade cultivam para que jamais seja esquecida. É doce. Um recorte nostálgico que me abraça e aquece e protege. É gentil. Acaricia cicatrizes, fecha feridas, enxuga lágrimas amargas. Desprende. Liberta.

É quente como a luz pálida do amanhecer. Afasta o frio, o medo do escuro, os pesadelos. Sopra sombras e afugenta fantasmas de estrelas suspensas nas trevas. Preenche. É bonito como um sonho. Certo. Verdadeiro. Se instala na garganta como um nó e se desata para enviar arrepios pelo rosto, até os olhos. E os enche com lágrimas salgadas que embaçam a visão.

É a Marca.

Os dentes se afundam em minha carne e a dor lancinante em meu ombro se transforma em ardência. Para de doer. Uma febre bizarra me consome. Aí, o prazer me sufoca. Se enraíza em cada fibra do corpo. De repente, sinto a força da presença de Jungkook. O cheiro intenso e amadeirado. Tudo me invade. Os músculos tensos ao meu redor me amparam. Jeon Jungkook ainda está dentro de mim. Respira dentro de mim. Se espalha por dentro de mim. Preso dentro de mim.

Sinto a harmonia. Sua respiração, a vibração viva em seu peito, as mãos trêmulas em minha pele, a boca em meu ombro. Nunca me senti tão perto, tão dentro dele. E sua boca se vai, mas permanece. Queima, abrasa, me abraça. Fica comigo. Seus olhos se deparam com os meus. Não há luz no quarto para enxergar seu rosto, mas consigo vê-lo nos segundos dos relâmpagos. Ele me olha como se eu fosse a única pessoa no mundo. E eu me sinto amada de tantas formas diferentes, que não sobra espaço para qualquer dúvida.

— Eu te amo, Jungkook...

Ele gruda a testa em minha têmpora, acima do ouvido.

Eu também te amo, Monstrinha...

A resposta me acalma, ainda que seja apenas uma confirmação de tudo o que ele demonstra com seu corpo e sua alma. Uma das lágrimas cai pelo canto do meu olho. Somos uma mistura do sangue que escorre em seu queixo e no meu ombro, o suor que banha nossos corpos e as lágrimas que habitam em minha bochecha. E o nó de seu membro ainda me aperta por dentro do canal vaginal, não solta. O prazer que sinto adormece as pernas e pinga em volta do pênis. Ele também sente.

Estamos presos em uma nuvem tórrida de prazer que se infesta com arrepios e espasmos gostosos. Uma pulsação lenta em volta dos sexos, produzida pela glande inchada contra as paredes em meu interior. Meu sangue, meu suor, minhas lágrimas. Minha respiração fria... Ele pode levar tudo agora. Não importa. Eu só quero sentir um pouco mais. Quero tudo de novo. A tensão, os beijos, os toques, o sexo, o prazer.

Ainda estamos conectados dessa forma estranha, quando ouço uma voz conhecida em meu ouvido.

Logo atrás da barreira da porta.

A poucos centímetros de distância.

Jungkook... — É a voz de Appa. Um medo súbito me toma. — Faltou energia, mas o carro ainda está nos esperando. Já está pronto? Pode abrir a porta?

Meu... Deus.

O nó está atado. Ou seja: Estamos nus, cobertos de suor e sangue, e eu estou abraçada em seu colo, encostada na porta. E Jungkook não sairá de mim pelos próximos minutos em que ainda sentimos espasmos prazerosos. Temo que Appa tenha nos escutado por um segundo, mas logo o medo se vai, porque ele não estaria tão calmo se soubesse o que eu e Jungkook estamos fazendo nesse exato momento. Provavelmente ele faria um escândalo.

Girl Meets EvilOnde histórias criam vida. Descubra agora