Capítulo XVIII

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                             Senti as minhas costas bater no fundo do armário

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                             Senti as minhas costas bater no fundo do armário. Ergui a cabeça. A sensação perturbadora de que o armário estava fechando à minha volta me faz ficar apavorada.

     Estou lutando contra a falta de ar quando raios de luz atravessam os pequenos buracos feitos pelas traças. Alguém abriu a porta.

     Os passos vem da escada.

     - Aqui – Bato contra a madeira.

     Pelos buracos avisto Damen. Ele se curva, flexionando os braços, e puxando a poltrona. Faço a minha parte, empurrando as portas com toda a força que ainda tenho.

Quando a madeira pende e as portas se abrem, salto de lá com lágrimas.

     Damen permaneceu parado, as sobrancelhas unidas enquanto olhos buscavam respostas para as suas perguntas na bagunça ao redor, quem sabe tentando entender o que havia acontecido ali.

     Sem qualquer aviso, o meu corpo começou a tremer. Encarei aqueles olhos azuis por alguns segundos, desejando que eles pudessem descobrir tudo apenas com um olhar.

     - Megan, o que aconteceu?

     Por mais que estivesse muito agradecida por ele ter vindo me ajudar, naquele momento simplesmente o ignorei e corri para o andar de cima.

A minha prioridade não era ele.

    Em rápidos segundos estava no primeiro andar, verificando os quartos um por um. Todos estavam revirados de cima a baixo, mas nem sinal do meu irmão. Voltei para o andar de baixo, tudo a mesma bagunça, mas nada de Tyler.

     Corro até fora de casa para verificar se o seu carro. O carro estava, ele não. Antes de voltar para dentro, duas listras pretas chamam a minha atenção. Agacho até tocar as marcas de pneu no gramado, um carro grande esteve ali.

      Quando volto para dentro, Damen ainda está parado no topo da escada do porão. Seus olhos buscam os meus, assustados.

     Por mais que eu lute contra, o meu corpo continua tremendo como uma maldita vara de pescar. E naquele instante, por mais forte que eu gostasse que as pessoas pensassem que sou, não sei mais o que fazer além de cair em lágrimas.

     Estou perdida, desesperada, aterrorizada.

Posso sentir as terminações nervosas dentro de mim se agitando, deslocando-se pelas veias até descompassar o meu coração. Um sentimento horripilante me atormenta, e sei exatamente o que é.

     O medo de perder meu irmão.

     - Megan, você está bem?

Balanço a cabeça, incapaz de falar.

E num único movimento me lanço em seus braços, desejando neles encontrar um escape.

A princípio Damen se surpreende, sei disso pelo modo que seus dedos pressionam as minhas costas, leves e hesitantes, como se a qualquer momento eu pudesse quebrar.
O que ele não sabia, é que eu já estava há muito quebrada.

Aperto o rosto mais forte nas dobras de sua camisa, exigindo mais, e aos poucos o aperto de seus braços se tornam mais firme. Sua outra mão acaricia os meus cabelos que despencam em um pouco abaixo dos ombros.

Seu toque agora é forte, sólido.

Tento não pensar em nada além de que Damen tem cheiro de hortelã com terra molhada. Além do fato de que estamos tão próximos que a sua respiração irregular está fazendo cócegas no meu pescoço.

Estar ali, envolvida por Damen, me trazia um alívio etéreo. Mais que isso, me faz desejar ficar aqui entre os seus braços para sempre.

Ele permanece em silêncio como se adivinhasse que era exatamente isso que eu precisava, como se através de um pacto tácito consentisse em ser o meu alicerce.

- Levaram meu irmão. – As minhas palavras se embaralham e saem um tanto abafadas. – Alguém entrou na casa, apontou uma arma na cabeça dele e o levou.

Damen endireitou os ombros, e se afastou para pegar algo em seu bolso. O celular.

- Vamos ligar para a polícia. Você já ligou?

- Não. – Arranquei o celular de sua mão. Lágrimas violentas escorriam pelo meu rosto, porque eu sabia que polícia não poderia me ajudar. – Acho que meu irmão está envolvido em alguma coisa... muito errada.

Ele assentiu sem contestar. E quando precisei piscar para afastar as lágrimas que não paravam de cair, Damen pousou as mãos em meu ombro.

Respirei fundo enquanto seus dedos faziam movimentos de vai e vem. O seu poder sobre mim era evidente, ele me acalmava.

Damen Coleman era aquele que fazia o meu coração pulsar de um modo diferente de que eu estava acostumada. E não sei exatamente em que momento me virei para encarar o seu rosto, mas assim que o fiz, assim que olhei bem fundo nos seus olhos, eu soube que poderia confiar toda a minha vida nele.

Pelo menos, sei que hoje eu poderia.

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