Capítulo XXXVI

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                            - Ham-ham – Tyler pigarreou, chamando a minha atenção, e só assim é que noto sua presença. A verdade é que eu estava muito concentrada relendo minha pesquisa sobre a BBAC que meus olhos não conseguiam observar nada além da tela do meu laptop. – Com licença?

     Quando finalmente deslizo meus olhos para ele, percebi que estava sem camisa. Podia ver os músculos do seu pescoço, dos ombros e do braço enrijecendo por causa das sacolas recicláveis que segurava nas mãos, lotadas de compras.

     Puxo a cadeira mais próxima da mesa, dando licença para que meu irmão passasse. Seus passos são apressados, e assim que despeja as sacolas sobre a mesa, começa a desempacotar as coisas.

     Leite. Massa de Espaguete. Café em pó. Manteiga. Mortadela defumada.

     - Ok, quem é você e o que você fez com o meu irmão?

     - Do que você está falando, sua maluca?

     - Você foi ao mercado. – Acusei. Mas ele não pareceu entender de primeira, por isso expliquei – Digo, você foi ao mercado comprar coisas realmente úteis.

     - Há. Há.

     Tyler levantou os braços para guardar os enlatados na prateleira. Meus olhos deslizam automaticamente até a sua marca de nascença. Uma meia lua negra.

     Era idêntica a que eu tinha na nuca, e a que havia na mão direita de nossa mãe. De todos nós, papai era o único que não possuía a marca, havíamos herdado da nossa mãe e costumávamos brincar de adivinhar em qual lugar nasceria a próxima marca se mamãe e papai tivessem outros filhos.

     - Você não tem mais o que fazer, não? – Perguntou Tyler.

     - Eu estava fazendo alguma coisa. – Sacudi as minhas mãos indicando o laptop em cima da mesa. – Quem me perturbou foi você. Mas fico feliz que fez isso, porque agora consegui a brecha que estava esperando.

     - Tanto faz.

     - Você não vai perguntar qual é a brecha?

     - Não, obrigado. – Ele guardou as caixas de leite na geladeira. Claramente desinteressado em qualquer tipo de conversa comigo, mas isso não me impediria de maneira alguma.

     - Ah, seu humor é sempre tão aprazível. – Zombei e fechei o laptop. Não podia correr risco do meu irmão perguntar sobre a BBAC, ou papai aparecer de repente e me ver futricando em coisas que supostamente não deveria. Tinha decidido descobrir a fundo para só depois falar com eles e é exatamente isso que faria. – Mas eu não me importo se quer ou não saber, porque na verdade vou perguntar do mesmo jeito. Aquela noite que você foi ao cinema...

     - Não. Começa. Megan. – Disse ele, em pausas.

     - É sério – Comecei a rir e agarrei o seu braço para não se distanciasse de mim agora que estava irritado. – Quem era a garota? Era a filha do Sr. Patrick, né? A irlandesa. Como era mesmo o nome dela?

     - Brianna. – Respondeu ele, carrancudo.

     - Isso, Brianna. – Repito o nome, me arrastando com as sílabas. – Você e ela pareceram bem próximos na festa do nosso aniversário. E no outro dia papai pediu para você levar umas coisas para a casa do Sr. Patrick e você foi sem reclamar, o que é uma atitude totalmente incomum. É ela, não é? – Sacudo o seu braço sem parar. – Eu sabia que era ela! Eu sabia!

     - Você é doente. – Ele diz, endireitando os ombros e se livrando da minha mão.

     - Aunt – Fiz biquinho – Não precisava ser tão malvado.

     - Tanto faz! – Disse ele fechando a geladeira após pegar uma caixa de suco e beber direto da caixa. Maldito hábito! Graças a Tyler, por precaução,eu não pegava nada aberto de dentro da geladeira. – Agora pode voltar a fazer sabe-se lá o que você faz nesse laptop e fingir que eu não existo.

     - Por que você tem que ser tão ranzinza?   

     - Por que você tem que ser tão intrometida? – Retrucou Ty, enxugando a boca com as costas da mão. Num movimento rápido puxou o laptop e abriu na página que eu estava lendo – Viu como não é legal se intrometer na vida dos outros? – Disse. Até que seus olhos focaram nas letras do texto. – Ãhn? O que você tem aqui?

     O telefone dele tocou.

     - Não te interessa.

Aproveitei que ele estava distraído com o telefone e arranquei meu laptop de suas mãos antes que pudesse ler mais. Meu irmão não pareceu se importar, na verdade não pareceu nem ao menos notar, simplesmente foi até a varanda de trás e atendeu a ligação.

Pela janela de vidro consegui ver seus dentes brancos iluminados num sorriso de cortar o coração.

      Sorrisos.

     Cinemas.

     Compras.

     Telefonemas às escondidas.

     Definitivamente alguma coisa estava acontecendo com Tyler Hayes.

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* NOTA DA AUTORA *

Sei que vocês estão querendo mais Megan e Damen, mas precisava fazer a história andar em outros pontos também.

Prometo que o capítulo de amanhã vai ser inteiramente sobre eles. E já aviso antes: VOCÊS NÃO ESTARÃO PREPARADOS PARA O QUE IRÁ ACONTECER DAQUI PRA FRENTE.

Beijos.

Beijos

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