Capítulo XXIV

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                                O motorista encostou o carro. Imediatamente dois homens uniformizados surgiram para abrir a porta, e mais outros dois para carregar as malas.

    Todos pareciam incrivelmente familiarizados com o Damen, chegaram até a perguntar da Savannah – sua agente, e pareceram de fato preocupados quando ficaram sabendo que ela não estava muito bem.

     - Como assim vocês não reservaram os nossos quartos? – Meu desejo é morrer.

     Não parecia ser real, simplesmente não parecia. Eu esperava qualquer coisa, menos isso. Havia me certificado de todos os possíveis problemas, só não pensei que o problema seria não termos a droga de uma cama para dormir.

     A mulher que fazia o nosso check-in me lançou uma careta, mas a disfarçou com um sorriso pretensioso quando o Damen surgiu atrás de mim.

    Percebi seus olhos maliciosos percorrendo o corpo dele atrás de mim, e confesso que tive que agarrar minhas mãos para não revirar os olhos e vomitar ali mesmo, em seu balcão idiota e impecavelmente limpo.

     - Senhorita, houve falha no sistema... como eu já te informei.

     - Se houve mesmo falha no sistema, o problema é de vocês. – Falei contendo a raiva, ou pelo menos, tentando ao máximo.

     Geralmente não era mal-educada com ninguém, não importava o quanto a pessoa merecesse. Mas essa mulher me tirava do sério com aquele seu sorriso cínico ou com a forma como ela encarava Damen.

     Eu mal havia começado o meu trabalho de substituir a Savannah e já estava estragando qualquer chance de conseguir aprovação, ou pelo menos, uma mísera figurinha verde. Não era justo essas coisas acontecerem só comigo!

     - A questão é que liguei duas vezes sobre as nossas reservas e vocês confirmaram não uma, mas duas vezes. – Levantei dois dedos para cima. – Portanto, eu quero os quartos que são meus por direito, e quero agora. Na verdade, quero falar com o gerente. Irei informá-lo sobre essa falta de decoro com os clientes.

     O rosto dela vingou-se em preocupação e soube que eu saí vencedora da nossa pequena discussão quando seus olhos finalmente deslizaram de onde estiveram nos últimos dez minutos (Damen), para mim

     - Não, eu.... Vou tentar dar um jeito. Estou certa que podemos nos resolver sem ele.

     Assenti e cruzei os braços.

     A mulher encarou a tela do seu computador um pouco confusa, e após alguns cliques e suspiros, fez outra careta feia – o que parecia ser sua especialidade.

     Com muita má vontade, ela me estendeu um cartão de banda magnética.

     - Felizmente temos a suíte Royal Single disponível. – Disse ela, em tom seco. – No entanto, só tem uma cama.

     Shirley – que é o nome que constava na plaquinha sobre balcão – estava dificultando a minha vida por querer, ou no mínimo estava se divertindo com toda essa situação. Contudo, o que mais me tirava do sério não era isso, e sim o sorriso dissimulado que crescia em seus lábios vermelhos.

     - Para a sua sorte a suíte conta com uma pequena sala privada com um sofá-cama. – Continuou – Deve servir. Afinal, vocês certamente não são um casal. – Seus olhos focam na imagem do Damen atrás de mim – Não quando nenhuma mulher parece ser o suficiente a estrela ali.

     Droga, devia ter percebido isso antes.

     Eles deviam se conhecer e talvez até ter uma história. Por isso a mulher me tratava tão mal mesmo sem me conhecer.

Lua NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora