Capítulo LXVI

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Eu nem mesmo consigo lembrar o que estava fazendo antes do momento em que o vejo. Era como se a minha mente tivesse apagado o antes, e tudo o que existe é o agora.

Damen entra pelo térreo, e todo o ar fica preso em meus pulmões, que paralisaram imediatamente. Como naqueles filmes, tudo ao redor passa em câmara lenta, cada mísero detalhe. E é neste instante que um desejo dilacerante me faz querer sentir desesperadamente os seus lábios pressionados aos meus, como uma necessidade.

Quando ele me vê, sorri como se eu fosse a única pessoa ali, como se também sentisse o mesmo que eu. Ele avança em minha direção, porém, no caminho, é impedido por alguns homens que reconheço ser do setor administrativo.

Não estou perto o suficiente para ouvir sobre o que estão falando, mas mordo o lábio para não rir alto quando Damen sopra para mim a palavra "tédio".

Eu não sei por quanto tempo dura, não estou contando o tempo. Apesar de Damen estar preso com aquele grupo, a sua atenção está diretamente em mim, ele nem mesmo se dá o trabalho de disfarçar.

Gesticulo para o elevador.

E ele assente levemente. Em seguida, se afasta do grupo. As enormes portas de aço se abrem, e eu entro sem olhar para trás.

Dois homens entram logo atrás de mim, conversando alguma coisa sobre a bolsa de valores, atrás deles, uma garota com os olhos vidrados no celular.

Estou impaciente, e acho que não vai mais dar tempo, mas então uma mão ligeira impede que a porta se feche, e quando é aberta outra vez, Damen mal me olha, apenas se acomoda ao lado, seu braço levemente roçando o meu.

Quero agarrá-lo ali mesmo, sei que não posso e exatamente por isso há algo excitante sobre querer desesperadamente que os seus lábios cubram os meus aqui, na NSTA.

As portas se abrem, os dois homens saem, mas um quarteto de jovens que aparentemente trabalha no andar dos sets, entra. As mãos de Damen agarram os meus dedos, uma carga elétrica percorre o meu corpo. Seu olhar está preso a mim, e lambo os meus lábios, tentando miseravelmente me controlar.

E naquele instante a verdade é que não aguentarei mais do que alguns minutos ali, não com a palma quente da sua mão contra a minha.

Finalmente paramos no meu andar, as portas se abrem, nossas mãos se afastam, e sigo na frente. Damen está logo atrás de mim, cerca de três ou quatro passos distantes, posso ouvir o sapato contra o chão engraxado.

      Seguimos até o final do corredor, o meu coração batendo tão forte que chegava a doer. Não tem ninguém além de nós dois, mas há câmeras por todos os lados, então me forço a ser comportado.

Respiro fundo, e em pensamentos rogo com todo o meu coração que Olive tenha ficado presa até mais tarde no trabalho.

Por favor, tenha ficado.

      Porque precisava beijar Damen Coleman, e céus, eu não poderia deixar para depois.

Teria que ser agora.

Giro a maçaneta, mas antes de terminar de empurrá-la já sinto o corpo de Damen contra o meu. Ele me gira, minhas costas encontram a porta, e seus lábios moldam esfomeadamente os meus. De alguma forma que não entendo, até porque meus pensamentos viram gelatinas quando suas mãos descem no meu quadril, ele abre a porta, fecha e já estamos dentro do QG.

Ele tinha mesmo esse efeito quando me beijava, fazia com que eu perdesse totalmente a noção de espaço e tempo.

Tudo o que conseguia ver, sentir, ouvir, vinha dele, permitido por ele, provido por ele. Eu ficava completamente a mercê, e nestes momentos tudo o que sentia por Damen ficava explícito demais, tão inquestionável... indiscutivelmente vívido.

Lua NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora