Lua Negra

Capítulo LXXXIV

     O meu choro veio do íntimo.

      Alto e estridente.

      Encostei a cabeça na parede e escorreguei, de olhos fechados, até sentir a areia sobre minhas mãos.

      Desabei ali mesmo, apoiada contra uma rocha. Tive que tapar a boca para abafar os soluços que não paravam de vir, era como se eu tivesse perdido todo o controle do meu corpo. Bem lá do fundo do peito sabia que esta seria minha ruína. Não ousaria esquecer. Jamais.

      - Eu preciso lhe contar algo – Papai escolheu bem as palavras antes de dizer.

     Eu pensei que ele queria falar sobre qualquer outra coisa, que q sua expressão preocupada quando me chamou não passasse de imaginação da minha cabeça.

     Continuei encarando-o, e meu pai me observou por mais um instante, escolhendo os ombros como se pedisse desculpas pelo o que eu estava prestes descobrir.

     Minhas mãos ficaram tremulas à medida que o meu cérebro ia raciocinando sobre as palavras.

     Uma a uma sendo cravadas na minha carne, arrancando um pedaço da minha alma. Pisco bastante tentando enxergar através da cortina de lágrimas.

     O segredo que eu tanto lutei para descobrir era isso?

     Balancei a cabeça repetidamente, como se de alguma forma aquilo fosse me fazer retomar o controle sobre o meu próprio corpo.

    Entretanto era tarde demais, eu já não tinha mais controle nenhum. Nem mesmo sobre a minha própria vida, a minha própria história.

    - Isso é um tipo de brincadeira? – Perguntei, séria.

     - Eu sinto muito, Megan. Se houvesse uma pequena chance de te poupar de toda essa dor, eu teria aproveitado.

     Mas ele não precisava ter dito nada, apenas o seu olhar, a forma como a mandíbula de Tyler se tornou ainda mais rígida e suas mãos sem rumo lutavam para se aquietarem fizeram com que eu entendesse que a resposta para a minha pergunta não era exatamente a que eu esperava.

     Que essa viagem não era por acaso, que tudo o que eu ouvira na última hora era na verdade o que eu estava há tanto tempo tentado descobrir.

     O segredo não envolvia máfia, jogos ilegais ou conspirações. O segredo da minha família era simples, e ao mesmo tempo aterrorizante:

     Eu não conhecia nada sobre ela.