Megan Hayes é uma colegial como qualquer outra, ao menos era o que pensava.
Para concluir o último ano e se ver livre da escola é preciso participar de um estágio obrigatório. Por azar ela acaba sendo enviada a NSTA - uma agencia de talentos. O pro...
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Ao acordar no dia seguinte, não soube definir o que eu mais temia. Se era a ideia de encarar meu irmão mais velho depois de tanto tempo, ou encarar meu pai quando eu lhe contasse que estagiaria na NSTA.
Atravessei o corredor na ponta dos pés, não queria que ninguém notasse a minha presença. Se pudesse queria ficar invisível pelo restante deste ano, seria um alívio não ter que encarar ninguém. Nem o meu pai, nem meu irmão, James ou a minha professora.
Soube que Tyler estava em casa, e ontem não foi um sonho, assim que passei pela frente do seu quarto e ouvi uma música tocando lá dentro.
Há tempo demais eu não ouvia qualquer tipo de ruído saindo por trás daquela porta, e francamente, por mais que isso me assustasse para caramba, sentia uma tremenda saudade da época em que nós éramos uma família de verdade.
Sei que não era uma garota sozinha. Eu tinha mãe, eu tinha um irmão e um pai. Mas depois daquele dia, eu perdi todos de uma vez só.
Enquanto seguia em direção a cozinha, tive que lutar contra a vontade de virar a maçaneta e dar uma espiada para dentro daquele quarto. A ideia de espiar como o meu irmão estava depois de tantos anos era tentadora, mas altamente perigosa.
Me lembro precisamente do dia em que ele foi embora. Eu ainda era apenas uma criança, havia acordado cedo porque tive um pesadelo, então fui para a cama do papai. Vi uma sombra debaixo da porta, e pela fresta enxerguei Tyler nos espiando. Sorri em sua direção, e logo em seguida voltei a olhar para o papai, eu estava empolgada lhe contando sobre um brinquedo que James havia ganho. Algumas horas se passaram até que eu desci à sua procura, e tudo o que encontrei foi um bilhete, aquele horrível bilhete sobre o travesseiro de seu quarto.
Palavras nunca me feriram tanto quanto as suas, cada letra foi uma facada inesperada. E nenhuma escuridão foi tão aterrorizadora quanto a que tive de enfrentar quando ele partiu.
Sobreviver à morte da minha mãe e pouco tempo depois ao abandono do meu irmão foi mais do que difícil, no início mais errava do que acertava. Achava que continuar sem a ajuda deles fosse impossível, mas não era.
A independência é um processo que está ligado a uma série de erros, seguido de mais uma porção de tombos, até que um dia você inesperadamente acerta, e é neste dia em questão que você finalmente aprende. Aprende que aquilo que o que não te mata, te fortalece, e depois de muitos baques, nada mais te atinge como um dia atingiu.
A minha independência, por mais dolorosa que tenha sido a minha busca por ela, era algo que eu jamais me arrependeria.
Então por mais que quisesse abrir aquela porta e dizer o quanto senti a sua falta nesses últimos anos, sabia que o meu irmão era um tremendo idiota. E que todo este tempo que passou longe, Tyler não teve um pingo de consideração pelas pessoas que deixou, nunca me ligou ou mandou uma mensagem nos meus aniversários. Por isso eu não posso deixar de pensar que esses cinco anos em que ele esteve distante apenas contribuíram para torná-lo uma pessoa ainda pior.