Capítulo XLV

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Os trintas minutos que pareceram durar uma eternidade no primeiro bloco com os gêmeos apresentando, foram rapidamente enfrentados por mim, no segundo bloco.

A conversa entre mim, Jake e Lily Al fluía tão bem que parecia que combinamos tudo previamente, como um ensaio a ser decorado.

A pequena plateia seletiva não pareceu se importar com Josh sendo substituído por mim, muito pelo contrário, elas pareceram gostar de ter mais uma presença feminina no palco.

Por mais apreensiva que estivesse quando entrei, agora parecia algo natural. Estar aqui, sentada nesta poltrona confortável, batendo papo com uma famosa ao vivo com milhares de espectadores em todas as plataformas de comunicação. Isto sim é o tipo de coisa que te causa arrepios na barriga, do tipo bom.

Alguns minutos entrevistando Lilly Al foi o suficiente para descobrir um pouco mais sobre sua personalidade.

Primeiramente, ela era simpática e muito querida, e diferentemente de muitas almas que encontrei por aqui na NSTA, ela também era humilde. Mesmo que o sucesso tenha lhe atingido como uma bola na loteria, Lilly Al continuava a esbanjar simplicidade por onde passava, independente dos zeros que cresciam em sua conta bancária.

* * *

Enquanto eu arrumava as minhas coisas para ir para casa, Louis se aproximou e me parabenizou, me contando como os números de audiência haviam sido incrivelmente bons. Que apesar de ter sido algo despreparado, a minha presença no palco refletiu de maneira positiva ao programa.

- Sem mencionar os comentários do Twitter. – Acrescentou, animado. – Cuidado, Megan. Ou vão querer te contratar, e desta vez para valer. – Ele riu, e comecei a rir junto. – Josh que se cuide.

O som das nossas gargalhadas abafa o ruído das rodas da cadeira elétrica do Sr. Wellington de modo que não percebemos o momento exato em que ele se aproximou.

Só quando ouço a sua voz pronunciar meu nome, que Louis e eu nos damos conta que não estávamos mais sozinhos, e imediatamente paramos de rir igual duas gazelas anencéfalas.

- Megan, obrigado. – Wellington começa a dizer sem mais nem menos. E graças a ele, o dia acaba ficando um pouco mais bizarro do que pensei que acabaria. – Você salvou o programa. Foi fantástico, meus parabéns.

Sou pega de surpresa, outra vez. E não sei muito bem como falar ou reagir. Devo dizer algo? Claro que sim, mas o quê? Movo meus lábios incerta, e com pensamentos a mil tento me sair o melhor possível.

- Não fui bem eu, Jake foi quem... – Assim que meus olhos se encontram com os de Wellington entendo o recado. Agradeça, idiota. – Muito obrigada, Sr. Wellington.

Uma energia percorre pelo meu corpo, sentia como se eu e o Sr. Wellington finalmente estivéssemos nos entendendo, como uma promessa de que poderíamos ser mais, juntos poderíamos melhorar o programa.

No entanto, compreendi que somente eu senti essa conexão quando o Sr. Wellington com um rosto impassível girou a cadeira de rodas até um cara que estava há alguns metros de nós, iniciando uma discussão sobre algo a ver com toalhas de rosto no tom errado.

Eu ri, desta vez baixinho.

Era engraçado pensar que muitas vezes julgávamos as pessoas pelas primeiras impressões e primeiras palavras, como se de algum modo muito estúpido pensássemos que tudo aquilo que aquela pessoa é, poderia ser resumido a aquele único momento em que prestamos atenção.

Na maioria dos dias nós, seres humanos, não passávamos de crianças mesquinhas e estúpidas ao ponto de nos achar donos da verdade, quando tudo o que fazemos é julgar a capa sem se quer se importar em dar uma olhadinha no conteúdo.

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