P R Ó L O G O

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- Corra! Corra! – Uma mulher presa debaixo dos escombros do palco gritou à pequena garota que há poucos metros assistia
a aquele show de horrores.

Enquanto todas as pessoas que ainda conseguiam correr empurravam umas as outras nas saídas de emergência, na tentativa de fugir das enormes chamas,
a garotinha ali ficou.

Estranhamente paralisada,
terrivelmente perdida.

Especialistas dizem que quando uma tragédia acontece os eventos passam de maneira lenta, porém meses depois tudo o que lembramos é apenas de um segundo. É uma espécie de mecanismo de defesa em que o cérebro opta por esquecer aquilo que lhe fere, guarda no subconsciente o que não quer lembrar. Apenas o que permanece é o sentimento, aquele medo inconsciente, o temor que te acompanha por toda a sua vida depois daquele funesto instante.

No entanto, para a jovem menina não
foi bem assim que aconteceu.

Tudo passara tão lento quanto um longo dia chuvoso de verão. O ar era pesado, respirar em meio a nuvem de fumaça branca que se formou nunca fora tão difícil.

Ela pode ver pessoas agonizando, sendo queimadas e pouco a pouco reduzidas a pó, e tudo isso não seria tão cruel se uma dessas não fosse a sua própria mãe.

Ao ver a cena a criança sem reação ficou, não fugiu e muito menos chorou, suas lágrimas não saiam, seus pés não já não a obedeciam, por mais que ela quisesse. Então simplesmente a olhou e a última coisa que presenciou foi o eco do grito de morte, que
logo lhe alcançou.

Tudo acabara para a mãe, que morta estava. Já a filha felizmente viveu, ou será que infelizmente soava melhor?

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Lua NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora