Capítulo LVII

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Eu estava mais que ansiosa para acabar o expediente de uma vez. Por sorte a Sra. Beauchamp estava de bom humor, então quando perguntei se eu poderia sair uma hora mais cedo, ela logo concordou, bastando que eu terminasse o meu serviço.

Então completei as minhas tarefas o mais rápido que consegui, e tudo por causa de uma mensagem de Damen que recebi logo depois do meio dia enquanto James me dava carona para o trabalho.

Consegui marcar um encontro com
um homem que trabalhava na BBAC
na época que a sua mãe era dona de lá.
Ele concordou em nos ver. Passo te pegar
hoje depois do trabalho.
Bjs.

- O que foi isso?

Desloco meu olhar para James, que havia parado no semáforo, olhando para mim com curiosidade. Dei os ombros como se não eu tivesse entendido, e voltei a minha atenção para os pedestres que atravessavam a faixa.

Uma garotinha de vestido azul passava ali. Ela tinha cabelos da mesma tonalidade que os meus, e tentava acompanhar os passos da mãe ao mesmo tempo que equilibrava um enorme algodão doce na outra mão.

  Automaticamente meu cérebro tentou se roçasse quando foi a última vez que eu comi um algodão doce tão grande quanto aquele. Contudo, apesar do esforço, não consegui. Somente me lembrava detalhadamente da última vez que  estive de mãos dadas com a mamãe.

   Jamais me esqueceria da sensação de tê-la ao meu lado, a de ouvir a sua risada alta e sua voz, uma parte de mim ficava extremamente contente por isso, pelo tempo que eu tive.

Suas lembranças não me deixam mais tristes como um dia já deixaram, penso agora que é algo bom lembrar. Porque sinto como se ela ainda estivesse por perto, e de algum modo, tomando conta de mim.

- Você está.. uh... saindo com alguém?

O carro voltou a andar, e não pude evitar um olhar surpreso em direção ao James.

- Não. – Respondi, sem estar muito certa do que estava acontecendo. – Por quê?

Agora é a sua vez de dar os ombros.

- Não sei. – Seus olhos deslizam para mim, e rapidamente voltam para a estrada enquanto ultrapassava uma moto. – Acho que a maneira como leu a mensagem do seu celular... pareceu que era alguém que você gosta.

Não pude evitar o rubor que invade o meu rosto. De todo modo, forço a minha voz para sair normal, pigarreando antes de responder.

- Não era ninguém.

James não tinha uma expressão de quem estava convencido, mas voltei a encarar o vidro do carro como se o assunto tivesse acabado ali. Naquele momento pensei que ele tivesse feito o mesmo, deixado que o assunto morresse ali.

Porém ao viramos para a esquerda, quando já era possível enxergar os enormes portões da NSTA, faltando apenas alguns metros, foi neste instante que Jamie decidiu voltar a falar.

- Eu só quero dizer que tudo bem se você sair com alguém. De verdade. – Jamie parecia se esforçar, como se estivesse procurando as palavras certas para usar. – Nós dois somos apenas amigos, tão amigos quanto antes.

Balanço a cabeça em concordância, porém me mantenho calada, unicamente observando-o. James era daqueles que não abria a boca se não quisesse chegar num ponto em específico, então apenas esperei que ele chegasse lá.

- E também quero dizer que... bem, eu estou... uh, digamos que estou saindo com alguém também. Uma garota, é claro.

Engasgo com o chiclete. E eu penso que é incrível o fato que dependendo da situação que alguém se encontra, um simples chiclete pode se tornar uma arma quase letal.

Lua NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora