Eu estava prestes a subir no palco com mais sete garotas, e em poucos segundos, estaríamos dançando para homens devassos, que ficariam nos observando com seus olhares gananciosos e famintos, procurando qualquer tipo de conforto que aliviassem a desgraça de suas vidinhas miseráveis.
Andrea, a mulher que me ajudara a entrar, me ensinara como sobreviver lá em cima, no palco. E esta era condição dela para que me deixasse entrar na boate sem que me delatasse.
Eu deveria participar deste número com as outras garotas para que o Sr. Juarez, que foi com ela chamou o dono da boate, não notasse a falta da Kiara no palco ou caso notasse, estivesse devidamente entretido por mim, uma chica nova, como ela disse.
Me sentia exposta demais.
Tive que trocar as minhas roupas por um top branco com um botão de uma rosa vermelha bordado e uma calça preta de couro que ficava justa demais, realçando partes do meu corpo que preferiria manter longe dos olhares curiosos.
Para finalizar, tive de calçar um salto preto de quase dez centímetros no qual mal conseguia me equilibrar.
Andrea disse que o dono da boate estaria na plateia, nos assistindo, e que eu teria que bancar a profissional, pois a qualquer deslize que eu cometesse, nós duas correríamos o risco de perder as nossas vidas.
Eu e as garotas entramos em fila indiana, uma atrás da outra.
Todas aquelas mulheres esboçavam um sorriso, à primeira vista, gracioso. Mas ninguém além delas mesmas poderia imaginar o quão desumano era estar em cima de um palco, onde elas ofertavam seus corpos, e no processo, acabavam perdendo almas.
Os holofotes estavam sob o palco quando uma música energética começou a tocar, e em resposta, a plateia a berrar.
Éramos a atração, ou melhor dizendo, o prato principal da noite. Para aquelas pessoas não passávamos de uma refeição, um pedaço de carne.
Todas essas garotas como marionetes, cuja única função era atender ao capricho dos homens. De fato, era uma vida infeliz, mas também a única que conheciam e, sobretudo, aceitas.
A sociedade sempre é muito boa em julgar.
No palco varri toda a plateia com o olhar, enquanto forçava a mim mesma me mover de acordo com as batidas lascivas.
Aqui em cima tudo era uma questão de sobrevivência, para as outras garotas também?
Um sujeito sentado na mesa central chamou a minha atenção. Ele fumava um charuto e usava um chapéu de cowboy. Seus olhos negros estavam fixados em mim desde que eu havia aparecido.
Outros dois caras estavam na mesma mesa que a dele, um de cada lado, encaravam as outras garotas como cachorros contemplando um açougue. Já o terceiro homem, que estava sentado de costas, parecia não se interessar muito pela apresentação, não da mesma maneira que os seus comparsas.
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Lua Negra
RomanceMegan Hayes é uma colegial como qualquer outra, ao menos era o que pensava. Para concluir o último ano e se ver livre da escola é preciso participar de um estágio obrigatório. Por azar ela acaba sendo enviada a NSTA - uma agencia de talentos. O pro...