Capítulo LXXVIII - DAMEN

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        Acordo de supetão

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        Acordo de supetão. Com a mão no peito, o coração descontrolado, a respiração acelerada e meu corpo praticamente encharcado de suor. Demoro alguns segundos para perceber que era o meu celular que estava a tocar.

     Olho em volta, e paraliso instantaneamente assim que percebo que dormi em uma cadeira, ou melhor, assim que me recordo o motivo que me fez estar aqui, novamente cochilando sobre uma cadeira de hospital.

    Começo a pensar em todas as outras vezes em que dormi em cadeiras exatamente como essas. Admito que não foram poucas, diversas delas em muitos hospitais diferentes.

   E algumas vezes estar sobre elas representava esperança, mas na grande maioria, não. Eu me sentia um idiota por acreditar que depois de tantas noites passadas exatamente assim, teria me acostumado com o fato de que nada na vida é constante, muito menos as pessoas.

     Bem no início eu me odiava por ter deixado outra pessoa entrar na minha vida. Para quê adiantava? Só para que ela fosse arrancada de mim também, pensava.

     Contudo, eu não conseguia negar o fato de que ela era a melhor coisa que me aconteceu nestes últimos anos. Preferia uma hora ao seu lado do que mil anos sem conhecê-la.

     Quando não a via me sentia miserável, entorpecido. Como se eu não fosse mais inteiro, e um pedaço de mim faltasse. Não um pedaço que conseguiria lidar, sem ela o meu peito entrava em combustão, e não estar em sua companhia significava a mesma coisa que estar sem o meu maldito coração.

      Era como se ela fosse a única pessoa no mundo capaz de manter a minha sanidade, que me fizesse voltar a sentir. Sentir cada toque, cada beijo seu era uma dádiva, um sonho doce do qual jamais queria acordar, nem que para isso precisasse sacrificar todo o resto da minha vida, por ela sei que valeria a pena.

Sem querer ou perceber, foi ela que me mostrou que eu não estava quebrado como sempre imaginei estar.

Eu não estava morto, apenas... distante, um tanto danificado. E acabei me transformando no carcereiro da minha prisão, carrasco da guilhotina que por muitos anos me sujeitei, achando que merecesse. A minha sentença de morte foi viver atrás de um muro invisível e impenetrável, me afastando de tudo e de todos.

Nunca me senti excluído, mas acreditava que merecia o maior sofrimento que existe, cada maldita agonia, fração dor, e o desprazer que sentia toda vez que abria os olhos ao acordar e percebia que ainda estava vivo, miseravelmente vivo quando tudo o que eu queria era desaparecer deste mundo.

Realmente pensava que o melhor para mim seria viver sozinho, na minha própria fortaleza, a mercê da morte. Fadado a ser o único homem a enxergar a verdade mais dolorosa e necessária de todas:

Você não pode perder aquilo que não tem.

Então um dia ela apareceu e eu não tinha nada, absolutamente nada, mas tudo o que eu queria era ela. Nunca quis tanto alguém.

Lua NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora