Olá, pessoal. Desculpa a demora em atualizar , mas, essa semana estou péssima. Não sei se o capítulo ficou bom, mas, espero pelo feedback e vocês mesmo assim. Vou corrigir depois.Beijos.
ANNE
A manhã estava quente, mas uma brisa fresca entrava pela janela agitando suavemente os cabelos de Anne, que se sentara na varanda duas horas antes para revisar suas matérias de estudo, e aproveitar a luz que iluminava todo o ambiente.
Ela acabara de escrever mais uma carta para Rilla, e era a 'décima, desde que começara com aquela ideia. Cada uma era colocada em um envelope amarelo, e tinha uma data específica para ser aberta depois que sua garotinha atingisse a idade de oito anos, pois Anne imaginava que a essa altura, sua bebê já poderia entender as palavras cheias de amor contidas ali, além das histórias que Anne fizera questão de contar, detalhando sua vida desde que saíra orfanato, até seu casamento com Gilbert.
Várias vezes ela se emocionara, pois relembrar o passado, e o passo a passo da reconstrução de sua vida que não fora um mar de rosas lhe deixava um gosto de melancolia na boca, mas ao mesmo tempo não podia deixar de se orgulhar da própria história que escrevera com suor, sangue e lágrimas. Portanto, aquelas cartas eram seu legado, a única herança que poderia deixar para sua filha de tudo que conseguira juntar de uma curta vida de vinte anos.
Ela não tinha fortunas, ou propriedades, sua única riqueza era feita de amor, e isso ela tinha de sobra e duraria até que toda sua existência virasse pó, e o que restasse fosse apenas lembranças de tudo o que ela fora, sonhara ou desejara poder construir.
Anne pegou a carta e guardou em uma caixinha que deixava escondida no armário do quarto de hóspedes. Não queria correr o risco de Gilbert encontrá-las, pois ele não compreenderia sua intenção, e Anne não queria ser responsável por mais mágoas no coração de seu marido.O que vinha fazendo era uma necessidade para si mesma. As cartas a ajudavam a ter um propósito naqueles dias em que se sentia tão mal, que levantar da cama era um sacrifício. Faltavam três dias para completar seus sete meses de gravidez, e até ali ela vinha levando tudo muito bem, apesar das crises de pressão alta serem mais frequentes, e ela já não conseguir fazer tantas coisas como no passado.
Anne esperava chegar aos nove meses de gravidez, apesar de seu médico dizer que talvez o parto tivesse que ser realizado antes, se a pressão dela começasse a subir demais, assim, tentar arrastá-la até o último mês, quando os perigos tanto para ela quanto para Rilla poderiam ser maiores seria loucura. No entanto, se ela conseguisse se manter estável com a medicação e dieta pobre em sódio, as chances do parto ocorrer de forma normal aumentavam consideravelmente.
O desconhecido ainda a assustava. O não saber o que seria a deixava completamente sem ação ás vezes, então, ela deixou de fazer planos para viver um dia de cada vez. E era para isso que suas cartas serviam, uma alternativa se caso perdesse a vida para que sua filha nascesse, pelo menos saberia que não seria esquecida, e esse era o seu maior pavor. Não ser lembrada por Rilla, não ter o amor dela mesmo que fosse apenas na memória daquelas palavras nas quais Anne deixava registrado que o sacrifício que vinha fazendo não era nada, se pudesse trazer ao mundo aquele ser milagroso e imaculado.
Rilla era sua melhor criação. A melhor parte dela e de Gilbert da qual Anne nunca abriria mão, e lutaria para se manter forte até o fim, mesmo que isso significasse se deixar ir. Pois afinal não era para isso que uma mãe se esforçava tanto? Para que seus filhos fossem saudáveis, felizes e tivessem tudo que ela não tivera? Anne poderia não ter bens materiais valiosos, mas ela tinha seu coração que era um baú cheio de tesouros sempre pronto a se doar pelos outros, e ela esperava que sua filha também pudesse carregar dentro de si valores preciosos, e que soubesse apreciar o que vinha de dentro bem mais do que estava do lado de fora.
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Anne with an e continuação da série
FanficGilbert Blythe estava de volta, depois de uma longa viagem que durara um ano. Queria retornar à sua fazenda, rever velhos amigos, retomar a sua vida de onde havia parado. Mas um reencontro inesperado vira o seu mundo tão bem estruturado e planeja...