Capítulo 5- Amor nas entrelinhas

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ANNE

Anne deixou a casa de Gilbert arrasada. Corria pela estrada em direção a Green Gables às cegas, pois as lágrimas que rolavam de seus olhos incessantemente lhe dificultavam a visão. Tentou controlar os soluços que vez ou outra lhe escapavam dos lábios, mas parecia que um dilúvio de angústia pensava em seu coração. Chegou em casa exausta e se sentindo fraca, pois ainda não tinha recuperado suas forças totalmente, mas suspirou aliviada quando viu que nem Matthew  e nem Marilla estavam em casa, assim não a encheriam de perguntas que não tinha a menor disposição para responder.

Se deitou na cama e se cobriu até a cabeça. Queria ficar isolada de qualquer ruído, qualquer luz, qualquer pessoa que pudesse interromper o rumo de seus pensamentos. Precisava raciocinar com calma sobre tudo o que tinha ocorrido entre ela e Gilbert.

Não podia estar apaixonada por ele, era muita falta de sorte. De todas as pessoas do mundo tinha que ser ele a roubar seu coração? Onde foi parar seu bom senso? Não queria ter nada a ver com o amor, não queria complicações e nem sentimentos confusos, era um espírito livre, e, portanto, não queria estar presa a ninguém. Além disso, Gilbert Blythe era terreno proibido para ela, não podia se esquecer de Ruby, ela o vira primeiro, como sempre gostava de salientar e nenhuma garota tinha o direito de chegar perto daquele garoto, mas o código de lealdade que existia entre elas acabara de ser quebrado por Anne. O que ela faria agora?

De tanto pensar adormeceu, e quando Marilla voltou para casa a encontrou em um sono profundo. O domingo veio e passou rápido demais para o gosto de Anne, pois no dia seguinte teria que ir para a escola e daria de cara com seu dilema. Que pesadelo!

Despertou na segunda-feira com dor de cabeça e Marilla percebendo sua indisposição, a aconselhou a ficar mais um dia em casa. Era um convite tentador, pensou Anne, mas embora o seu estado de espírito estivesse péssimo, disse a Marilla que não podia perder mais um dia de aula, então, deu um beijo no rosto da velha senhora e se encaminhou para a escola.

Ao chegar todas as suas amigas a rodearam e queriam saber de todo o episódio do incêndio. Anne respondia a todas as perguntas por monossílabos, pois estava ficando impaciente com tanta curiosidade indiscreta. Odiava ser o centro das atenções

Quando foi guardar seu material no armário da escola, Billy Andrews surgiu e impediu sua passagem. Anne olhou para ele um tanto irritada e disse:

- Você poderia, por favor, sair do meu caminho?

- Tente passar por mim, sua ruiva idiota. - disse o garoto com desdém.

- Idiota é você, seu cérebro de ervilha. - quase gritou Anne, perdendo a paciência.

- Cérebro de ervilha? O que é isso, sua maluca?- perguntou ele com uma risadinha irritante.

- Procure em um dicionário, quem sabe assim você amplia seu vocabulário. Ah, esqueci, você não tem um, já que nem sabe ler direito. – Anne replicou com ironia.

- O Billy está te incomodando, Anne?- uma voz próxima a ela disse com certa autoridade.

"Ah, não! Só me faltava essa. Gilbert Blythe bancando meu protetor"- pensou Anne, então respondeu entre dentes:

- Fique fora disso Blythe. Sei me defender sozinha.

- Não duvido nada. - respondeu Gilbert, no mesmo tom.

- Hey, Gilbert. Por que se importa com essa órfã estúpida?- perguntou Billy Andrews cheio de desprezo.

- Ah. Como se atreve!- gritou Anne, e em um ataque de raiva pisou no pé dele com o salto de suas botas, e o garoto saiu gritando e pulando pela sala em uma perna só.

Anne with an e continuação da sérieOnde histórias criam vida. Descubra agora