Capítulo 25 Na Magia da paixão

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ANNE

Finalmente era novembro, Anne pensou, pois era um mês que anunciava muitas festividades como o Natal, data que a menina adorava e que somente passara a comemorar depois que viera viver com os Cuthberts. Antes, quando ainda estava no orfanato, o Natal era apenas uma data como outra qualquer, ninguém se importava com as crianças que ali viviam, não tinham uma árvore de Natal e nem uma ceia especial, raramente ganhavam presentes, a não ser quando alguma alma bondosa se sentia sensibilizada o bastante para ser tocada pelo espírito natalino, e trazia algumas lembrancinhas para serem distribuídas para os órfãos daquele lugar. Mas nunca eram suficientes, então, as crianças maiores eram obrigadas a abrir mão de seus presentes para as menores, o que sempre as fazia se lembrar do quanto estavam sós no mundo.

Anne não tinha boas lembranças daquela época, mas isso não tinha a haver com os presentes que quase nunca ganhava ou com a  comida sempre racionada, tinha a ver com ter uma família e ser amada e querida. Tinha a ver com ter amigos que se importavam e que não estariam em sua vida por apenas um dia, por caridade ou peso na consciência. Tinha a ver com tudo o que se relacionava ao significado de ter um lar, que agora ela tinha e agradecia aos céus todos os dias por isso.

Anne nunca acreditara em Papai Noel, pois nunca lhe deram chance para isso, Desde pequena lhe disseram que ele não existia que era invenção de pessoas que só queriam lucrar com isso, mas ela sempre invejara secretamente as crianças que conseguiam acreditar e que todos os anos escreviam cartas simbólicas que nunca seriam enviadas, pedindo ao bom velhinho um presente qualquer, e não perdiam a fé quando nada recebiam, pensando que se fossem mais boazinhas ou estudiosas no próximo ano, Papai Noel traria o que tanto desejavam. Embora em seu coração a menina soubesse que tudo isso era uma linda ilusão, que se acabaria quando o dia de Natal chegasse, ela nunca lhes dizia nada sobre o que sabia ou pesava sobre o assunto, pois não queria acabar com o brilho nos olhos de seus pequenos amigos,ou deveria dizer irmãos de criação, quando vinham lhe mostrar suas cartinhas, esperançosos de serem atendidos. O engraçado é que no último ano em que vivera no orfanato, uma dessas crianças insistira para que Anne também escrevesse uma carta ao Papai Noel, e a menina não tivera coragem de recusar e por brincadeira pedira uma família em sua carta. Agora pensando sobre isso, Anne percebera que fora atendida, pois além de ganhar a melhor família do mundo, amigos com que podia contar, também ganhara Gilbert, o garoto mais maravilhosos que já tivera o prazer de conhecer, e que a amava pelo o que ela era, e por tudo isso Anne seria eternamente agradecida. Talvez Papai Noel existisse afinal.

Novembro era também um mês de dar graças a tudo de bom que as pessoas conquistaram durante o ano. Esta era outra data sobre a qual aprendera com os Cuthberts, e era sempre comemorada na última quinta-feira do mês, e famílias se reuniam em volta de uma grande mesa farta de comida e bebida, e faziam suas orações de agradeciment, pedindo proteção para o próximo ano. Anne estava ansiosa por esse dia, pois no ano anterior não o tinham comemorado por causa dos problemas de saúde de Matthew, mas esse ano, Marilla prometera que seria diferente. Fariam um ótimo almoço ao invés da ceia em Green Gables e Anne poderia convidar quem ela quisesse, e a menina já fazia uma lista mentalmente de quem ela gostaria que participasse deste almoço tão especial.

Lembrou-se de Cole e ficou triste. Queria muito que o amigo estivesse ali para comemorar o dia de Ação de Graças com ela, mas ela sabia que isso não seria possível, já que ele ainda não tinha terminado seu ano letivo na escola de artes de Paris na qual estudava. A única coisa que Anne recebera dele fora apenas um cartão desejando-lhe um feliz dia de Ação de Graças e dizendo que viria visitá-la assim que pudesse, e ela esperava que isso acontecesse no Natal, pois estava até lhe preparando um presente especial.

Anne estava em seu quarto como de costume, e fazia seus deveres que deveriam ser entregues na próxima aula quando ouviu passos na escada. De repente, os passos cessaram ao alcançar sua porta, e Diana Barry entrou toda afogueada com um grande sorriso nos lábios e se jogou na cama da menina dizendo:

Anne with an e continuação da sérieOnde histórias criam vida. Descubra agora