Anne with an e continuação da série

Capítulo 4- Emoções em chamas

ANNE

O bazar de caridade já estava lotado quando Anne chegou com Marilla. Todos estavam bem vestidos, pois eventos assim eram raros em Avonlea, e quando ocorriam, os moradores daquele vilarejo adoravam exibir seus melhores trajes, como se estivessem testemunhando um grande acontecimento.

Anne estava satisfeita por ter escolhido o vestido verde esmeralda que tinha ganhado da mãe de Diana em seu último aniversário. Era um modelo simples, mas elegante, marcava sua cintura e a fazia se parecer mais alta e realçava a cor dos seus olhos. Nos cabelos colocara uma tiara de flores silvestres, pois aquele bazar além de arrecadar dinheiro par as obras da igreja, também comemorava a entrada da primavera que seria dali alguns dias, e por isso, as flores que Anne tinha nos cabelos eram para homenagear a estação que ela mais amava.

Marilla e Matthew também estavam elegantes em seus trajes de festa, e ela se sentiu imensamente orgulhosa por estar ao lado deles em um momento tão importante para aquela comunidade. Traziam nas mãos uma cesta de pães e tortas, que Marilla e Anne passaram o dia preparando para colaborar com a festa. Uma tarefa que a menina particularmente não apreciava muito, mas que dessa vez não reclamara, grata por estar tão ocupada que não tivera tempo de pensar no que ocorrera entre ela e Gilbert na praia. Precisava tirar aquele incidente e os olhos daquele garoto de seus pensamentos

Ao longe viu alguém acenando e viu que era Diana. Anne nunca deixava de se surpreender com a beleza de sua tão querida amiga. Ela trajava um vestido azul marinho que contrastava lindamente com seus cabelos negros, presos de um único lado com uma presilha também azul, deixando a mostra os brincos de pérolas minúsculas que adornavam suas orelhas delicadas, uma relíquia de família. Quando Diana chegou mais perto, Anne disse:

- Diana, você está maravilhosa!

- Olhe para você Anne Shirley. Linda como sempre- Diana retribuiu o elogio, e Anne percebeu que ela não parecia muito feliz, então perguntou preocupada:

- Aconteceu alguma coisa, Diana? Você parece triste. - e segurou a mão da amiga, esperando que lhe contasse o que a perturbava.

- Minha mãe voltou a falar sobre Paris comigo. Ela quer que eu vá morar com minha tia Josephine e termine meus estudos lá. Ela diz que uma garota só se torna uma verdadeira dama se receber educação parisiense. Dá para acreditar nisso? – disse Diana com os olhos cheios de lágrimas.

- Oh, Diana. Isso não pode ser verdade. Não posso me separar de você, somos quase irmãs. - disse Anne, agora também triste com a notícia.

- Disse a ela que não quero ir, mas ela continua insistindo. Não me importo com toda essa tolice de educação francesa. Gosto daqui, dos meus amigos, da escola. Posso me educar aqui mesmo, não preciso ir tão longe para me tornar uma dama respeitável. - continuou Diana, agora indignada.

- E seu pai? O que ele pensa disso?- quis saber Anne.

- Ele disse que é a mamãe que decide, mais sei que ele concorda comigo. Só não quer contrariar sua esposa. - dizendo isso, Diana começou a chorar.

- Por favor, não chore. Vamos achar um jeito de convencê-la. - Anne a abraçou, tentando consolá-la. Aí viu duas figuras se aproximando e cochichou no ouvido da amiga:

- Não olhe agora, mas Ruby e aquela insuportável da Josie estão chegando. Enxugue estas lágrimas e disfarce, pois você sabe o quanto a Josie é maldosa e fofoqueira, e com certeza vai inventar mil histórias e sair espalhando por aí, se te ver assim.

Quando as duas meninas se aproximaram, Anne olhou para ambas e disse com fingida alegria:

- Olá, meninas. Vocês estão muito elegantes. Ruby, este seu vestido rosa é esplêndido!