12.

930 51 0
                                    


Ele encostou no meu rosto para limpar minhas lágrimas, mas eu virei o rosto bruscamente.

-Não vira o rosto para mim, sua sem noção. -Ele me segurou pelo queixo, fazendo-me olhá-lo.

Com um dos meus braços soltos, eu consegui empurrá-lo. Como ele não estava esperando aquele gesto, consegui libertar-me.

-Nunca mais encoste em mim. -Falei irritada e limpando as minhas lágrimas.

-Eu sei que você gostou. Afinal, que mulher não gosta de ser tocada por mim. -Ele colocou as mãos sobre o peito, orgulhoso de quem era. Um idiota completo, babaca, sem caráter e um pingo de noção... Realmente uma personalidade digna de muito orgulho.

-Qualquer uma com noção. -Falei e vire para ir embora.

Ele me segurou apertado pelo braço novamente, mas dessa vez eu agi por impulso. Um impulso idiota e bobo que se ele não esquecesse no dia seguinte, me renderia muita dor de cabeça.

Eu cuspi em sua cara. Ele me soltou limpou o rosto, fervendo de ódio.

-Sua filha da... -Ele não conseguiu terminar a frase. -Caralho, Anne! Essa porra vai ter volta. -Ele secou a mão na calça. -Se eu fosse você passaria a dormir de olho aberto.

Senti um arrepio na espinha com aquela ameaça e foi o suficiente para eu sair dali correndo. Lembrei de pegar a bandeja no chão, não queria que restasse provas que me ligassem ao ocorrido quando alguém o achasse, ainda tinha esperança de que ele esquecesse disso amanhã.

Tinha esquecido que a Liara dormiria na minha casa e fui embora da festa sem dar nenhuma satisfação, estava triste, irritada e muito cansada.

-Anne! -Ouvi a voz da Liara vindo de algum lugar atrás de mim.

Limpei as lágrimas o mais rápido possível, mas não acho que minha cara ficou muito apresentável depois disso.

-O que aconteceu? -O Caíque perguntou.

Ele tinha um resto de batom na boca na cor do da Liara e soube que os dois ficaram. Fiquei feliz pelos dois, mesmo em meio a tanta tristeza.

-Nada não. -Não queria falar na frente do Caíque, estava morrendo de vergonha e só queria me esconder na minha cama.

-Pode confiar em mim. -Ele disse tirando a tiara do meu cabelo e eu dei um sorriso.

-Vem, eu conto. -Levei os dois para um lugar que eu costumava ir. Sabe aquelas árvores de filme que a principal senta embaixo e lê um livro? Então, tinha uma na casa do Bernardo e eu costumava ir lá de madrugada, quando não conseguia dormir.

-O que aquele pentelho fez dessa vez? -A Liara estava com raiva.

Eu contei o que aconteceu e senti que eles tentaram esconder o receio do Bernardo lembrar amanhã. Eles me disseram palavras de apoio, mas não tínhamos como ter certeza do que ele lembraria ou não.

-Mas vamos falar de algo mais interessante que minha vida? -Respirei fundo, sentindo o cheiro da grama invadir meu nariz. -Me diz por que seu batom está na boca do Caíque. -Olhei para a Liara que corou.

-Ué, nos beijamos, não é óbvio? -Ela respondeu de uma forma engraçada e o Caíque riu.

-São tão fofinhos juntos. -Falei empolgada, seria legal se os dois namorassem, mas não falei isso, eles me chamariam de emocionada (mal começou a ficar e já quer namorar).

-Não estamos juntos. -Falaram ao mesmo tempo e nós três rimos.

-Só ficamos. -Liara falou. -Você sabe que eu adoro beijar um novato.

O Caíque não se importou.

-Eu preciso te explanar para o Caíque! -A Liara percebeu o que eu iria contar e tentou tapar a minha boca.

-Conta! -O Caíque quis saber a fofoca.

Ele segurou a Liara impedindo-a de chegar a mim.

De repente tudo mudouOnde histórias criam vida. Descubra agora