De repente tudo mudou

117.

-Estou apaixonado, Anne. -Ele me envolveu em seus braços, me puxando para cima do seu corpo e me olhou nos olhos. -Me deixa ser um homem apaixonado em paz.

Sentir seu corpo embaixo do meu foi uma sensação que estremeceu cada pedaço do meu corpo. Apesar de estar há um tempo sem malhar, ele estava em forma e sentia seus músculos sob meu corpo.

-Agora vai ficar fazendo declarações para mim de cinco em cinco segundos? -Impliquei, mas não consegui conter o sorriso que escapou dos meus lábios. Ele sorriu em resposta e eu fiquei com uma vontade absurda de beijá-lo.

-Eu não sou meloso nesse nível. -Ele me deu um selinho, mas eu queria mais que isso. Forcei minha língua contra sua boca e ele abriu os lábios. Beijá-lo estava se tornando meu mais novo vício. Senti sua respiração mudar e seu corpo responder aos meus beijos. Ele percorreu com suas mãos pelas minhas costas e me puxou, fazendo com que nos corpos ficassem mais grudados. Remexi meu corpo em cima dele. Ele deixou escapar um suspiro e eu abri um sorriso.

-Anne. -Ele sussurrou meu nome com nossos lábios ainda colados. Ele me afastou um pouco dele e eu saí de cima dele.

Ele virou de lado para me olhar.

-Eu não vou apressar as coisas com você. -Ele acariciou meu rosto. -Eu descobri que o meu mais novo vício é te beijar, mas preciso que confie em mim. -Ele me deu um selinho.

-Eu vou fazer você confiar em mim. -Ele sussurrou contra os meus lábios. -Por hora, eu aceito maratonar Harry Potter com você deitada no meu peito. -Ele sorriu, arrancando um sorriso meu também.

Aconcheguei-me em seu peito e ele ficou fazendo cafuné no meu cabelo enquanto víamos o filme.

Em algum momento eu acabei pegando no sono e só fui acordar com o despertador estratégico que eu coloquei, sabendo que isso ia acontecer. Não que eu não quisesse ficar ali nos braços do Bernardo, mas se eu não voltasse para casa, eu ouviria muito dos meus pais e daria mais motivos para a Flávia ficar sorrindo pelos cantos.

-Você precisa mesmo ir? -O Bernardo perguntou com voz de sono, me trazendo mais contra o seu corpo com um abraço. Não foi só eu quem pegou no sono.

-Sim, eu preciso ir. -Acariciei seu braço por um tempo e o tirei em seguida. Não queria sair dali eu, verdadeiramente, queria passar a noite com o Bernardo. Queria dormir em seus braços e só acordar no dia seguinte, mas não podemos ter tudo que queremos.

-Eu te levo na porta. -Ele levantou em um pulo só. Que disposição para quem acabou de acordar.

-Não precisa, Bê. -Levantei em seguida, bem grogue de sono e ele estava me encarando com um sorriso no rosto. -O que foi?

-Bê? -Ele perguntou todo bobo e meu coração amoleceu com sua carinha. -Você ainda não tinha me chamado por um apelido.

Dei a volta na cama e passei meus braços em volta do seu pescoço.

-Eu gosto de te chamar pelo seu nome. -Dei um selinho nele. -Bernardo. -Dei outro.

-Eu amo como meu nome soa na sua voz, mas ver você amolecendo e me dando espaço no seu coração também é uma coisa muito encantadora. -Ele me segurou pela cintura, dando vários beijos no meu rosto.

-Tem algo que você não goste em mim? -Perguntei rindo.

-A sola do seu pé? -Ele se afastou, rindo.

-Eu tenho uma sola do pé bem encantadora, ok? -Respondi rindo.

-Tudo bem, senhora sola do pé bonito. Eu vou te levar na porta, porque não quero que seus pais encrenquem de você vir aqui.

Quando saí a Flávia não estava mais na sala, mas meus pais estavam e eles olharam para mim assim que passei pela porta.

-Já estava ficando preocupada. -Minha mãe falou voltando a olhar para a televisão.

-Comigo na casa ao lado? Dentro do mesmo terreno? Com portão trancado? -Perguntei rindo e sentei entre meus pais.

-Por que tão tarde, filha? -Meu pai perguntou olhando para a televisão. Sem chance deu contar que fiquei com o Bernardo para o meu pai. Para minha mãe? Talvez. Para o meu pai? Sem chance.

-Estávamos vendo Harry Potter. -Deitados na mesma cama e nos beijando de vez em quando.

-Vocês não cansam desse tal de Harry Potter?