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-Bom, mãe, estou indo. -Peguei minha mochila no sofá. -Vou dormir na casa da Liara hoje, mas se acontecer algum imprevisto só ligar que venho para casa.

-Pode deixar, filha. Mas acho que não será necessário. -Ela saiu da cozinha e veio me dar um abraço. 

-Manda um beijão para o papai e para o Cae. -Saí de casa.

Levei o tempo da porta da minha casa até o portão da rua para decidir que iria a pé para a Liara. Marcamos de estudar no fim da tarde e ainda não eram nem três horas. Peguei o celular para avisar que já estava indo, quando esbarrei em alguém. 

-Ei, olha por onde anda! -Era a voz do Giovanni. -Ah, é você!

-Boa tarde, Giovanni. -Tentei ser uma pessoa civilizada, esperando que ele fosse me ignorar e seguir seu caminho.

-Estava muito melhor antes de olhar para essa sua cara assustadora.

-Tudo bem. -Desviei dele, pronta para seguir o meu caminho. Dei alguns passos e parei, só não perguntem porque, já que eu não faço ideia do porque fiz o que fiz. -Posso te dar um conselho? -Virei para ele e isso o fez parar.

-Um conselho? -Ele começou a rir. -Seu? -Ele apontou para mim. -Dispenso. 

Bufei. Não sei porque eu ainda tento ser legal com esse povo. Quero mais que se danem!

Virei de costas para ele e voltei a caminhar para longe. 

-Ei. -Ele me chamou, mas eu não me dei o trabalho nem de parar de andar. -Anne! 

Ele sabe mesmo o meu nome? Bom, eu sei que sabe, mas foi estranho ouvir as quatro letrinhas saírem de sua boca. 

Parei e virei para ele.

-Qual conselho? -Ele perguntou entre dentes, mas não me importei. 

-Não fala mal de mim para o Bernardo. -Ele arregalou os olhos, curioso. -Ele não lembra de absolutamente nada e, mesmo que eu tenha evitado muito entrar em contato com ele... Acredite, eu tentei de verdade... Não deu. Ele meio que gosta de mim e não acho que você vai conquistar a confiança dele falando mal da pessoa que esteve ao seu lado essa semana.

-Ele não vai precisar mais de você, eu estou aqui agora. -Revirei os olhos.

-Como quiser, Giovanni... Só espero que não enalteça aquele povo que você chama de amigo lá da escola, pois ninguém se deu o trabalho de ligar para saber dele, além de você.

-Eles mandaram mensagem...

-Ah, incrível! Seu amigo quase morre e a única coisa que você faz para tentar contato é mandar uma mensagem? Pelo menos você não é tão babaca quanto o resto de vocês. -Mesmo com a ofensa a sua pessoa, ele não discordou. Eu sabia que ele estava chateado com o povo não ter dado a mínima, pois se não deram para o Bernardo que quase morreu, para o Giovanni que só fraturou uns ossos que não dariam. 

-Vou tentar não falar mal de você. 

-Tente não falar mal de ninguém, ele está assustadoramente educado. -Virei de costas sem esperar uma resposta do Giovanni. Eu não queria que o Bernardo odiasse o único amigo, pois se ele gostar do Giovanni, aumentam as minhas chances de não ter que passar minhas tardes ao seu lado. 

De repente tudo mudouOnde histórias criam vida. Descubra agora