76.

676 41 0
                                    


A louca dos filmes é a Liara, mas não precisa ser nenhum cinéfilo como a Liara ou o Cisco Ramon para entender o que ele falou.

Seus olhos se desviaram dos meus e encararam um brinquedo atrás de mim, sem que eu precisassem me virar eu sabia qual era a...

Roda gigante.

Devo admitir que o jeito que ele perguntou se eu queria ficar com ele foi fofo e eu vou dar um bônus pela criatividade.

Ponderei a ideia, o que já mostra que as coisas não começaram bem. Quem pondera a ideia de ficar ou não com alguém? Sabe, ou a gente quer ou a gente não quer. Agora, pensar prós e contras de ficar com uma pessoa é metódico demais até para mim.

Embora esteja uma luta interna na minha mente sobre se é certo ou não ponderar a ideia de ficar com alguém, era exatamente o que eu estava fazendo. O Diego é gato, divertido e é uma pessoa muito agradável de ficar perto. Contudo ele é uma pessoa que vai conviver comigo e pode ser que isso não acabe bem.

Ele viu que eu demorei a responder e chegou perto de mim por trás.

-Eu prometo não me apaixonar por você. -Suas palavras na minha nuca, fizeram os pelos do meu corpo se arrepiarem. -Nem deixar um clima estranho na escola.

-Virei-me para ele.

-Promete mesmo? -Ele assentiu com firmeza.

Sendo assim....

Ele é bem gato.

-Vamos! -Segurei sua mão. -Mas para ser bem clichê o ursinho tem que ficar entre a gente.

Ele riu.

De todas as filas, essa foi a que mais demorou. Esperamos pacientemente, conversando sobre quais foram nossos brinquedos preferidos da noite. Quando chegou nossa vez, o Diego sentou primeiro com o ursinho verde gigante e eu sentei ao seu lado.

-Eu gostei muito de passar essa noite com você. -Ele falou. -Você é a pessoa mais legal que eu conheci recentemente

-Também gostei de estar com você essa noite. -A roda gigante começou a rodar. -Ajudou a esquecer um pouco os estudos e a pressão do fim do ano.

-E você... -Ele chegou mais perto. -Me ajudou a esquecer um pouco da tristeza.

Ele deu um sorriso carregado de dor e agradecimento.

-Não tem outra forma que eu... -Ele colocou a mão direita no meu rosto e o acariciou. Fechei os olhos com o seu toque -Queira terminar a noite, se não com... -Ele aproximou seu rosto do meu e eu o ajudei a encurtar o caminho aproximando-me também.

Selamos nossos lábios bem no momento que a paramos no topo da roda gigante.

Apesar de ter todo aquele cenário perfeito de um filme e ter um urso gigante entre nós dois, não foi um beijo de sair faíscas ou dar borboletas no estômago. Foi um beijo bom, nossas línguas faziam uma dança sincronizada na boca um do outro e ele tinha gosto de bala de menta.

Terminamos o beijo com um selinho.

Afastamos nossos corpos devagar, processando o beijo que tinha acabado de acontecer.

-Isso foi... -Ele começou a falar com uma voz pensativa e, de alguma forma, eu sabia que ele tinha sentido o mesmo que eu.

-Estranho? -Concluí sua frase inacabada.

Ele me olhou.

-Sim. -Respirei aliviada por ele pensar igual a mim. Já pensou ele completa a frase com "o melhor beijo da minha vida"? Meu deus, eu morreria de vergonha!

Nós rimos.

-Existem pessoas que não precisam nem serem colocadas na "friend zone", pois elas já nasceram para ficar lá.

-Amigos? -Perguntei.

-Amigos. -Ficamos em silêncio para observar a vista que o topo da roda gigante nos oferecia. Não tem cidade que fique feia à noite. As luzes das casas iluminando o horizonte é sempre bonito de se ver. É claro que se alguém do interior me escuta falando algo assim, vai achar a coisa mais absurda do mundo, afinal, eles sabem o que é não precisar de luzes para iluminar as ruas o tempo inteiro. Eles tem o brilho das estrelas que, infelizmente, cansaram de aparecer nas cidades... Ou melhor, tiveram seu brilho ofuscado pela poluição.

De repente tudo mudouOnde histórias criam vida. Descubra agora