-Meninas... -A mãe da Liara, Adriana, entrou no quarto acendendo a luz, sua voz não era uma das melhores. -Acordem.
Ela tirou o edredom de cima da gente e eu já despertei preocupada.
-O que foi, tia? -Muitos anos de amizade transforma mãe de amiga em tia.
-É o Bernardo. -Sentei na cama coçando os olhos.
-O que eu tenho a ver com o que acontece na vida daquele panaca? -A Liara perguntou colocando o travesseiro na cara.
-Parece que ele sofreu um acidente de carro com os amigos e foi para o hospital. A sua mãe me ligou pedindo para você ir dar apoio a Flávia no hospital. Parece que quando ela estava saindo de casa seu irmão teve um crise e ela decidiu ficar.
-Claro. -Levantei da cama em um pulo. São tantas preocupações que eu fiquei um pouco desestabilizada. O Cae tendo uma crise, o Bernardo que estava claramente bêbado quando discutiu comigo em um acidente e a Flávia que deve estar desesperada. -Vou pegar uma roupa sua, Liara. -Corri para o seu armário.
-O Júlio vai te levar ao hospital. Ele já está no carro te esperando.
-Eu vou também. -A Liara levantou e foi colocar uma roupa.
Não tinha ideia da hora, porque a minha mãe não tinha ligado para o meu telefone ou como o Bernardo se enfiou em um acidente de carro, eu só sabia que tinha que chegar o mais rápido possível no hospital. A Flávia pode ser muito forte, mas não é bom ficar sozinha em um hospital sem saber do filho e sobre o Hugo, o pai do Bernardo, só deus sabe se vai aparecer para ver o filho.
-Tem noticia deles? -Perguntei enquanto descíamos a escada e de lá já dava para ouvir o barulho do carro.
-Não, sua mãe disse que ele foi direto para o centro cirúrgico.
-Centro cirúrgico?
Meu deus...
Eu e a Liara apertamos o passo mais ainda e ela abriu a porta... Estava amanhecendo, deveria ser umas cinco horas.
-Mandem notícias. -A Adriana gritou e a Liara concordou.
Entramos no carro e o pai da Liara acelerou parecendo que tinha alguém passando mal dentro do nosso carro. Não teve conversa ou música, fomos no perfeito silêncio olhando a rua e as pessoas que iam, provavelmente, para seus empregos ou para a praia e as que voltavam da noitada. Levamos muito pouco tempo para estar na entrada do hospital.
Agradecemos e saímos do carro.
-O Caíque deve estar aqui também. -Assenti com a observação da Liara.
-Vai falar com ele, eu vou ver a mãe do Bernardo. -Ela concordou e entramos na emergência. Logo de cara notei a Flávia, ela estava sentada em um banco, tapando o rosto com as mãos e ninguém estava ali para consolá-la. Avistei, também, o Caíque e dois adultos que julguei ser a mãe dele e o pai do Giovanni. Tinham outras pessoas ali, mas não as reconheci.
-Flávia! -Falei indo até ela. A Flávia levantou e me abraçou feliz por alguém ter chegado para segurar aquela barra com ela.
Ela desmanchou em cima de mim e eu tive que usar todas as minhas forças para não deixá-la cair. Senti meu ombro ficar molhado com suas lágrimas. Eu não tinha ideia do que dizer nessa situação, então fiz o óbvio.
-Como ele está? Tem alguma notícia? -Ajudei a Flávia a sentar e sentei ao seu lado.
Ela negou com a cabeça.
-Quando cheguei falaram que ele tinha entrado em uma cirurgia? -Meu deus...
Como a vida pode ser imprevisível, né? Há umas horas atrás estávamos em uma boate e, bom, ele parecia estar se divertindo com os amigos dele, assim como eu estava com os meus e agora... Ele está em cima de uma maca sendo operado em alguma parte do corpo que eu não sei se tenho coragem de perguntar nem sei se a Flávia tem estrutura para contar ou mesmo se ela sabe. Não tenho ideia do que aconteceu, se o Uber bateu ou se algum deles achou estar bom o suficiente para dirigir um carro. Seja qual for a resposta, eu espero do fundo do meu coração que o Bernardo, e seus amigos, fiquem bem logo.
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De repente tudo mudou
RomanceAnne é uma menina inteligente, amiga e dedicada que dá duro para conseguir ajudar os pais a cuidar do seu irmão mais novo. Ela, com a sua família, mora na casa da família Soares, onde vive Bernardo, um garoto mimado, sem noção e que não dá valor as...