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-Jéssica Carvalho! -A Liara sussurrou no meu ouvido durante a aula. 

Eu havia pedido a ajuda dela para fazer a lista com os nomes para o Bernardo, o que foi ótimo, pois ela lembrou muito mais nome do que eu. Anotei o nome que ela disse e como ela era da nossa turma eu tinha o seu telefone, o qual também anotei. 

Ao término da aula, a lista tinha 68 nomes! Pode parecer que acabou, mas toda hora lembramos de alguém.

-Ruan Santos.

-Giovana Pimenta. 

Eu e ela falamos ao mesmo tempo. Seria cômico se não fosse sério. 

-Se lembrar de mais alguém, me manda mensagem. -Ela assentiu e eu saí da escola com o Diego. 

-Que lista é essa? -O Diego perguntou curioso, enquanto caminhávamos.

-O meu vizinho que perdeu a memória decidiu pedir desculpa para todo mundo que ele ofendeu. 

-Bernardo? -Assenti. -Já ouvi falar dele. Ele é amado na mesma proporção que é odiado. 

-Ele era uma pessoa bem babaca.

-Agora ele está legal? -Assenti.

-Chega a ser assustador.

-Dá para imaginar. 

-Mas chega de falar dele. Está se adaptando a escola nova? 

Ficamos conversando sobre assuntos aleatórios até chegar na escola do meu irmão.

-Diego, hoje, e quinta, a gente não continua o caminho. Eu levo o meu irmão a terapeuta. 

-Tudo bem. -Ele ajeitou a mochila nas costas. -Até amanhã.

Ele estendeu a mão para o meu irmão que, por sua vez, bateu. 

Depois de nos despedirmos, fomos para a terapia. Assim que meu irmãozinho entrou para a consulta eu peguei meu celular e mandei a lista para o Bernardo. 

"Segue os nomes e os contatos. Alguns ainda não consegui, mas assim que der, eu te mando"

A resposta veio logo em seguida.

"Obrigado, Anne."

Não tinha mais nada para falar com o Bernardo, então guardei o celular e aproveitei as duas horas para estudar, assim quando chegasse em casa só teria que fazer exercícios e ficaria livre para não fazer nada. Agora que eu não preciso mais ir ver o Bernardo, eu volto a ter tempo livre e tempo para brincar com meu irmãozinho. 


O resto da semana passou voando e, como eu havia comentado, fiquei com muito tempo livre, o que me permitiu aumentar um pouco a minha rotina de estudos sem comprometer o meu lazer. 

Admito que, em alguns raros momentos, eu senti falta de ir ver filme com o Bernardo, mas não me permitia pensar muito nisso. Pensar que eu senti falta de alguém que me fez tão mal era estranho, então não alimentava esses pensamentos. Pensamento que não fica a luz da consciência, não tem força. 


De repente tudo mudouOnde histórias criam vida. Descubra agora