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-Eu estraguei o seu, nada mais justo que eu te dar um novo. 

-Um notebook? -Virei-me para ele. -Eu não posso aceitar.

-Sim, você pode. -Neguei com a cabeça. -Para de ser tão boa, Anne, e deixa eu consertar pelo menos uma das merdas que eu causei na sua vida. 

Dei uma risada e assenti.

-Só que esse é muito melhor do que eu tinha.

-Mas é muito menos do que você merece. -Ele olhou no fundo dos meus olhos e eu fiquei arrepiada. 

-Obrigada. -Dei-lhe um abraço. Sentir o meu corpo colado com o do Bernardo me passou uma sensação boa... Uma sensação que eu não sei explicar nem quero pensar sobre como eu a descreveria. 

Voltei a olhar para o meu presente. Sentei na cadeira e abri a caixa do notebook, tirando-o lá de dentro. 

-Nossa, ele é lindo. -Olhei para o Bernardo. -Você sabe instalar antivírus? Internet? Essas coisas?

Ele assentiu sorrindo. 

-Será que você pode me ajudar? Eu não entendo muito dessas coisas. 

-Com o maior prazer. Posso te ajudar depois do café se você estiver disponível. 

Assenti. 

Nesse momento, minha mãe e a Flávia entraram na sala. Levantei da cadeira e fui dar um abraço na Flávia em agradecimento, pois  sabia que foi ela quem pagou.

-Não me agradeça, Anne. Eu não tinha ideia que ele tinha... -Ela falou baixo em meu ouvido.

-Deixa para lá. -A interrompi e ela assentiu.

-Nossa, esse notebook é muito bonito. -Minha mãe falou. 

-Eu também achei. 

Conversamos um pouco sobre meu notebook novo, mas como todos queria logo partir para o café da manhã, ele logo ficou de lado. Nós quatro sentamos a mesa e comemos. O Bernardo comeu um pouco de tudo, parecia que não comia há anos, mas eu entendo.... A minha mãe cozinha muito bem. 

-Márcia! Esse seu pão está maravilhoso! -O Bernardo falou de boca cheia.

Minha mãe riu sem graça. Ela fica toda boba quando elogiam sua comida. 

-O bolo também está magnífico. -A Flávia falou.

-Obrigada! -Ela bebeu um gole de café.

Mais alguns minutos de comilança e logo todos nós estávamos cheios. Conversamos um pouco mais, até a Flávia chamar a minha mãe para conversar em particular. As duas foram para a casa da Flávia, deixando-me com o Bernardo e o meu irmãozinho.

-Pode me ajudar agora? -Perguntei empolgada e ele assentiu sorrindo.

Peguei o notebook novinho, voltei para a mesa onde acabamos de tomar café da manhã e o liguei virado para o Bernardo. 

-Eu não vou mexer. -O olhei sem entender. -Você que vai. -Ele virou o computador para mim.

-E se eu fizer algo errado?

-Eu estou aqui para garantir que isso não vai acontecer.

Assim que o computador ligou, ele me disse tudo que eu precisava fazer. Conectei ao meu e-mail, baixei antivírus, atualizei drive, baixei um navegador bom e até uns joguinhos para passar o tempo. É óbvio que sem a ajuda d Bernardo isso teria sido impossível, pois eu nem sabia que drive tinha que atualizar e que tem milhões de navegadores melhores que o Chrome.

Não sei quanto tempo exatamente levamos para fazer tudo aquilo, mas sei que não foi tempo suficiente para minha mãe e a Flávia terminarem de conversar. Estava curiosa.

-Você sabe o que nossas mães estão conversando? -Não custava nada perguntar.

-Sei. -Ele deu de ombros, fazendo uma cara de convencido. 

-Me conta!

-Não. -Ele disse rindo.

-Por favor! 

-Não. É uma coisa que a sua mãe vai te contar, mas fica tranquila que é algo bom. Algo muito bom.

O Bernardo falar era bom tirava toda a preocupação de mim, mas me deixava ainda mais ansiosa para saber o que as duas estavam conversando. 

Ele me olhou estranho e deu para ver pela sua cara que ele queria me contar alguma coisa.

-O que foi? -Minha curiosidade pela vida das nossas mães diminuiu um pouco.

Ele me olhou com um olhar de quem não sabe se vai dizer o que está pensando ou se vai guardar para si.

-Ei. Você pode me contar o que está passando pela sua cabeça. 

-Sabe... -Ele olhou para a janela, com um olhar distante. -Eu sei que falei que ficaria longe de você, mas eu não consigo. -Ele voltou a me olhar. 








De repente tudo mudouOnde histórias criam vida. Descubra agora