109.

327 16 3
                                    


Não sei quanto tempo nós quatro ficamos ali: eu ao lado do Bernardo e a Liara e o Giovanni ao fundo nos olhando. Mas em um dado momento o Giovanni se aproximou segurando a chave de um carro.

-Eu vou levá-lo para casa. -O Bernardo não se mexeu, continuou deitado no meu colo. 

-Vou com ele. -Falei. -Bê, por favor, levanta. Vamos para casa. -Falei mexendo em seu cabelo e ele levantou.

Seus olhos estavam vermelhos e seu rosto inchado. Ele olhou para o Giovanni e para mim, mas não disse nada. Levantou e esperou o Giovanni andar para segui-lo. Acenei um "tchau" para a Liara e os acompanhei. 

Entramos no carro e o único som que escutávamos eram as fungadas do Bernardo. Assim que chegamos, o Bernardo desceu e foi em direção a sua casa sem falar nada. Abri a porta para sair.

-Me manda notícias. -Forcei um sorriso e assenti. Caminhei até a casa do Bernardo. 

Assim que entrei, vi a Flávia com uma cara de assustada e o Bernardo deitado no sofá.

-Meu filho, me conta o que aconteceu. -Ela estava agachada na frente do sofá fazendo carinho no rosto do filho. 

-Pede para ela conta. -Ele foi ríspido. -Parece que todo mundo estava me escondendo isso. -A Flávia me olhou e eu forcei um sorriso. Ela já sabia o que era, pois era verdade. Estávamos escondendo isso dele. Todos nós.

-A gente ia te contar, meu amor. Só estávamos esperando o mo...

-Momento certo? -Ele deu uma risada ácida. -Não há momento certo para falar que eu matei um bebê! -Ele praticamente gritou. 

Caminhei até a cozinha e enchi dois copos de água, enquanto a Flávia conversava com o Bernardo. Levei até eles. Entreguei um para ela, que agradeceu  e o do Bernardo deixei em cima da mesa ao lado do sofá. 

-Vou para o meu quarto, preciso ficar sozinho. -Ele levantou e saiu andando. 

A Flávia sentou no sofá e eu sentei ao seu lado.

-Você pode me explicar o que aconteceu? -Ele me olhou segurando a cabeça com as mãos. 

Contei como a Lavínia apareceu no casamento e soltou essa história em cima dele na frente de todo mundo e falei também em como ele ficou arrasado na hora. Bom, essa parte do arrasado era nítida. Comentei, também, que o Giovanni tinha dito que ela não se importou nem um pouco em ter perdido o bebê e que estava fazendo aquilo como uma forma de, sei lá, prender /controlar o Bernardo.

-Ele estava indo tão bem! Estava pronto para voltar a escola. -Ela se lamentou. -Essa garota é uma filha da puta. -Ela me olhou. -Ai meu deus, desculpa pelo palavrão. 

-Não se preocupe com isso. -Dava para ver em seu rosto como ela estava aflita e querendo conversar, mas tinha uma pessoa melhor para ela desabafar. -Quer que eu chame a minha mãe? Estou vendo que precisa dela aqui. -Forcei um sorriso. 

Ela sorriu de volta. 

-Seria ótimo. -Levantei do sofá.

-Eu vou lá então. Amanhã eu passo aqui para tentar falar com o Bernardo. 

-Por favor. -Ela assentiu. -Ele precisa dos amigos, agora mais do que nunca. 

-Pode deixar. 

Saí de sua casa.

De repente tudo mudouOnde histórias criam vida. Descubra agora