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Depois de alguns filmes, a Flávia bateu na porta nos chamando para almoçar. O Bernardo falou que estava sem fome, mas acabou sentando a mesa, já que meus pais também vieram com o Cae. 

-Boa tarde, Bernardo. -Minha mãe o cumprimentou com um sorriso torto e um abraço, o qual ele retribuiu. 

Sentamos a mesa e meu irmão por livre espontânea vontade se sentou ao lado do Bernardo. Ele me olhou com os olhos arregalados e deixou escapar um sorriso lindo. Ele está conseguindo amolecer o coração do Cae. Isso é tão estranho.  O Bernardo estendeu a mão para o meu irmão bater, mas ele ignorou.

-É, um passo de cada vez. -Ele falou em voz alta. Não foi um almoço que rendeu altas conversas, mas falamos um pouco sobre o restaurante das nossas mães que, nesse momento, já está em obra e a previsão é abrir no mês que vem. Elas já decidiram o cardápio, o nome e todas as outras burocracias. Estamos todos muito empolgados para a sua abertura. Acredito que esse novo empreendimento vai ser muito bom para a minha família, pois vamos conseguir pagar um plano para o meu irmão e poderemos até sair mais. 

Depois de comermos, meu irmão quis ir para a piscina e eu e o Bernardo nos disponibilizamos para ficar de olho nele. Meus pais e a Flávia continuaram conversando na sala de jantar. 

-Você sabe do meu pai? -O Bernardo me perguntou, olhando para a água da piscina. Por que ele fica me perguntando essas coisas?

Suspirei.

-Sim, Bernardo. Eu sei, mas...

-Não é um segredo seu, eu entendo... -Ele me olhou e eu forcei um sorriso. -Vale a pena eu perguntar sobre ele para minha mãe?

Lembrei de como ele saiu de casa sem nem pensar nos dois. Como foi fácil para o Hugo trocar a Flávia por outra mulher e começar outra família como se eles não existissem e como se fossem substituíveis.

-Não. Mas... 

-Mas? -Ele perguntou assim que eu travei. Eu não deveria me meter nesse assunto, mas...

-Acho que deveria convencer a sua mãe a pedir o divórcio dele.

Ele me olhou com os olhos arregalados.

-Como assim eles ainda são casados? Eu achei que eles fossem separados. Há quanto tempo ele não é mais presente?

-Muito tempo, mas... - Suspirei. - Fala com sua mãe, tá? Não me coloca em saia justa. Eu nem deveria ter falado isso. 

Esse assentiu e voltou a ficar quieto.

-Dá para ouvir sua cabeça trabalhando daqui... Está pensando em que?

-Em muitas coisas, Anne. -Ele estava encarando o horizonte, mergulhado em seus pensamentos. Não parecia muito a fim de conversar, então peguei meu celular e fiquei jogando. 



De repente tudo mudouOnde histórias criam vida. Descubra agora